- Courtney LaPlante, vocalista do Spiritbox (Foto: Matthew Baker/Getty Images)
METAL

Com álbum pronto, Spiritbox celebra show especial com Bring Me the Horizon no Brasil [ENTREVISTA]

Vocalista Courtney LaPlante exalta colegas de lineup, promete set mais longo em São Paulo e comenta disco que está por vir

Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 29/11/2024, às 07h30 - Atualizado às 07h30

O show especial do Bring Me the Horizon no Allianz Parque, em São Paulo, neste sábado (30), é também uma espécie de minifestival. Além da banda inglesa, que pela primeira vez será atração principal em um estádio, estão escalados Motionless in White, Spiritbox e The Plot in You.

São nomes de qualidade na seara do metalcore — ainda que seja simplista rotular todos da mesma forma —, mas o Spiritbox é um caso à parte. De longe é a banda mais jovem: foi fundada no Canadá em 2016 e anunciada publicamente no ano seguinte. Não eram novatos, porém, visto que a vocalista Courtney LaPlante e o guitarrista Mike Stringer, casados, estiveram juntos em outro grupo em anos anteriores: o Iwrestledabearonce.

A partir daí, tudo começou a acontecer meio rápido para a dupla, hoje acompanhada por Zev Rosenberg na bateria e Josh Gilbert no baixo. Seus singles colecionaram milhões de reproduções no Spotify e YouTube. Realizaram turnês ou dividiram palco com Korn, Limp Bizkit, Ghost, Underoath e o próprio Bring Me the Horizon. Seu primeiro álbum, Eternal Blue (2021), conquistou posições expressivas nas paradas em diversos países, como Estados Unidos (13º), Canadá (17º), Austrália (8º) e Reino Unido (19º).

Mesmo assim, às vésperas de realizar justo em um estádio o primeiro show de sua história no Brasil e preparando o lançamento de seu segundo álbum — o aguardado Tsunami Sea, que sai em 7 de março de 2025 pela Rise/Pale Chord, com distribuição no Brasil via BMG —, a sensação é de que só agora há alguma estabilidade. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, LaPlante declarou estar muito empolgada para se apresentar por aqui, já que as plateias nacionais são conhecidas pela interatividade e paixão por música, mas confessou:

“Não quero ter expectativas altas de que as pessoas que estão assistindo realmente conheçam minha banda, porque elas estão lá para ver Bring Me the Horizon. [...] É tudo novo. Cada vez que vou a algum lugar, é pela primeira vez. No fundo da mente, você sempre fica tipo: ‘e se ninguém aparecer?’. [...] De qualquer forma, será incrível, porque adoro todos os fãs de Bring Me the Horizon, Motionless in White e The Plot in You.”

 

Ainda que ninguém apareça — o que definitivamente não acontecerá —, o Spiritbox conseguirá desfrutar de um tempo maior que o usual para seu show. LaPlante diz que normalmente a banda é escalada para abertura em turnês, então costuma ter 30 minutos de set. No Brasil, será uma hora, então eles poderão estrear no palco a nova música “Perfect Soul” e até retomar sons como “Blessed Be”, usualmente cortada por ser mais longa.

Os méritos dos colegas

Os outros três nomes do lineup foram elogiados por Courtney LaPlante, que, no fim das contas, também é fã. A vocalista destacou que o The Plot in You é “muito subestimado”, pois influenciou “muitas bandas de metal moderno e não recebem crédito”. O Motionless in White foi citado como um grupo “incrível” e dono “do melhor som ao vivo” do segmento.

Quanto ao Bring Me the Horizon, o relato se estende ainda mais, pois o Spiritbox pode excursionar com os colegas ingleses há pouco tempo. Ela diz:

“Foi incrível fazer shows com eles no verão passado, vê-los nos bastidores. Isso nos valida muito, porque às vezes eu e meus companheiros sentimos que somos muito críticos e perfeccionistas com nosso trabalho. Mas aí tocamos com eles e percebi que não estamos loucos, apenas queremos fazer o melhor, pois eles também são assim. Eles querem que cada detalhe seja perfeito. Eu os vi conferindo um vídeo de um show deles antes de uma grande arena em Paris e dizendo: ‘isso não está bom o suficiente’. E aí mudavam no dia do show, pois sabiam que poderiam fazer melhor. Saber que não estou sendo hipercorreta e uma tirana me valida como artista. Eles são muito inspiradores.”
Spiritbox da esquerda para a direita: Josh Gilbert, Zev Rosenberg, Courtney LaPlante e Mike Stringer (Foto: Jonathan Weiner / divulgação)

