Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Day Limns também comentou a importância de Avril Lavigne e Hayley Williams no emo
Felipe Grutter Publicado em 07/09/2022, às 10h00
Um dos nomes de maior destaque no pop rock emo brasileiro atualmente, Day Limns foi confirmada como abertura do show solo de Avril Lavigne nesta quarta, 7, no Espaço Unimed (antigo Espaço das Américas). Vale destacar como Day sempre foi fã da cantora veterana - e se mostrou bastante emocionada com a oportunidade única.
Em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, Day falou sobre o surgimento do convite para a apresentação, expectativas e importância de Avril Lavigne à música. "Meu empresário me ligou na segunda, 5 de setembro, pela manhã e falou: 'Tenho uma notícia boa e uma notícia ruim para te dar.'" A boa, claro, era que ela recebeu proposta de abrir o show.
Aí eu comecei a chorar, assim, compulsivamente. Foi muito emocionante. Falaram que a Avril Lavigne pediu uma banda de abertura e eu fui a primeira opção da Live Nation. Ela aprovou e estamos aí.
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Mesmo com um convite "em cima da hora," Day já tem um show 100% pronto e preparado para envolver o público que assistirá ao show de Lavigne: "Vai ser basicamente o setlist que fiz no último show do Cine Joia, só que reduzido de acordo com o tempo que eu terei ali, mas vou entregar look, conceito, storytelling, muita música boa e rock and roll, obviamente."
O convite surgiu em uma data simbólica: cerca de 20 anos depois que Day Limns conheceu a icônica cantora franco-canadense. A brasileira conheceu Avril Lavigne em 2002, após um primo apresentar o trabalho da gringa - a música em questão foi "Sk8ter Boi." Mesmo com a admiração, Day nunca sonhou em abrir um show de Avril.
Abrir o show da Avril, confesso para você, não é uma coisa que passava na minha cabeça como um sonho, nem pensava que era uma possibilidade. Achava que meu sonho era ir ao show e conhecê-la.
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Atualmente, a indústria da música conta com diversos destaques femininos no rock, que normalmente voltava os holofotes aos artistas masculinos. Por exemplo, Demi Lovato, com nova era voltada ao rock, foi atração principal de um dos maiores festivais de música do planeta. Segundo Day, isso representa uma "vingança" de "nossas Avrils, Hayleys e Joan Jetts," em referência aos ícones Avril Lavigne, Hayley Williams e Joan Jett.
"Agora eu sinto que as mulheres estão vindo, e mulher preta, mulher LGBT, mulher que se posiciona e que não deita para ninguém, quem faz seu próprio caminho. É muito massa ver isso," afirmou. "São pessoas que foram diretamente influenciadas por pessoas como Hayley Williams e Avril Lavigne - e agora são o que são."
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Leia, abaixo, a entrevista completa que Day Limns concedeu à Rolling Stone Brasil sobre abrir show de Avril Lavigne:
Rolling Stone: Como que surgiu o convite para abrir o show da Avril Lavigne em SP?
Day: Meu empresário me ligou ontem cedo e falou: “Tenho uma notícia boa e uma notícia ruim para te dar.’ Aí ele me deu a ruim primeiro. Ele continuou: ‘Mas a notícia boa é que você vai abrir o show da Avril Lavigne dia sete.’ Aí eu comecei a chorar, assim, compulsivamente. E comecei a falar: ‘Você está mentindo, para de mentir!’ Aí eu chorando que nem uma criança. Foi muito emocionante, eu queria até que tivessem filmado essa parte, mas estava todo mundo dormindo, era bem cedo. Assim, emocionei demais, cara.
Falaram que a Avril Lavigne pediu uma banda de abertura e eu fui a primeira opção da Live Nation. Ela aprovou e estamos aí.
Rolling Stone: Como está a preparação para o show? O que seus fãs e os fãs da Avril podem esperar?
Day: Graças a Deus a gente tem um show muito bem ensaiado, eu tenho melhor banda do país, ouso dizer. Gee Rocha na guitarra, João Bonafé no baixo, Vítor Peracetta na bateria: eles estão muito preparados, eles vivem de palco tem muito tempo. A gente conseguiu ter bastante experiência junto e a nossa sinergia é surreal. Quem já foi em algum show pode contestar e comprovar isso.
Vai ser basicamente o setlist que eu fiz no último show do Cine Joia, só que reduzido de acordo com o tempo que eu terei ali, mas vou entregar look, conceito, storytelling, muita música boa e muito rock and roll obviamente. Vai ser tudo e muita emoção também pode ter certeza, porque eu acho que eu vou chorar.
Rolling Stone: Conta um pouco sobre sua relação com a música da Avril! Você tem alguma música favorita?
Day: Cara, conheço desde 2002, quando eu tinha seis pra sete anos. Meu primo me apresentou “Sk8ter Boi,” da Avril Lavigne, e eu lembro que eu falei como eu queria ser que nem ela quando eu crescesse. Bom, cá estamos nós, 20 depois, vivendo esse sonho de criança, literalmente.
Quando eu tinha 10 anos, ela veio ao Brasil pela primeira vez, eu morava em Goiânia e não tinha a menor condição de ir para o esse show, e aconteceu inclusive uma tragédia perto de mim: o pai do primo que me apresentou a Avril morreu faltando dois dias pro show. Eu já estava triste por não ir ao show e acabou acontecendo isso, então toda vez que eu lembro do show da Avril, lembro dessa tragédia.
Quando ela veio de novo em 2014 eu não conseguia ir de novo. Enfim, era só tristeza, frustração, mas eu sinto que tudo que ela trouxe e conseguiu proporcionar, a própria Hayley Williams fala que a gravadora não teria dado espaço para Paramore se a Avril não tivesse existido.
