Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Badauí, vocalista da banda, fala sobre pandemia, tecnologia e individualismo sem julgamentos
Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo) Publicado em 03/07/2024, às 16h31
Nome forte do rock no Brasil, o CPM 22 lançou neste ano o álbum Enfrente (2024), oitavo disco de estúdio da banda e sucessor de Suor e Sacrifício, lançado no ano de 2017. Com 14 faixas inéditas e autorais, o disco bebe na fonte da própria banda, que logo completará 30 anos.
Em conversa com a Rolling Stone Brasil, o vocalista do CPM, Badauí, explicou que a ideia de fazer um novo disco já vinha do final de 2019. O processo de composição começou "sem pressa" e a pandemia fez com que tudo demorasse um pouco mais. "Apesar de ter pensado em muita coisa, não tinha nem clima para pensar em disco," reflete.
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A volta da banda em 2022 e 2023, com agenda lotada, não fez com que a ideia do álbum fosse prorrogada novamente. "Comecei a conversar com o Luciano [Garcia] pra gente começar a compor o disco durante 2022 e gravar em 2023." Os shows fizeram com que o lançamento de Enfrente acontecesse somente em 2024, mas a banda se permitiu fazer isso com calma e o cantor afirma que tudo aconteceu "na hora certa."
Badauí relembra o período da pandemia com angústia. "Não só com a preocupação de como se bancar, mas também com medo de morrer." relembra. "Vendo um monte de gente morrendo, gente jovem. Falei 'f***m-se as dívidas, quero me manter vivo'."
Preocupação com a família, com os mais velhos. Mas de certa forma, isso colaborou de certa forma para esse sentimento que tem no disco novo.
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Uma das faixas do disco fala exatamente sobre como esse período afetou o grupo. Apesar da ideia do álbum ter nascido antes da pandemia, seria quase impossível não se afetar com o momento pelo qual o planeta passou.
"É uma música que fala sobre a pandemia, sobre como ela foi encarada pelo governo, enfim. Mas com uma positividade no refrão," explica. "Porque essa música foi composta na pandemia para ser lançada na pandemia, e eu acabei adaptando o tempo verbal do refrão. Era uma perspectiva do futuro e eu trouxe para o presente. Mas não deixa de ser um descarrego também, uma virada de página"
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O nome do disco veio a partir de um conceito que trouxesse uma palavra só e que fosse forte. Badauí confessa que não achava que essa era a palavra até o disco sair. A música que leva o nome do álbum, no entanto, é marcante.
Em "Enfrente," o músico reflete sobre como o mundo está individualista e como competições podem ser desleais. Ele fala sobre como há poucas chances para muita gente. "Ela fala sobre não desistir, ir em frente e sobre como qualquer oportunidade é uma saída."
A gente, como sociedade, se encontra um tanto egoísta. Ela fala sobre isso mesmo. É uma música muito verdadeira.
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Outro tema que surge no álbum de forma bastante reflexiva é a relação que criamos com a tecnologia. Para o cantor, o disco "toca em feridas da sociedade" com o objetivo de questionar por que não podemos ser melhores. "Sem ficar botando o dedo na cara."
Para abordar esse e outros temas que encontramos ao longo das faixas, a banda escolhei uma abordagem com uma dose de sarcasmo e escancarando verdades "de forma educada," como Badauí faz questão de ressaltar.
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Antes do lançamento do álbum, o CPM lançou como singles as faixas “Mágoas Passadas”, que ganhou videoclipe dirigido por Rodrigo Giannetto, “Dono da Verdade”, “Alívio Imediato” e “Covarde Digital.” Badauí revelou que acompanhou a repercussão das prévias na internet.
"A recepção foi muito melhor do que eu esperava, inclusive," confessa. O artista não viu ninguém falando mal do trabalho nas redes sociais e um dos comentários mais recorrentes é o de que o álbum remete ao mesmo sentimento do início da banda. "Estou muito feliz com o resultado. Com sonoridade, letras, com a verdade que a gente colocou nesse disco."
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O CPM 22 está chegando na marca de 30 anos. Com esse tempo de estrada, a banda acumula fãs de diferentes gerações e Badauí percebe um interesse por parte de pessoas mais novas no som do grupo e celebra isso.
"O nosso público tem uma variação de idade de uns 28 aos 45 anos, mas eu tenho visto uma molecada gostando. Tocamos em Nova Friburgo agora, um moleque de uns 20 anos mandou um áudio com os amigos dele, indo para o show."
Tenho visto isso, da molecada descobrindo a gente. Então tá bem legal a fase. E esse público, dos 30 aos 45, esses estão em todos os shows. Tá legal pra c***lho a fase.
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Apesar de ainda não ter um projeto específico estruturado para a comemoração de 30 anos, Badauí quer fazer algo para celebrar as três décadas da carreira após a turnê de divulgação do disco mais recente.
A banda tenta manter nas redes sociais a mesma proximidade que sempre teve com os fãs. Badauí conta que faz questão de atender uma quantidade considerável de admiradores no camarim e gosta do contato com os fãs. "O nosso público é muito unido, muito presente."
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Os fãs do CPM 22 poderão se reunir com a banda em São Paulo no dia 13 de julho, quando o grupo faz o show de lançamento de Enfrente na Audio. No dia mundial do rock, o grupo apresenta o disco na casa paulistana. A noite também terá show da banda convidada Armada.
Data: 13 de julho (sábado)
Abertura da casa: 21h
Previsão de início dos shows: 22h30 Armada / 23h30 CPM 22
Classificação: 18 anos
Local: Audio
Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 694 - Água Branca - SP
Capacidade da casa: 3.200 pax
Acesso para deficientes: sim
Área PNE: sim
Local para alimentação: sim
Preço: Entre R$70 (meia entrada para Pista) e R$100 (entrada inteira para Mezanino)
Ingressos: Ticket 360
Horário de funcionamento bilheteria Audio: segunda a sábado (exceto feriados) das 10h às 17h | Fechada das 13h às 14h
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