Pesquisa Datafolha mostra que mais da metade da juventude não vai ou vai menos de uma vez por ano a casas noturnas
Redação Publicado em 27/10/2022, às 15h15
Frequentar casas noturnas, um hábito que por décadas foi o auge da semana na vida de muitos jovens, parece não fazer mais parte do cotidiano de jovens e adultos. Uma pesquisa do DataFolha, feita em 12 capitais brasileiras, afirma que 54% das pessoas entre 15 e 29 anos não frequentam ou vão menos de uma vez por ano.
Entre os motivos que levam ao desinteresse dos jovens pelas casas noturnas e danceterias estariam os preços elevados nos pós-pandemia e a popularização das redes sociais, afirmam pesquisadores e profissionais do setor de entretenimento. Atualmente, a vontade coletiva é relevante e, assim, ocupar o espaço urbano para festas tornou-se uma característica marcante dos jovens nascidos entre 1995 e 2011 segundo Henrique Diaz, vice-presidente da consultoria de tendências Box1824.
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As festas na rua, de graça, nasceram como resposta ao cenário econômico instável do Brasil em meados da década de 2010, mas acabaram se tornando um hábito do público, diz ele. Há ainda o fator da inclusão, uma questão mais importante para esta geração do que a exclusividade das casas noturnas.
Por outro lado, parte do público prefere guardar dinheiro para ir aos grandes festivais em vez de gastar toda a semana numa casa noturna. Conforme a pesquisa do Datafolha, a 80% chega à proporção de jovens que frequentam shows e eventos, tornando esta atividade de lazer preferida, como, por exemplo, ver filmes no cinema.
Vale ainda considerar que talvez o papel das casas noturnas não seja o mesmo para a geração Z. "A gente gostou de sair, perder o sentido e ficar na pegação, e o mais novo vê a vida de outra maneira, tem uma parcela que não gosta de se entorpecer, não bebe, não usa drogas recreativas, não gosta de sexo casual", afirma Ale Bezzi, de 45 anos, entusiasmado da noite e DJ em São Paulo há mais de duas décadas.
Numa sociedade que oferece telas, estas foram o primeiro passo para os papéis adotarem o mundo virtual. Diaz, o pesquisador, esclarece que uma parcela de jovens passa noites em claro jogando jogos online, que exige menos negociação com os pais do que o transporte público para se divertir balada no centro.
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Estes jogos em rede põem os adolescentes em contato com amigos e potenciais paqueras, cumprindo a função de socialização antes protagonizada por noturnas. Para a geração Z, os nativos digitais, conhecer uma pessoa numa plataforma online ou num jogo é tão verdadeiro quanto conhecer num clube, afirma Diaz.
Apesar de apontar a pesquisa, as boates seguem e acompanham como o jovem está consumindo os ambientes e como isso reflete nas suas redes sociais. Rafael Schutz, um dos sócios do Agulha e Córtex, bares na área descolada do Quarto Distrito, em Porto Alegre, comentou sobre a nova visão empreendedora para quem trabalha com entretenimento não se perder em mio às mudanças dos jovens.
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Não existe mais aquele fetiche que existia por ser DJ. Hoje em dia pode ser mais legal ser influencer, fazer uma dancinha no TikTok para conseguir visibilidade social. Isso se traduz na decoração do Cortéx, que ficou mais visual e "instagramável". É isso o que a gente tem que explorar.
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