- Day Limns em VÊNUS≠netuno (Kimberly Koeche)
Entrevista

DAY LIMNS se levanta contra fundamentalismo religioso em novo álbum

Cantora reconhece os efeitos da repressão religiosa, enquanto amplia repertório musical em um acertado segundo álbum: 'para mim, é um ato político'

Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 17/11/2023, às 15h02

Diz o chavão que o segundo álbum apresenta para um artista as mesmas proporções de risco e oportunidade - o risco de decepcionar e a oportunidade de surpreender. Nesse sentido, VÊNUS≠netuno, de Day Limns, acerta ao mergulhar ainda mais fundo na identidade artística e filosófica da cantora de 28 anos.

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Capa de VÊNUS≠netuno (Kimberly Koeche)

 

Sucessor de Bem-Vindo Ao Clube, de 2021, VÊNUS≠netuno assume um lado mais vulnerável de Day, ampliando sua jornada emocional para temas até então só tratados tangencialmente em sua obra, como culpa, religiosidade e espiritualidade. A sonoridade acompanha o crescimento, indo do R&B ao new metal, dando um passo a mais do pop em direção ao rock.

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Tratar abertamente da religião e dos efeitos práticos do fundamentalismo a que foi submetida no passado surge como tema central no disco. "O álbum se trata disso, fazendo paralelos com a minha vivência na igreja debaixo de muita repressão religiosa", diz Day.

Day Limns em VÊNUS≠netuno (Kimberly Koeche)

 

Apesar de ter cantado timidamente sobre a repressão religiosa em faixas como "Fugitivos" no trabalho anterior, Day dá voz e potência em músicas como "VERMELHO FAROL" e "PURGATÓRIO" ao que classifica como um "ato político":

"Pra mim, é um ato político. Confesso que quero ser uma voz ativa contra o fundamentalismo religioso, que me acorrentou por muitos anos e deixaram marcas que tento curar com esse disco, por exemplo; e sei que muitos adolescentes, jovens e adultos vivem acorrentados também. Acho provocativo, e torna o meu posicionamento óbvio."
Day Limns em VÊNUS≠netuno (Kimberly Koeche)

 

O disco, é claro, ainda trata do amor romântico e da conciliação entre idealização, expectativas e realidades. "FIEL" (introduzida por um apropriado canto gregoriano) ganha força ao ilustrar a culpa da autossabotagem em um relacionamento com figuras de linguagem bíblicas - arcas, dilúvios, fiéis, que Day usa sem medo.

E abusa da simbologia para além do iconografia cristã. Fala através do zodíaco, já no nome do disco: "Na astrologia, Vênus simboliza o romance, beleza e arte e netuno a espiritualidade, ou tudo que transcende o terreno", conta.

"E uma pessoa 'vênus-netuno' tende a 'endeusar' o outro e ter dificuldades de lidar com a desilusão que isso pode causar."
Day Limns em VÊNUS≠netuno (Kimberly Koeche)

 

Ao navegar por terrenos tão comuns a ela própria, Day acaba transportando-se para dentro das composições com a segurança que se espera de um segundo álbum. Sem afastar-se do pop ou mesmo do emo, que referenciava em Bem-Vindo Ao Clube, ela aparece mais vulnerável e ao mesmo tempo tão segura de si, referenciando a si própria em momentos como a canção "CACOS".

No caminho, convida para o disco algumas poucas participações. Se a dupla Carolzinha e Jenni Mosello - quase onipresentes do pop atual - colaboram com as letras quase confessionais, a ótima participação das Hyperanhas em "APOKALÍPTIKA", ou de FROID em "CINZEIRO", somente reforçam a visão e o compromisso da artista com uma visão mais ácida, madura e legítima de seu próprio trabalho.

Caption

 

Ouça VÊNUS≠netuno abaixo:

 

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