Em show feito em Porto Alegre na última sexta, 14, Seu Jorge foi alvo de ataques com ofensas e gestos racistas
Redação Publicado em 17/10/2022, às 15h56
Lamentavelmente, um dos grandes nomes da música brasileira atualmente, Seu Jorge, sofreu ataques com ofensas e gestos racistas durante show em Porto Alegre, Grande do Sul, na última sexta, 14. No momento, o artista discursava contra a redução da maioridade penal, além de defender jovens negros moradores de comunidades pobres.
Além dos gritos de "vagabundo" e "safado," parte da plateia da apresentação que aconteceu no Grêmio Náutico União imitou gestos e sons de macacos, segundo relatos do público. Espectadores também mencionaram gritos de "mito, mito," em apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro.
Ontem à noite, Seu Jorge fez show em jantar de reinauguração de um dos espaços do Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. Segue o relato de mais um caso isolado do Mississipi brasileiro: pic.twitter.com/T8ddtMDXQn
— Viaro🚩 (@Prof_Viaro) October 15, 2022
Infelizmente, essa não foi a primeira vez na qual um artista brasileiro sofreu ataques de racistas durante algum show. Um dos casos que mais repercutiu foi com Carlinhos Brown durante um dos maiores festivais do Brasil, em 2001. Relembre abaixo:
Responsável por se apresentar no palco do festival antes de grandes nomes do rock, como Papa Roach, Oasis e Guns N' Roses, Carlinhos Brown precisou enfrentar a ira dos roqueiros, em 14 de janeiro de 2001. Durante o grande hit do músico, "A Namorada," o icônico músico desceu perto do público e foi agredido com uma "chuva" de garrafas plásticas, além de receber vaias, xingamentos e dedos do meio levantados.
Eu só jogo amor, não jogo nada em ninguém. Podem jogar o que vocês quiserem porque eu sou da paz e nada me atinge," Brown no microfone.
Antes de deixar o palco, visivelmente incomodado com a situação, discursou: "Vocês que gostam de rock, vocês têm muito o que aprender na vida. Tem que aprender a respeitar o ser humano, dizer não à violência e a dizer sim ao amor. Acreditem na vida. Agora, o dedinho pode enfiar no traseiro."
Durante entrevista à Rolling Stone Brasil, Carlinhos Brown relembrou os ataques. "Os choques. Guanabara choca. A imagem do índio ainda choca. Guardar heranças e fazer sobreviver raízes é uma atitude de forte expressividade. Manter-se atento para escutar além das fronteiras, cuidar da Natureza abundante, lutar a favor dela e contra as desertificações, às secas, tudo isso é expressividade rockeira, atitude," disse.
À Folha de S.Paulo, o também integrante dos Tribalistas fez uma reflexão sobre o ocorrido: "Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese [daquele episódio]. E dentro do cancelamento tem tudo. Tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música."
Em julho de 2016, Nego do Borel foi atacado verbalmente, com xingamentos racistas e homofóbicos, por um homem em uma boate no Rio de Janeiro. Irritado com a situação, o cantor foi em direção ao preconceituoso. Então, os seguranças levaram o artista para o camarim após a confusão.
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Depois da polêmica, Nego do Borel pediu desculpas aos fãs. Alguns dias depois, ele desabafou durante outro show (via EGO): "Tenho orgulho de ser preto, funkeiro e favelado."
No mesmo festival no qual Carlinhos Brown foi atacado pelo público, mas em 2022, Ludmilla relembrou casos de racismo que sofreu ao longo da carreira. Isso aconteceu antes da performance de "Rainha da Favela," quando ela aproveitou para exibir, no telão do palco, algumas reportagens que denunciavam casos de racismo.
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