- Alice Cooper (Foto: Getty Images)
Rock

Alice Cooper admite que já sabia que Jim Morrison morreria cedo

Lenda do shock rock refletiu sobre o falecimento do vocalista do The Doors, que nos deixou em 1971, aos 27 anos de idade

Igor Miranda Publicado em 20/09/2023, às 09h00

Alice Cooper está ativo no mundo da música há mais de 50 anos. Seu primeiro álbum, Pretties for You (lançado quando seu nome artístico na verdade batizava uma banda), saiu em 1969. Isso lhe permitiu conhecer vários artistas que inclusive já não estão mais entre nós — como Jim Morrison, vocalista do The Doors que nos deixou em 1971, aos 27 anos.

Em depoimento à revista Classic Rock, Vincent Furnier, o homem por trás do alterego Alice Cooper, trouxe uma série de reflexões sobre a relação que tinha com Morrison. Inicialmente, o artista contou que conheceu Jim e seus parceiros de The Doors nos primeiros dias morando em Los Angeles.

“Quando minha banda se mudou do Arizona para Los Angeles, não conhecíamos ninguém. Uma noite tocamos em um lugar minúsculo, e a esposa de um dos integrantes do The Doors estava lá porque era amiga da mulher que comandava a casa noturna. Ela disse ao marido que éramos muito legais e diferentes de qualquer outra pessoa, então eles vieram nos ver e meio que nos colocaram sob suas asas a partir de então. Isso foi muito gentil da parte deles. Acho que eles gostaram que tivéssemos essa reputação nefasta e eram vistos como um pouco “exagerados’.”

Em seguida, Alice definiu o Doors como “a melhor banda de Los Angeles”, especialmente no palco. “Eles nunca tocaram a música ‘The End’ da mesma maneira duas vezes, mas eram tão unidos que estavam sempre na mesma frequência. Fizeram os discos mais interessantes e seu som era totalmente único”, declarou, antes de caracterizar os talentos individuais da banda:

Jim Morrison era um poeta, ninguém tocava guitarra como Robby Krieger, os teclados de Ray Manzarek eram o coração do seu som e John Densmore era um grande baterista de jazz. Nós os visitamos no [estúdio] Sunset Sound quando eles estavam fazendo Strange Days (álbum de 1967) e foi muito legal vê-los trabalhando.”

Alice Cooper, The Doors e Jim Morrison

Conforme passava mais tempo com o The Doors, Alice Cooper pôde conhecer melhor os integrantes. Especificamente a respeito de Jim Morrison, o cantor disse que “não havia uma maneira real de ser seu melhor amigo”, mas que existia uma “conexão”, pois ambos eram vocalistas e bebiam.

Robby Krieger tem uma ótima história onde estávamos abrindo o The Doors em um teatro em Portland, Oregon. Ele entra para a passagem de som, e Jim e eu estamos pendurados na varanda com uma queda de 6 metros, tendo feito uma aposta para ver quem poderia ficar lá por mais tempo. Talvez estivéssemos bêbados, mas na época pareceu uma boa ideia.”

A parte mais sentimental do relato vem na sequência. Cooper destacou que Morrison era do tipo que se sabia que viveria pouco.

“Há certas pessoas que você conhece e sabe que elas não estarão por perto para sempre, e Jim era uma dessas pessoas. O cara era um gênio — e não costumo falar essa palavra à toa por aí. Porém, ele não se tratava muito bem. Ele comia comprimidos da mesma forma que você come uma balinha. E bebia muito. Ele poderia ter morrido 100 vezes. Era um homem destemido, que corria riscos. Você estaria em uma festa e o veria parado na beira de um prédio de 90 metros de altura, equilibrando-se com uma garrafa de uísque em cada mão: aquele era um dia normal para ele.”

Reação à morte

Por fim, Alice Cooper revelou qual foi sua reação ao saber da morte de Jim Morrison. O vocalista do The Doors foi encontrado morto 3 de julho de 1971, aos 27 anos de idade, num apartamento em Paris, na França. A causa oficial foi “insuficiência cardíaca”, mas não foi feita autópsia em seu corpo. Pessoas próximas dizem que ele sofreu uma overdose de heroína.

“Para ser sincero, quando soube que Jim havia morrido em Paris, aos 27 anos, disse às pessoas que fiquei mais surpreso por ele ter chegado aos 27. Mas vou dizer o seguinte: nunca o vi fora de controle no palco ou no estúdio. Ele acreditava que era perfeitamente normal ficar chapado, desde que, quando chegasse a hora de fazer o que você faz da vida, você estivesse concentrado. Nas outras 22 horas do dia ele precisava de alguém para cuidar dele."
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