Reeditado pelo projeto Rocinante Três Selos, álbum de 1976 demonstra a energia e a paixão de um dos grandes nomes da música brasileira
por Rodrigo Tammaro Publicado em 28/08/2024, às 16h37
Alceu Valença lançou o energético álbum Vivo! em 1976. Naquela época, os discos registrados ao vivo ainda eram incomuns no Brasil. O artista trouxe o repertório de uma performance intensa, explosiva e contestadora, apresentando a música contemporânea de Pernambuco para o resto do mundo.
Agora, os fãs do cantor e compositor podem encontrar uma reedição especial do icônico álbum. A nova versão do LP é assinada pela Rocinante Três Selos e já está disponível no site do projeto.
Nesta edição, Vivo! retorna em vinil preto 180g, com capa dupla, pôster e um encarte que inclui as letras das músicas, além de um texto exclusivo de Bento Araujo, jornalista e autor da série de livros Lindo Sonho Delirante.
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O álbum continua a ser um testemunho da energia indomável e da paixão de Alceu Valença, um artista que não só vive intensamente o seu tempo, mas também o moldou com sua arte.
A energia da Alceu Valença transborda em cada faixa do disco. A introdução circense, embalada em viola, flauta, percussão e guitarra estão na abertura de “O casamento da raposa com o rouxinol”. O encerramento do lado A é com “Você pensa”, o momento mais pesado, agressivo e fugaz.
O lado B começa com um intenso pot-pourri contendo “Punhal de prata”, “O medo”, “Quanto é grande o autor da natureza”, “Cabelos longos” e “Índio quer apito”.
Outro destaque é “Pontos cardeais”, momento em que o artista canta metáforas que vão de encontro ao que o parceiro Geraldo Azevedo passou nos porões da Ditadura.
A lembrança do amigo volta na canção seguinte, “Papagaio do futuro”, com Alceu comentando que a música foi defendida no Festival Internacional da Canção de 1972, por ele, Geraldo Azevedo e Jackson do Pandeiro.
Geraldinho também ocupa um lugar especial na mística de Vivo!. Gravado durante a última apresentação do espetáculo “Vou Danado pra Catende”, no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1975, o show foi marcado por um momento de tensão: nos bastidores, antes de subir ao palco, Alceu foi informado da prisão de seu parceiro pela repressão militar.
No Jornal do Brasil, Alceu Valença falou sobre o estilo de seu show:
Quem vier assistir não verá um concerto onde eu sou a figura central. Direção existe, mas é aberta, elástica. Sou o palhaço ou o bobo da corte, às vezes domador. Posso divertir o público ou irritá-lo. Não vou permitir de modo algum que façam do meu sotaque um subproduto. Minha música tem som universal com vivência nordestina."
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