Cantor se orgulha da reputação construída ao longo dos anos, saindo de banda “detestada” para “respeitada”, especialmente na terra natal
Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 19/12/2024, às 08h00
A sonoridade mais contemporânea do Bring Me the Horizon gera resistência dos fãs mais antigos e puristas do metal. Isso tem diminuído com o passar do tempo, já que a banda tem duas décadas de estrada. No início, porém, os ingleses sofriam quando precisavam dividir o palco com atrações mais tradicionais.
Quem garante é Oli Sykes, que comentou o assunto em entrevista para a Metal Hammer. O vocalista relembrou os tempos difíceis, como quando tocaram no Reading Festival em 2013, logo após o lançamento de Sempiternal (2013), seu quarto álbum de estúdio. Dividiram palco com Green Day, System of a Down, Deftones, Frank Turner, entre outros.
Naquele momento o BMTH ganhava popularidade, mas não muito respeito. Sykes contou:
Foi um momento de auge em termos de ver o quão longe havíamos chegado. Quando tocamos no Reading pela primeira vez, tivemos tudo arremessado em nós. Estávamos no palco principal e fomos vaiados. Tivemos celulares, câmeras, serragem, molho de kebab, tudo até terminarmos de tocar. O público todo nos odiou. Estávamos acostumados com isso. Não era algo novo. Lidávamos com isso da melhor forma que podíamos, devolvíamos para eles, não dávamos a mínima. Não é legal para seus pais assistirem, mas você tem que lidar com isso. Você tem que não dar a mínima e seguir em frente.
No entanto, o Bring Me the Horizon voltou ao Reading Festival dois anos depois, em 2015, e encontrou outro público. Foi o ano do lançamento de That's the Spirit (2015), disco onde a banda se afasta do metalcore para focar em uma sonoridade mais alternativa.
Oli descreveu a segunda experiência:
Então, voltar dois anos depois e ver o lugar todo ficar absolutamente louco por nós... não consigo pensar em uma banda que tenha feito isso antes. Eu já vi bandas que vão de amadas a odiadas, mas quando sua banda é odiada, é muito difícil convencer as pessoas a mudarem de ideia. O cantor do Panic! at the Disco (Brendon Urie) foi nocauteado pela p*rra de uma garrafa. Foi realmente legal ver tantas pessoas dizendo: ‘eu costumava odiar essa banda, mas isso é bom’.”
Para Oli Sykes, o que vem fácil, também se vai sem muita dificuldade. Esse não é o caso do Bring Me the Horizon: o fato de não terem passado por um “estouro midiático” ajudou, pois o êxito foi construído em etapas.
O vocalista explica que o trabalho duro e contínuo ajuda o grupo a ter uma base mais sólida. Nas palavras do frontman:
Não foi um sucesso do dia para a noite, tem sido uma ascendência firme até onde estamos hoje. Nós temos que apreciar de tudo e experimentar isso em todos os níveis. Quando você está lá embaixo e é uma subida gradual, é fácil ter ciúme de bandas que explodem, mas todas essas bandas que ficaram maiores, nós lentamente as superamos ao longo dos anos.”
Sykes diz ainda que saber ouvir as críticas é crucial para um amadurecimento. Segundo o cantor:
Sempre levamos em conta o que as pessoas diziam se elas tinham um ponto, nós nunca dissemos: ‘todo mundo está errado, nós somos brilhantes!’, então de alguma forma isso nos ajudou. Agora nós somos uma celebrada banda de metal britânica. Obviamente, ainda há gente que não gosta... não somos presunçosos com isso, estamos felizes que conseguimos mudar isso e as pessoas estão orgulhosas de nós. Quero que sejamos uma banda que a Grã-Bretanha se orgulhe, em vez de pensar: ‘nós temos essa banda que é grande, mas ninguém realmente gosta deles’.”
O Bring Me the Horizon foi um dos principais nomes na popularização de toda uma nova geração de bandas de metal, inicialmente muito ligadas ao metalcore. O próprio grupo se distanciou um pouco dessa sonoridade com o passar dos anos, ao incorporar influências de hip-hop, música eletrônica e diversos outros gêneros.
Colaborou: André Luiz Fernandes.
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