Em plena década de 1980, onde teclados dominavam a música mainstream, guitarras permitiram que artista fundisse new wave e hard rock
Igor Miranda Publicado em 28/03/2024, às 13h00 - Atualizado às 18h48
Billy Idol foi um dos artistas mais populares da chamada “Segunda Invasão Britânica” aos Estados Unidos, na primeira metade da década de 1980. O som do cantor nascido na Inglaterra tinha como mérito aliar uma série de influências que iam do punk ao pop, passando pelo hard rock, new wave e disco music.
Um dos grandes “segredos” estava em Steve Stevens. O talentoso guitarrista americano trazia, em especial, a veia hard rock que serviu como ingrediente final para o som de Idol, anteriormente um cantor mais afeito ao punk.
Em entrevista à Final Resonance TV (via Killer Guitar Rigs), Stevens mostrou como sua pegada acabou influenciando diretamente o trabalho do artista. O guitarrista revelou ter se inspirado no Queen, algo bem improvável quando se pensa em Billy, para chegar ao timbre de “Rebel Yell”, faixa-título do álbum de 1983.
De início, ele reconhece seu relativo amadorismo, à época, no que dizia respeito a trabalhar em estúdio.
"Tínhamos dois grandes engenheiros no álbum Rebel Yell: Mike Frondelli e Dave Wittman, que era o engenheiro de estúdio. Naquela época, eu não sabia como capturar o som da minha guitarra de uma forma grandiosa o suficiente.”
Eis que uma figura histórica dos bastidores interviu para auxiliar Stevens: Bill Aucoin, empresário notório por seu trabalho com o Kiss, a ponto de ser creditado como um dos “descobridores” da banda. Na época, Aucoin gerenciava a carreira de Idol.
“Éramos empresariados por Bill Aucoin, que era empresário do Kiss. Aí eu liguei para Bill: ‘Não consigo chegar ao som da minha guitarra! Como faço para conseguir chegar até som da minha guitarra?’ Ele disse: ‘Olha, Dave Wittman faz os discos do Kiss e ele está no Electric Lady [Studios], fale para ele entrar’.”
A experiência de Wittman conseguiu extrair o melhor de Steve. O guitarrista contou:
“Dave já tinha feito algumas coisas de Billy Cobham, Led Zeppelin, Kiss. Ele sabia como conseguir um bom som de guitarra. Ele configurou alguns microfones e logo vejo que ele encontrou. Então, tive um engenheiro e um estúdio incríveis à minha disposição, além de nosso produtor, Keith Forsey, que me deu a oportunidade de realmente experimentar.”
Em seguida, Steve Stevens contou como veio a mencionada influência do Queen no som do álbum Rebel Yell, especialmente a faixa-título. O guitarrista de Billy Idol relembrou o contexto da época:
“Eu adorava que os discos do Queen diziam: ‘sem sintetizadores’. E estávamos lá em 1983, então pensei: ‘todo mundo está usando teclados e todo esse tipo de coisa, mas eu realmente gostaria de preencher esse espaço com minha guitarra’. Quis experimentar e gravar minha guitarra do jeito que Brian May fez. Keith me permitiu isso. Eu disse: ‘olha, se eu não conseguir isso, então você traz os teclados’.”
Deu tão certo que Stevens conseguiu enorme protagonismo — e olha que era um trabalho com crédito solo a Idol. O músico ainda citou dois violonistas como inspirações para a introdução de “Rebel Yell”, em guitarra limpa e variações impressionantes para um hit pop.
“(Eu me inspirei em) John Fahey e Leo Kottke. Comecei a tocar violão por volta dos sete anos e meio. Era um violão com cordas de náilon, de baixa qualidade. Só ganhei uma guitarra aos 13 anos. Foi nessa época que toda essa cena folk de Greenwich Village estava realmente acontecendo. James Taylor, Joni Mitchell, tudo isso.”
Lançado em 10 de novembro de 1983 pela gravadora Chrysalis, Rebel Yell é o segundo álbum solo de Billy Idol. Vendeu mais de 2 milhões de cópias somente nos Estados Unidos, atingindo o 6º lugar da parada local. Também teve 500 mil cópias comercializadas no Canadá, conquistando disco de platina quíntuplo por lá. Além da faixa-título, a balada “Eyes Without a Face” se tornou um hit, chegando ao quarto lugar do chart americano.
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