 

LaPlante, inclusive, pontua que o mérito de realizar um show em estádio é todo do Bring Me the Horizon — e que está feliz apenas por participar, sem sentir que o sucesso do evento é algo coletivo ou mesmo uma “vitória” do metalcore como um todo. Ela afirma:

“Eles são uma banda há mais de 20 anos, eu acho. E eles trabalharam mais do que qualquer outra banda. Influenciaram nosso gênero mais do que qualquer outra banda moderna. E eles são tão criativos que não comprometem seu som: eles mudam e fazem o que quiserem. Essa banda merece isso e não vejo como se eu estivesse contribuindo. Eles foram headliners do Download Festival (na Inglaterra em 2023) e foi uma afirmação tão grande uma banda mais jovem fazer isso. E agora, com esse show gigantesco no Brasil, é tão inspirador que me faz pensar: talvez um dia eu possa ser como eles.”

 

Novo álbum e Grammy

Citado anteriormente, Tsunami Sea chega a público no próximo dia 7 de março e o público já teve acesso a dois singles: “Soft Spine” e “Perfect Soul”. Se dependesse de Courtney LaPlante, o disco sairia já na semana que vem. Enquanto isso não acontece, ela celebra o senso de continuidade da nova obra em relação a Eternal Blue e ao EP The Fear of Fear (2023), lançamento mais recente até então.

“Mesmo que a gente não promova dessa forma, todos os nossos trabalhos são conceituais e se conectam uns aos outros. Sempre construindo sobre o que fiz antes. [...] Tsunami Sea é uma continuação de The Fear of Fear, mas também olhamos como a irmã de Eternal Blue. É muito diferente de Eternal Blue, mas ambos são parte muito grande da minha identidade.”

Em comparação a Eternal Blue, Tsunami Sea também foi a primeira vez em que a banda pôde gravar um álbum tratando a música como seu único trabalho. A cantora admite que, até o primeiro disco, eles precisavam dividir o tempo com empregos convencionais e gravar aos fins de semana. Poder se dedicar exclusivamente à arte lhes deu mais confiança.

“Agora somos pessoas que têm o privilégio de fazer isso sendo nosso emprego de fato. Levamos isso muito a sério. Não é algo casual. É como se fosse, tipo: ‘como poderia ser agora?’. Já que estamos vivendo nossos sonhos e podemos nos dedicar cada minuto de nossas vidas para criar música.”

Enquanto Tsunami Sea não sai, The Fear of Fear segue rendendo frutos. Pela segunda vez, uma música do EP foi indicada ao Grammy de Melhor Performance de Metal. Na edição 2024, “Jaded” entrou na disputa, mas o troféu ficou com “72 Seasons”, do Metallica. Agora, “Cellar Door” concorre contra “Mea Culpa (Ah! Ça Ira!)” (Gojira com Marina Viotti e Victor Le Manse), “Crown of Horns” (Judas Priest), “Screaming Suicide” (Metallica) e “Suffocate” (Knocked Loose com Poppy).

LaPlante fica surpresa com esse reconhecimento, mas vai além. Ela destaca que é raro ter mais de uma banda jovem disputando esse prêmio, mas no evento de 2025 serão eles e Knocked Loose na parceria com Poppy. Fora isso, três dos cinco indicados têm mulheres envolvidas, pois além de Courtney com o Spiritbox e Poppy na parceria mencionada, há a presença da cantora de ópera Marina Viotti na gravação com o Gojira, que embalou a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.

“Nenhuma mulher ganhou o Grammy de Melhor Performance de Metal desde que ele foi criado em 1989. Houve um ano em que Lzzy Hale e o Halestorm ganharam, mas foi naquele período em que se chamava Melhor Performance de Hard Rock/Metal (em 2013). Agora há mais chances do que nunca para uma mulher ganhar.”

 

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bring me the horizon The Plot In You Motionless In White Spiritbox

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