Batemos um papo com o frontman do Cigarettes After Sex, Greg Gonzalez, que encerrou o Lollapalooza 2023 e faz nova apresentação nesta segunda (27) na Audio, em São Paulo
Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 27/03/2023, às 19h24
O Autódromo de Interlagos já começava a esvaziar na noite deste domingo, 26, após o barulhento fim de semana do Lollapalooza 2023. No palco Adidas, porém, uma voz suave anunciava uma mudança de atmosfera. Era Greg Gonzalez, frontman e idealizador do Cigarettes After Sex. Última atração daquele lado do festival, a banda texana presenteou quem ficou até o fim com um espetáculo de romance e sensualidade de seu dream pop característico, que repete nesta segunda-feira (27) na Audio, em São Paulo.
Acompanhados por uma iluminação contrastante e envoltos por uma nuvem de fumaça constante, o Cigarettes After Sex retorna ao país quase quatro anos após sua última apresenteção por aqui. Nos dois shows, são acompanhados de um público que destoa da melodia melancólica, influenciada pelo dream pop de Cocteau Twins e por Leonard Cohen, repetindo as letras de Greg a plenos pulmões:
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"O que gosto em nossos shows, e o Brasil é um bom exemplo disso, é do quanto nossas músicas são maleáveis e do quanto as pessoas podem estar animadas. Parece que estamos tocando em um show de heavy metal", disse ele à Rolling Stone Brasil.
A base de fãs fiéis é consequência da escolha consciente do Cigarettes After Sex de manter uma identidade coesa desde o início da banda, há mais de uma década. No show que traz ao Brasil, o grupo mistura faixas de diversas épocas, dos dois álbuns de estúdio, Cigarettes After Sex, de 2017, e Cry, de 2019, além de um punhado de singles, todos perfeitamente realinhados como se compusessem um só disco. Uma coerência atípica em um momento em que artistas pop mudam de "eras" a cada par de anos.
"É muito legal quando uma banda consegue ter uma identidade e fixar-se a ela, sem mudar tanto. Sempre quis isso. Como se o Cigarettes fosse esse mundo paralelo especial em que você sempre entrar, onde sabe que vai experimentar esses sentimentos profundos", defende Gonzalez.
"Nosso ponto de vista é meio 'menos é mais'. Uma música precisa ser realmente emocional. E eu simplesmente adoro singles, acho que é difícil para mim querer lançar um álbum, pois sempre quero que tudo saia perfeito. Prefiro discos mais curtos também, você nunca vai ver um álbum nosso com mais de 10 músicas."
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A escolha, que excede um mesmo estilo, passa pela própria estética visual do grupo - quem acompanhou a transmissão de domingo pela TV, viu o show nos característicos tons de preto, branco e cinza que ilustram as capas de cada álbum ou single do grupo - incluindo os dois mais recentes, "You're All I Want" e "Pistol", que já adiantaria um pouco do que Gonzalez imagina para um provável próximo disco. O canal Bis, responsável pela transmissão, revelou que a opção estética foi exigência da banda.
É nessa coesão que o Cigarettes After Sex acabou convertendo um séquito fiel. Mesmo no Brasil, onde Gonzalez garante ter tido apoio de fãs desde o início do grupo:
"Mesmo antes da banda decolar, nós já recebíamos e-mails e mensagens do Brasil, de pessoas dizendo que nossas músicas tinham lhes ajudado a superar corações partidos, coisas assim. Tivemos muita visibilidade por aí com nosso primeiro EP e isso foi antes da banda decolar no YouTube", diz. Dentre as influências brasileiras, cita Gal Costa e Astrud Gilberto, que teria influenciado sua própria voz. Voz que garante, em grande parte, a longevidade do grupo e uma base de admiradores que só aumenta com o tempo:
"O tempo tem sido generoso conosco. Nós somos minimalistas, então não chegamos a lançar tanta música comparável às de outros artistas. Mas parece que as pessoas nos descobrem ano após ano, de novas formas, e eu adoro isso."
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