Em entrevista à Rolling Stone EUA, os integrantes da Live narraram como a banda se dividiu depois que um suposto vigarista entrou em suas vidas
Redação Publicado em 23/02/2023, às 09h00
Em plena pandemia, enquanto o mundo enfrentava um vírus que desafiava a medicina, os integrantes da banda norte-americana Live lidavam com um dos maiores obstáculos de sua carreira. Formado na década de 1980 e reunido após anos de hiato, o grupo separou-se mais uma vez e, de diferentes maneiras, narrou sua história para a Rolling Stone EUA.
Clássica banda formada por jovens, a Live nasceu durante a adolescência de seus integrantes e estava completa antes dos músicos entrarem no ensino médio, em 1984. Juntos, Ed Kowalczyk, Chad Taylor, Patrick Dahlheimer e Chad Gracey criaram a Public Affection — que virou Live em 1991 — e lançaram seu primeiro LP, The Death of a Dictionary, em 1989.
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Formada por jovens roqueiros de York, na Pensilvânia, a banda decolou na década de 1990 e chegou a tocar nos Woodstocks de 1994 e 1999. Capa da Rolling Stone EUA em janeiro de 1996, a Live sofreu até conquistar o estrelato, principalmente porque os fãs mal conseguiam pronunciar os nomes de seus integrantes, mas acabou vendendo milhões de discos.
Após atingir os topos das paradas, já no início dos anos 2000, contudo, a banda passou a enfrentar alguns problemas. O guitarrista Chad Taylor, por exemplo, teve sérias questões com álcool, além de enfrentar desafios de saúde mental, segundo a RS EUA.
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Em 2009, os desentendimentos eram tantos que a banda decidiu se separar. “Nós terminamos por e-mail”, lembra Taylor. “Ed enviou uma carta e disse: ‘Acho que devemos colocar essa banda em um hiato’. Todos nós respondemos em cerca de 30 segundos e dissemos que era uma ótima ideia. Não houve um de nós que lutou para mantê-la unida.”
Acontece que, além das questões pessoais (como supostas traições, desacordos com os direitos das músicas e até mesmo casos de agressões) que separavam os integrantes da Live, existia um terceiro fator muito decisivo para a situação que os músicos enfrentam hoje em dia. Retratado de diferentes maneiras por cada artista, esse fator chama-se Bill Hynes.
Conforme os músicos contaram para Andy Greene na reportagem da Rolling Stone, a banda conheceu Bill Hynes em meados de 2010. Na época, o homem surgiu como uma solução para a dissolução do grupo, lhes oferecendo maneiras de lucrar sem a Live — para Taylor, o novo amigo ainda era um possível financiador de um novo projeto, o Gracious Few.
Todas essas promessas foram feitas por um homem que dizia ser um rico investidor imobiliário, mas que, segundo registros públicos, havia declarado falência algum tempo antes. Para Taylor, contudo, Hynes chegou a prometer até mesmo uma gravação na Califórnia, na qual o Gracious Few poderia tirar algumas músicas do papel — os cheques usados para a reserva do estúdio, contudo, teriam sido devolvidos, versão que Hynes contesta com veemência.
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Hoje em dia, anos depois da polêmica, Taylor acredita que Hynes é um vigarista, cujo objetivo era usar a Live para enganar investidores. Em meados de 2012, quando o suposto enganador voltou para a vida dos músicos, contudo, Chad Taylor não pensou duas vezes antes de aceitar um novo plano mirabolante do homem que, dessa vez, queria apostar em fibra óptica.
Na época, tudo começou com o retorno de uma Live sem Ed Kowalczyk — que fora substituído por Chris Shinn. Sem apoio dos fãs, os integrantes do grupo aceitaram um curioso plano de Hynes e compraram um prédio na Pensilvânia que acabou desmoronando.
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Abalados com o desastre, os músicos entraram em outro acordo bizarro idealizado por Hynes: a criação da United Fiber and Data, uma empresa de fibra óptica. Sócios do negócio, Gracey, Taylor e Dahlheimer foram pegos de surpresa quando Hynes teve de deixar o cargo de CEO da empresa em 2019, após ser acusado de cometer diversos crimes contra sua ex-namorada.
No mesmo ano, Bill Hynes foi preso por roubo, perseguição e agressão brutal contra a mulher, que era uma funcionária da United Fiber and Data. Segundo a Rolling Stone EUA, o homem ainda é citado em cinco processos de falência na Pensilvânia, entre 2004 e 2012 — que Hynes afirma terem sido causados por roubos de identidade e falhas de sistema.
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Com a prisão de Hynes, os integrantes da Live puderam respirar aliviados mais uma vez, principalmente depois da reunião o grupo em março de 2020. Pouco antes de retornar aos palcos, contudo, a banda foi impedida pela pandemia — e também pela volta de antigas polêmicas.
Acontece que, em 2021, a Polícia do Estado da Pensilvânia revelou estar investigando um roubo de mais de US$ 3,82 milhões da United Fiber and Data. De lá para cá, enquanto o processo segue aberto, os membros da Live se comunicam apenas por advogados. Em 2021, Ed Kowalczyk separou-se dos outros três músicos e, em 2022, os demitiu da Live.
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Em entrevista à Rolling Stone, Chad Taylor diz acreditar que foi Bill quem destruiu a Live — segundo o músico, o “vigarista” teria até mesmo roubado mais de US$ 10 milhões dele e de seus companheiros de banda. “Eu era um otário”, disse Taylor. “Tenho pessoas que dependem de mim e confiei em uma pessoa que nos machucou. Eu falhei. Ainda não me perdoei.”
Para Chad Gracey, “tudo que aconteceu [com a Live] é por causa de Chad Taylor”. Ao repórter da Rolling Stone, ele afirma que Taylor é “um narcisista delirante e patológico que fez de Bill o bicho-papão de tudo o que aconteceu em sua vida. Não quero mais lidar com ele.”
Patrick Dahlheimer, por sua vez, falou sobre o tema em declaração enviada para a Rolling Stone. “Lamentamos permitir que Bill Hynes entre em nossas vidas profissionais e privadas. Nossa família está trabalhando diligentemente para removê-lo e seguir em frente”, escreveu.
Já Ed Kowalczyk disse acreditar que “Bill Hynes é inocente até que se prove o contrário”. “Eu nunca mais quero tocar com Chad Taylor novamente,” afirmou o vocalista, durante entrevista. “A melhor maneira de lidar com um narcisista é não lidar com ele, então não quero. Toda vez que ele abre a boca, ele está manipulando você, tentando controlá-lo ou intimidando você.”
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“Chad Taylor é um bêbado louco. Eu me arrependo de tê-lo conhecido”, afirmou Bill Hynes. Também entrevistado pela Rolling Stone EUA, o homem fez um acordo com promotores em 2022 e está em prisão domiciliar desde então, após não contestar os crimes de invasão criminal, roubo por engano, falsificação de crime, perseguição e agressão simples.
Para Chris Shinn, as polêmicas são muito mais complexas que Hynes e Taylor foram cúmplices nos supostos crimes financeiros. “Nunca houve nada que Taylor não soubesse quando se tratava de Live. Ele tinha todos os números. Não consigo imaginar que ele não sabia o que estava acontecendo. Dito isso, acho que Bill é o mais sujo dos dois. Ele pertence à prisão."
Agora, Hynes está processando Taylor por quase US$ 500 mil por uma nota promissória, que Taylor afirma ser inválida. Esse é um dos três processos que o ex-guitarrista da Live enfrenta atualmente — e que diz serem “coordenados” por Hynes.
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