O grupo britânico lançou hoje o 10º álbum de estúdio; sem novidades, o Coldplay repetiu mensagem simplista de outros discos recentes
Heloísa Lisboa (@helocoptero) Publicado em 04/10/2024, às 11h23
O Coldplay lança nesta sexta-feira, 4, seu 10º álbum de estúdio. Segundo Chris Martin, Moon Music, continuação de Music of the Spheres (2021), é o antepenúltimo disco da banda — mas poderia ser o último.
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As dez canções do projeto respondem às guerras e ao aquecimento global com frases feitas e positividade exagerada, soando como o último parágrafo de uma redação feita para o Enem. Firulas, como os títulos que revezam entre letras maiúsculas e minúsculas — sem contar a faixa que tem nome de emoji —, não são justificadas: são apenas firulas.
Os violinos que introduzem a faixa-título e o álbum oferecem um tom épico. Acompanhado por um piano, o vocalista começa: "Era uma vez...". A sensação é de que o Coldplay estava mergulhado em sentimentos profundos durante seus primeiros discos, até que finalmente chegou à superfície e produziu versos como "Baby, it's my mind you blow", do single "feelslikeimfallinginlove".
"WE PRAY" repete os violinos, mas da forma como artistas pop que se consagraram nos anos 2000 fariam. A parceria com Little Simz, Burna Boy, Elyanna e TINI reage aos conflitos mundiais sugerindo uma reza, sem deixar espaço para denúncias explícitas.
O grupo britânico incluiu ainda "JUPiTER" no novo álbum, uma espécie de hino queer. "I love who I love", canta Martin para esclarecer que não esqueceu das pautas sobre a comunidade LGBTQ+. Na mesma esteira, "🌈" encerra com palavras de Maya Angelou que, ao serem inseridas na canção, parecem reduzir o discurso da ativista para corroborar a mensagem simplista do Coldplay.
"GOOD FEELiNGS" percorre o ritmo eletrônico ao lado dos vocais da jovem Ayra Starr, formando um pop sem a identidade do Coldplay. Afinal, qual seria a identidade atual do Coldplay? "AETERNA" é coerente com "GOOD FEELiNGS", já que dá mais alguns minutos à música eletrônica.
As últimas faixas de Moon Music poderiam estar em trilhas sonoras genéricas de filmes da Sessão da Tarde (as demais também). Após se esquivar de posicionamentos claros, a banda termina o disco dizendo: "In the end it's just love". Como não pensamos nisso antes?
O The Smile também lança um novo álbum nesta sexta-feira. Formado por Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner, o grupo tem dois integrantes do Radiohead — banda à qual o Coldplay foi comparado em seus primórdios. Cutouts pode ser uma boa pedida para hoje.
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