Líder do Foo Fighters se consagrou no Nirvana com as baquetas na mão e tem histórico de ser bem exigente com quem senta no banquinho de sua banda
Igor Miranda Publicado em 06/09/2023, às 10h30
Antes de formar o Foo Fighters, Dave Grohl se notabilizou como um dos maiores bateristas do rock nos anos 1990 junto ao Nirvana. Não é qualquer um que está apto a assumir as baquetas em seus projetos.
Por isso, para substituir o gigante Taylor Hawkins — falecido em março de 2022 aos 50 anos —, Grohl e seus colegas de banda recorreram a alguém quase incontestável. Josh Freese, músico de estúdio que já tocou com nomes variados indo de Evanescence a Offspring e Avril Lavigne a Guns N’ Roses, foi eleito para o posto, conforme anunciado em maio último.
Porém, Freese sabe que estará sempre na corda bamba. Afinal de contas, a habilidade de seu “patrão” na bateria faz com que a análise em torno de seu trabalho seja sempre mais criteriosa.
Em uma publicação no Instagram, o “novato” revelou como é tocar o instrumento para Grohl. O relato veio acompanhado de um vídeo de uma apresentação recente do Foo Fighters. O momento registrado trouxe uma situação bem curiosa: no meio da música “Breakout”, Freese executou um solo que mesclou elementos de “You Know What You Are?”, canção do Nine Inch Nails – com quem excursionou entre 2005 e 2008.
Conforme observado pelo site Igor Miranda, há um elemento curioso na escolha da música do NIN: foi Grohl quem gravou a bateria dessa e de outras faixas do álbum “With Teeth” (2005), a convite de Trent Reznor. Inicialmente, Josh comenta:
“Tocando a ponte de ‘Breakout’ no meu 3º show com o Foo Fighters em Columbus, Ohio. Do nada, decidi fazer uma referência à música ‘You Know What You Are’ do Nine Inch Nails, que eu costumava tocar todas as noites em turnê, enquanto Dave a gravou no disco em estúdio.”
E será que Grohl pegou a referência? Mas é claro que sim.
“Adoro quando ele percebe a referência e fica animado. No fim, você pode me ver perguntando se ele sacou.”
Por fim, Josh Freese respondeu à pergunta apresentada no título desta matéria: como é ser baterista de uma banda liderada por ninguém menos que Dave Grohl? O músico destacou que, além de ser ótimo, não se trata de uma experiência “estressante”.
“A propósito, tocar bateria atrás de um dos maiores bateristas do mundo é uma jornada. Surpreendentemente, não é estressante, mas realmente inspirador e divertido.”
Além do talento de Josh Freese, a situação parece ter ficado mais fácil após Dave Grohl ter aprendido melhor como liderar uma banda. O Foo Fighters, como muitos fãs já sabem, nasceu por acaso após o fim do Nirvana, já que Grohl cogitou até mesmo abandonar o ramo artístico quando Kurt Cobain faleceu. Virar frontman não era algo que estava em seus planos; aconteceu por acaso, e com isso vieram as responsabilidades.
O primeiro álbum do Foo Fighters, homônimo e lançado em 1995, foi gravado inteiramente por Dave. Como ele também queria fazer shows, precisou convocar músicos para acompanhá-lo. O primeiro baterista foi William Goldsmith, originalmente do grupo Sunny Day Real Estate. Porém, ele foi dispensado não muito tempo depois, em uma situação tumultuada, porque o “patrão” era muito exigente.
Goldsmith, inclusive, deve ser uma das poucas pessoas do mundo musical a dizer coisas negativas de Grohl. Em entrevista ao podcast Conan Neutron (via site Igor Miranda), ele comentou:
“É a única banda que, se pudesse, riscaria da minha história. Não foi nada além de um pé no saco. Só que o Foo Fighters é como a Disney. Todos amam o Mickey Mouse, independente do que ele faça nos bastidores. Ou seja, é uma situação onde não tem como vencer. Por isso gostaria de apagá-la da minha carreira.”
A rigidez continuou até mesmo com seu substituto, Taylor Hawkins, que permaneceu por tantos anos no Foo Fighters. Embora tenha estreado no segundo álbum da banda, The Colour and the Shape (1997), o baterista só tocou em metade das faixas. Dave assumiu as baquetas da outra parte do disco, pois não ficou satisfeito com a performance do contratado. Em entrevistas posteriores, Taylor admitiu que estava “verde” demais e se comprometeu a melhorar, o que acabou acontecendo ao longo dos shows.
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