Mesmo após dois álbuns, grupo de Cazuza e Frejat ainda custava a decolar - somente com uma série de viradas e de decisões acertadas, reunidas em 'Maior Abandonado', o Barão Vermelho passaria de promessa a protagonista do rock nacional
Alexandre Matias (texto) e Pablo Miyazawa (edição) Publicado em 15/06/2022, às 16h54
Protagonista de primeira hora da onda roqueira que tomou conta do Rio de Janeiro à época da fundação do Circo Voador, o Barão Vermelho presenciava todos os seus contemporâneos atingindo o estrelato à medida em que emplacavam hits, apareciam em programas de televisão e vendiam muitos discos: Blitz, Lulu Santos, Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso… O fato de o vocalista Cazuza ser filho de João Araújo, justamente o presidente da gravadora que lançava os discos de sua banda, criou uma saia justa que, mesmo após dois álbuns lançados, impedia a banda de decolar.
Mas aos poucos o destino sorriu para o Barão Vermelho. Primeiro, quando Ney Matogrosso regravou “Pro Dia Nascer Feliz”, que o grupo havia revelado em Barão Vermelho 2, seu segundo disco, de 1983. O sucesso da versão de Ney fez com que a banda de Cazuza fosse convidada a compor uma música para mais um filme que surfava a onda juvenil que dominava o Rio de Janeiro. “Bete Balanço”, faixa-título do longa-metragem dirigido por Lael Rodrigues e estrelado por Débora Bloch e Diogo Villela, fez boa bilheteria nos cinemas e gerou uma alta expectativa sobre o próximo trabalho do Barão.
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Enquanto isso, a banda crescia no palco e Cazuza tornava-se cada vez mais confiante como frontman, vocalista e poeta, levando as referências roqueiras do quinteto – fundada à base de muito Rolling Stones – para a boemia brasileira, fazendo-as dividir o balcão com nomes clássicos como Lupicínio Rodrigues, Ataulfo Alves, Angela Ro-Ro e Nelson Gonçalves. Assim, o rock do Barão Vermelho começava a assumir seu DNA brasileiro a cada novo disco.
Maior Abandonado (Opus Columbia) chegou às lojas em setembro de 1984 e, graças à citada música-tema de Bete Balanço, à nova faixa-título e ao blues rock “Por Que a Gente é Assim?”, vendeu mais de 100 mil discos e finalmente elevou o Barão Vermelho ao status de sucesso nacional. Este seria o último trabalho de estúdio com o vocalista original, que antes de deixar o grupo ainda imortalizou sua biografia com um show lendário no Rock in Rio, no início do ano seguinte.
Destaques do disco incluem “Por que a Gente é Assim?”, “Maior Abandonado” e “Bete Balanço”.
Ouça abaixo Maior Abandonado completo:
Parte do Dossiê 40 anos do Rock Nacional, edição especial de colecionador da Rolling Stone Brasil, a lista "Os 80 Maiores Discos do Rock Nacional" reúne os principais trabalhos do que parece ter sido um levante artístico, unificado e contínuo mobilizado inicialmente pela juventude do Rio de Janeiro dos anos 1980 - a geração 82. Na revista, já disponível em bancas físicas e digitais, você confere a curadoria realizada pelos editores da Rolling Stone Brasil com os 80 discos mais importantes do rock nacional, separados em quatro categorias e organizados por ordem cronológica de lançamento.
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