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“ESCREVIAM SOBRE SEUS PÊNIS”

As clássicas bandas que Kurt Cobain dizia não curtir devido às letras machistas

Vocalista e guitarrista do Nirvana até gostava do som, mas se incomodava com as composições desses grupos: “realmente me irritava”

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 08/02/2025, às 09h30
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Kurt Cobain, líder do Nirvana, em 1991 - Foto: Frans Schellekens / Redferns
Kurt Cobain, líder do Nirvana, em 1991 - Foto: Frans Schellekens / Redferns

Kurt Cobain já foi descrito até mesmo por Dave Grohl, seu colega de Nirvana, como “feminista”. O vocalista e guitarrista falecido aos 27 anos em 1994 seguia fielmente a cartilha do punk, gênero que buscava soar menos hedonista e, normalmente, não apostava em letras com objetificação de mulheres em comparação a grupos de outros subgêneros do rock.

Logo cedo, a formação de seu gosto musical indicou esse caminho. Fã de artistas e bandas como Stooges, Black Flag, The Clash e vários outros, ele até chegou a curtir dois grupos clássicos do rock que, em suas palavras, apresentavam composições “machistas”.

Tratam-se de Led Zeppelin e Aerosmith. Em entrevista de 1992 à Rolling Stone EUA, Cobain declarou ter se afastado naturalmente de ambos os grupos porque se incomodava com as temáticas abordadas. Ele disse:

“Embora eu já tenha ouvido Aerosmith e Led Zeppelin e tenha gostado muito de algumas melodias que eles criaram, levei muitos anos para perceber que muito daquilo ali tinha a ver com machismo. A forma como eles escreviam sobre seus próprios pênis e sobre fazer sexo.”

Contudo, levou um tempo até que Kurt compreendesse a situação. Ter acesso ao punk rock ajudou bastante nesse processo.

“Eu estava começando a entender o que realmente me irritava tanto naquilo nos últimos dois anos do ensino médio. Então, fui exposto ao punk rock e tudo se encaixou, como um quebra-cabeça. O punk expressava a forma como eu me sentia, social e politicamente. Apenas tudo. Era a raiva que eu sentia, a alienação.”
Kurt Cobain, líder do Nirvana, em 1991 - Foto: Michel Linssen / Redferns

 

Em outra entrevista à Rolling Stone EUA, publicada em 1994, Cobain cita álbuns do Led Zeppelin e Aerosmith entre seus prediletos. As menções foram feitas no contexto de que ele preferiu lançar um grande álbum com o Nirvana do que segurar músicas para tornar vários de seus discos parcialmente interessantes.

“Massageando meu próprio ego, posso dizer que somos melhores do que muitas das bandas que estão por aí. Descobrimos que se você tem duas músicas comerciais e pegajosas o suficiente no seu álbum, o resto pode ser um monte de bobagem. Se eu fosse esperto, teria guardado uma boa parte das músicas de Nevermind (1991) e espalhado em discos diferentes pelos próximos quinze anos. Mas não consigo fazer isso. Todos os discos de que gostei na vida tinham uma música ótima atrás da outra: Rocks (Aerosmith), Led Zeppelin II (Led Zeppelin), Never Mind the Bollocks (Sex Pistols), Back in Black (AC/DC).”

Kurt Cobain e o hip hop

À CTV (via Alternative Nation), em 1991, Kurt Cobain revelou que teve o mesmo tipo de problema com o hip hop. Embora gostasse da música em si, o vocalista e guitarrista do Nirvana se incomodava com as letras, que considerava “misóginas”.

“Sou fã de rap, mas a maioria [das músicas] é tão misógina que nem consigo lidar com isso. Não sou muito fã, respeito e amo totalmente porque é uma das únicas formas originais de música que foi introduzida, mas homem branco fazendo rap é como assistir a um homem branco dançando. Não conseguimos dançar, não conseguimos fazer rap.”

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TAGS: Kurt Cobain, Led Zeppelin, Nirvana, Aerosmith