Blitz, 40 anos: elementos do pop aliados a diferentes linguagens - Reprodução

Pop, teatro e quadrinhos: como a Blitz redefiniu a estética da música nos anos 1980

Com a fusão de linguagens de vanguarda ao pop, grupo carioca mudou a música brasileira e inaugurou uma nova era no entretenimento com seu 'As Aventuras da Blitz', de 1982, um dos 80 maiores álbuns do rock nacional

Alexandre Matias (texto) e Pablo Miyazawa (edição) Publicado em 13/06/2022, às 15h07

A Blitz mudou a história da música brasileira. E como se isso fosse pouco, o grupo dos vocalistas Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e Márcia Bulcão também inaugurou uma nova era no entretenimento do país. Sem a Blitz, a década de 1980 seria bem diferente.

Os elementos já estavam no ar. Além do próprio grupo de teatro que funcionou como base para a banda – Asdrúbal Trouxe o Trombone, que além de Evandro e do guitarrista Ricardo Barreto, também revelaria nomes como Luís Fernando Guimarães, Regina Casé e Patrícia Travassos –, outros artistas já carregavam características que transformaram a Blitz em num sucesso. Tanto a Gang 90 de Júlio Barroso quanto o Grupo Rumo ou a ópera pop Clara Crocodilo de Arrigo Barnabé já flertavam com a colisão entre o pop e linguagens de vanguarda, misturando referências como quadrinhos, música erudita e vocais falados e cantados tanto por homens quanto mulheres. Mas a Blitz carregava o espírito de uma época específica – a do Rio de Janeiro do início dos anos 1980.

As Aventuras da Blitz (1982) (Reprodução)

 

O grupo tomou de assalto o país com um single de um só um lado (do outro lado de “Você Não Soube Me Amar” ouvia-se apenas Evandro repetindo “Nada, nada, nada”) e, de uma hora para outra, tornou-se o som de uma nova era. O projeto de ditadura imposto pelos militares estava com seus dias contados, enquanto uma nova geração, forçava a entrada da luz à força.

A formação original da Blitz (José Pederneiras/Divulgação)

 

A Blitz nasceu deste movimento, materializada como banda-símbolo de outro experimento pop e de vanguarda da época, o Circo Voador, e a partir do encontro de integrantes do grupo Asdrúbal com músicos que acompanhavam Marina (entre eles o veterano Lobão na bateria). As Aventuras da Blitz (EMI-Odeon, 1982) apresentava o sexteto como uma banda de quadrinhos, super-heróis de um novo cotidiano pop, que atualizava o Brasil com as novidades que passavam longe devido à retração cultural do país em relação à cultura estrangeira. Foi um disco que derrubou a porta da década com um chute circense e apresentou o conceito de cultura pop para o Brasil na marra, além de servir como marco-zero para gerações de artistas que surgiram nos anos seguintes.

Destaques do álbum incluem “Você Não Soube Me Amar”, “Mais Uma de Amor (Geme Geme)” e “O Beijo da Mulher Aranha” (ouça acima). Abaixo, o As Aventuras da Blitz completo:

Os 80 maiores discos do Rock Nacional

Parte do Dossiê 40 anos do Rock Nacional, edição especial de colecionador da Rolling Stone Brasil, a lista "Os 80 Maiores Discos do Rock Nacional" reúne os principais trabalhos do que parece ter sido um levante artístico, unificado e contínuo mobilizado inicialmente pela juventude do Rio de Janeiro dos anos 1980 - a geração 82. Na revista, já disponível em bancas físicas e digitais, você confere a curadoria realizada pelos editores da Rolling Stone Brasil com os 80 discos mais importantes do rock nacional, separados em quatro categorias e organizados por ordem cronológica de lançamento.

Dossiê 40 Anos de Rock Nacional, da Rolling Stone Brasil (Reprodução)

 

Blitz: Evandro Mesquita relembra a trajetória da banda (vídeo)

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