Duo de eletrônica formado por Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern, Sofi Tukker lançou o single 'Veneno' nesta sexta, 10
Felipe Grutter (@felipegrutter) Publicado em 10/11/2023, às 07h00
De certa forma, é um tanto quanto irônico o quanto duas pessoas completamente diferentes, seja de gostos pessoais ou musicais, conseguem se unir para fazer algo e se sair muito bem. Esse é o caso de Sofi Tukker, duo de eletrônica gringo que faz músicas com letras e português.
Responsáveis pela criação da banda, o estadunidense Tucker Halpern e alemã Sophie Hawley-Weld se conheceram em 2014, quando estavam na faculdade. Ele jogava basquete e era apaixonado por música eletrônica e dance music. Ela morou em diversos países e estudava músicas mais “tradicionais,” como a brasileira. Após se conhecerem, os dois começaram essa empreitada e lançaram hits como “Drinkee,” “Purple Hat,” “Original Sin” e “Summer In New York.”
O mais novo lançamento da dupla é “Veneno,” que chegou nas plataformas de streaming nesta sexta, 10, e nasceu de uma brincadeira no TikTok. Há alguns meses, as artistas independentes Mari Merenda e Sophia Ardessore publicaram um vídeo com cover “Rodopiado,” de Ronaldo Silva, apenas com voz - e Mari tocava um instrumento chamado asalato.
O vídeo das duas brasileiras foi bastante compartilhado para Tucker Halpern e Sophie Hawley-Weld, que aproveitaram para fazer um remix com uma pegada eletrônica do cover. Por conta disso, diversos fãs começaram a pedir que eles lançassem essa versão oficialmente. Ou seja, eles não planejavam lançar “Veneno” originalmente, mas o clamor público trouxe esse desafio.
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“Então fomos para o estúdio e escrevemos uma parte em inglês, fizemos tipo um drop em outra seção da música,” explicou Sophie durante entrevista à Rolling Stone Brasil. Em seguida, Tucker revelou como eles nunca fizeram uma música tão rápido do início ao fim e lançamento.
Foi realmente empolgante… o mundo estava nos dizendo para agirmos rápido, e o mundo estava nos dizendo para terminar. E nós amamos isso. Então ficamos entusiasmados com isso o tempo todo. É uma daquelas músicas que fica melhor quanto mais você ouve. Eu a amo cada dia mais e mais.
Como os artistas comentaram na conversa, as participações de Silva, Merenda e Ardessore na faixa não chegou na parte de produção. Ronaldo Silva permitiu a utilização de uma obra dele no remix (com créditos de escrita, claro) e Mari Merenda e Sophia Ardessore deixaram que Sofi Tukker usasse as respectivas vozes delas. Todo esse processo foi bastante orgânico.
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Algo legal de se destacar foi a amizade que surgiu nesse encontro virtual e despretensioso. Silva e a esposa dele sempre conversam com a dupla e até mandaram fazer um vestido de Carimbó, ritmo presente em “Rodopiado,” para Sophie. Além disso, o duo também chegou a encontrar e dar o famoso rolê com Mari e Sophia após a viralização no TikTok.
É algo emocionante e um uso muito legal da internet, como nos conectamos, como agora somos amigos, como estamos colaborando em uma música. [...] E até Ronaldo poderia ter dito ‘não.’ Parece que tudo está conectado na hora e no momento certo. Algo está nos dizendo: ‘A música é especial,’” disse Tucker.
Como em todos os outros projetos de Sofi Tukker, especialmente quando falamos de remixes, eles não planejam simplesmente reproduzir um gênero musical ou tipo de dança e som - eles querem misturar diversas influências para ter o melhor resultado possível.
Segundo Sophie, “há muitas coisas diferentes ao mesmo tempo, e adoramos uma mistura onde você ouve e pensa: ‘Nunca ouvi nada assim antes. Eu não, nem sei o que é. Como você chama essa coisa?’” Tucker complementou a fala da colega de banda e comentou como essa sempre foi a ideia do duo.
