Vocalista do Guns N’ Roses, que se apresentou com a banda australiana em 2016, ficou conhecido pela falta de pontualidade para subir ao palco
Por Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 04/07/2023, às 11h02
O ano é 2016. Brian Johnson, vocalista do AC/DC desde 1980, precisou ser afastado da turnê que promovia o álbum Rock or Bust, com compromissos marcados na Europa e América do Norte. Com um quadro avançado de surdez, o cantor, então com 69 anos, tinha até mesmo a chance de nunca mais poder se apresentar ao vivo, pois não conseguia se ouvir.
O “salvador da pátria? Ninguém menos que Axl Rose. Grande fã da banda australiana, o frontman do Guns N’ Roses se ofereceu para cumprir as datas no lugar de Johnson enquanto este se recuperava. Entre maio e setembro, a formação excursionou com a alteração. Aliás, não apenas esta: o banco da baterista estava sendo ocupado por Chris Slade, no lugar de Phil Rudd, que à época lidava com problemas judiciais (era acusado de posse de drogas e planejar um assassinato, sendo posteriormente inocentado da segunda acusação).
Apesar de tanta especulação em torno da performance de Axl, dá para dizer que o vocalista do Guns tirou de letra. Não apenas na performance musical em si, como também pelo profissionalismo. Os famosos atrasos para subir ao palco não ocorreram, em uma prática que também se viu comum desde as voltas de Slash (guitarra) e Duff McKagan (baixo) à sua própria banda, também em 2016.
Em entrevista de 2021 ao Vinyl Writer Music, Slade foi convidado a falar sobre Rose. Entre outros detalhes, confirmou que o vocalista não se atrasava nunca e demonstrava enorme respeito pela função que estava ocupando.
“Sei que ele teve problemas no passado, mas o cara que conheci é muito legal e talentoso. Ele nunca se atrasava. Nunca. Era disso que eu tinha medo, pois o AC/DC nunca atrasa um segundo sequer. Se começa 20h30, então começa 20h30. Naquela turnê, só houve uma noite com problema - a guitarra não funcionava, eu acho, e estávamos com meia hora de atraso. Descobri depois que foi a única vez que o AC/DC atrasou para um show. Eles são muito conscientes.”
Ainda durante a entrevista, Chris Slade revelou mais detalhes a respeito do trabalho de Axl Rose com o AC/DC. Uma das lembranças compartilhadas pelo baterista foi a forma como o vocalista chegou a este trabalho.
“Brian Johnson estava infeliz com o que estava fazendo. Eu o ouvia perfeitamente, não soava ruim da forma como ele pensava que soava. Eu dizia isso a ele, mas ele não curtia. Não sei as circunstâncias, mas Tim, nosso gerente de turnê, disse que Brian já não estava mais conosco. Passado um mês ou mais, fomos a Atlanta para alguns testes com cantores. Dick Jones (técnico de bateria) me contou que o próximo seria Axl Rose.”
A reação inicial foi de espanto. Afinal de contas, não é todo dia que uma parceria do tipo se concretiza.
“Não acreditei. Ouvi várias histórias sobre Axl. No dia seguinte, lá estava ele. Nos cumprimentamos e eu pensei: ‘esse cara não é ruim de forma alguma’. Ele estava contando piadas. Quando cantou, eu não sabia que ele tinha aquela voz, que poderia cantar daquele jeito. Foi incrível desde o início. Entrou para a banda no dia seguinte. As pessoas podem discordar, mas eu o ouvia perfeitamente do palco e algumas notas que ele atingia eram inacreditáveis. Ele aquecia por duas horas todos os dias. Ficávamos no mesmo andar, bem próximos. Eu o ouvia no piano, fazendo escalas e tudo. E ele é um cara muito engraçado. Sei que nem todos pensam assim, mas essa foi minha experiência com Axl.”
No fim das contas, Brian Johnson conseguiu se recuperar do problema de surdez com um equipamento inédito - sobre o qual ele evita dar detalhes, aliás - e retornou ao AC/DC para gravar o álbum Power Up (2020). A banda não se apresenta ao vivo desde o último show com Axl Rose, em setembro de 2016, mas o retorno com Johnson e Phil Rudd acontecerá no início de outubro, no festival Power Trip, na Califórnia.
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