Então, tudo isso influencia diretamente no fato de eu estar aqui hoje. Do primeiro disco dela, a minha música favorita da vida, talvez, seja “Anything but Ordinary” por causa da letra que eu me identifico muito, que eu quero ser qualquer coisa menos comum. Isso é uma coisa que me toca muito e moldou um pouco a minha personalidade.
Abrir o show da Avril, confesso para você, não é uma coisa que passava na minha cabeça como um sonho, nem pensava que era uma possibilidade. Achava que meu sonho era ir ao show e conhecê-la.
Eu com essa sensação muito nova para mim, porque eu sempre achei que todo mundo e tudo conspirava contra mim o tempo inteiro. Porém, no momento que eu parei de me sabotar, eu comecei a enxergar o caminho com mais clareza e as coisas começaram a acontecer.
Rolling Stone: Você é um dos principais nomes do novo emo pop brasileiro. Como você enxerga a volta da popularidade do gênero?
Day: A gente vive uma pandemia, né? Tipo, muito sentimento ali ficou escancarado quando a gente está de cara só com nós mesmos, são muitos sentimentos a flor da pele. É muita frustração: esse momento que a gente está vivendo, de todas as desigualdades, as injustiças. Olha o nosso presidente. São muitas questões que fazem o jovem ficar emocionado.
Acho que não tem música melhor para isso, pelo menos comigo isso aconteceu. Eu tinha parado de sonhar, sabe? E aí eu comecei a resgatar: ‘Por que que eu comecei a sonhar?’ E aí só me vinha todas as referências quando eu era criança e era sempre isso: pop rock, pop punk e o emo. Comecei a resgatar isso e trazer para minhas músicas. Falei comigo mesma: ‘Quero ser uma rockstar!”
Sinto que as pessoas também estão com essa necessidade de se mostrar forte para passar por tudo isso que está acontecendo. Além disso, a gente está no momento no qual precisamos nos posicionar e aprender a fazer as coisas que nos agrada. Então, sinto tudo está tudo convergindo porque, além de tudo, é vintage - então é cool.
A cada 20 anos a gente vê isso acontecer, é coisa mal do mundo, e eu fico feliz de de estar com os meus anos e estar inteira para poder apresentar a minha versão do que eu acredito ser tudo isso.
Rolling Stone: Qual a influência e inspiração que o trabalho da Avril tem na sua carreira?
Day: Eu acho que é esse fator do “qualquer coisa menos o comum,” o fato dela sempre ser disruptiva. Numa época onde a gente tinha Britney, Madonna e o pop ali daquele jeito, ela falou: “Mano, eu quero muito estar onde essas mina estão, mas eu não quero fazer do jeito que elas estão fazendo.”
Talvez eu me identifique porque eu vi ela fazer, né? E eu acabei fazendo igual, querendo fazer que nem ela, não sei muito bem explicar isso, acho que a psicanálise deve explicar.
É uma influência muito direta, mesmo. Eu pedi um violão para minha mãe e para meu pai porque eu queria aprender a tocar as músicas da Avril. Eu fazia aula extracurricular de violão na escola, mas eles me ensinavam músicas específicas, daí eu contratei um professor particular para me ensinar as músicas da Avril. Eu via os acústicos dela e via quais eram os acordes que ela estava fazendo e imitava.
Nos concursos de talento da minha escola, teve um que eu toquei “He Wasn't” na guitarra. E eu cantei horrivelmente, toquei horrivelmente, obviamente não ganhei po*** nenhuma, eu só queria tocar Avril Lavigne na escola.
Bom, agora eu vou abrir o show dela! Ela é muita influência, eu não consigo tirar esse sorriso aqui do meu rosto desde ontem, tenho que cuidar bem da minha voz porque eu estava no Rio, peguei chuva e aí eu fui baqueada com essa notícia. Vou entregar o show da minha vida, vou dar o meu melhor e eu espero muito muito que ela me dê a oportunidade de conhecer ela de fato e agradecer.
Rolling Stone: Tivemos a Demi Lovato como atração principal do Rock in Rio e agora você é quem abre show da Avril. Para você, qual a importância de vermos vozes femininas representadas no rock atualmente?
Day: O que incrível é que, finalmente, nossas Avrils, Hayleys e Joan Jetts vão ser vingadas. Agora eu sinto que as mulheres estão vindo, e mulher preta, mulher LGBT, mulher que se posiciona e mulher que não deita para ninguém, que faz seu próprio caminho. É muito massa ver isso. São pessoas que foram diretamente influenciadas por pessoas como Hayley Williams e Avril Lavigne - e agora são o que são. Para mim a Willow é a elite.
E Demi é uma coisa tão perto do meu coração. Conheci em 2009 e já escrevi música para ela. Nossa história é muito parecida, até da ida do pop ao pop punk, então também rola muita identificação. Até a peruca que usei no meu clipe de “Clube Dos Sonhos Frustrados,” um ano depois, ela usou a mesma peruca num clipe dela. São muitas coincidências e fico com o coração quentinho, porque ela também grande referência pra mim.
Também falo em uma das minhas músicas de Disney Land e Hardcore, porque eu estava pop punk, mas aí foi quando eu fui ficando adolescente e a Disney entrou na minha vida.
A Disney entrou na minha vida quando o pop rock ainda estava em alta, então até Jonas Brothers fazia rock. Só que era o rock da Disney, né? Eu escutava muito isso. Então Demi está muito presente, ela moldou bastante a minha personalidade e, de certa forma, as minhas veias artísticas.
Ter pessoas que são tão honestas, no topo e ainda assim no rock, eu acho que é o que a gente precisa. Eu estou feliz de estar fazendo parte desse time também.
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