“Porque a Sophie era musicista de jazz e tocava Bossa Nova e eu era um DJ de house music,” relembrou. “Quando nos reunimos, tentamos com “Drinkee”, nossa primeira música, fazer algo que nunca tinha sido feito antes, usando gêneros diferentes e apenas os moldando juntos,” e foi exatamente isso que aconteceu em “Veneno.”
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Uma das coisas mais comuns no meio da música eletrônica é ver a realização de remixes, seja de outras músicas, instrumentais ou até mesmo de diálogos e falas. Nisso, existe uma troca e interação, por mais que indiretas, entre artistas. Inclusive, meu primeiro contato com Sofi Tukker foi durante a faculdade, quando escutei “Rave dos Bailes - DRINKEE,” do DJ GBR.
Quando ouviram que existe um remix de “Drinkee” de funk, tanto Tucker quanto Sophie ficaram bastante surpresos e ansiosos para escutar essa versão (quando a entrevista acabou, mostrei para os dois, que mostraram o desejo de “tornar oficial,” visto que “Rave dos Bailes - DRINKEE” está apenas no YouTube, fora das plataformas de streaming, mas isso ainda é uma incerteza!)
Para Sophie, o fato dos artistas realizarem remixes de outras obras “é a coisa mais linda”: “Inspiração é tudo. E a forma como a música e a cultura viajam e as pessoas podem inspirar… é assim que criamos coisas novas. É assim que a sociedade evolui.”
“E eu simplesmente acho que é realmente empolgante estar nesta época, honestamente, onde você tem acesso a tantos estilos diferentes de música, e as pessoas estão cada vez mais abertas a diferentes linguagens, diferentes ritmos, diferentes tudo,” complementou.
Além disso, os dois artistas notaram como todo tipo de música tem uma influência, como a brasileira tem da africana, por exemplo. Sophie afirmou como é desnecessário ser “purista sobre um gênero,” no que Tucker adicionou:
Na verdade, não é muito criativo quando isso acontece. Apenas deixar algo viver e ter sua própria vida, como 'Drinkee' já teve vida própria e tantos remixes, encontra-se em tantos lugares diferentes. Isso nos leva a diferentes partes do mundo constantemente.
Não apenas com algumas letras em português, mas o jeito que Sofi Tukker faz música é bastante diferente, especialmente em relação ao cenário de música eletrônica. Boa parte disso, segundo Sophie, é o fato de todo processo criativo da banda ser orgânico.
“É o encontro dos nossos cérebros, que são muito diferentes. E quando os misturamos, é algo único,” disse. Tucker também aproveitou para mostrar o ponto de vista dele. “Ela não ouvia música eletrônica e dance music antes de começarmos a banda. Isso é muito benéfico para nós porque ela não se prende aos subgêneros e ao que outros DJs fazem na época e outras coisas.”
Apenas fazemos músicas que queremos ouvir e que sentimos que não estão sendo feitas. Você sabe, acho que é mais importante para nós que não soe como outras coisas, em vez de soar.
Em 2023, Sofi Tukker fez dois shows no Brasil: no Lollapalooza (25 de março) e no GPWeek (5 de novembro). No mais recente, Tucker e Sophie ficaram alguns dias a mais no Brasil para acertar alguns detalhes do terceiro disco de estúdio deles como dupla.
Como Sophie adiantou para a Rolling Stone Brasil, o novo álbum do duo (ainda sem nome ou data de estreia definidos) ganhará uma segunda versão em MPB, com versões acústicas feitas por produtores, compositores e artistas brasileiros. A próxima vinda deles ao país deve acontecer após o lançamento do disco, na era pós-Wet Tennis (2022).
Wet Tennis foi feito durante a pandemia, então a dupla pensou em músicas para serem escutadas em casa - e diversas delas ficam fora dos setlists de festivais para “manter a energia” alta, mas ele é bastante apresentado nas performances solo.
“Provavelmente haverá mais energia neste próximo álbum, o que será melhor para os shows ao vivo. Mas, sabe, acho que sempre será um pouco de tudo,” disse Tucker.
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