Prestes a realizar mais um show histórico para a banda no Espaço Unimed, Lagum se prepara para a nova era da carreira após Depois do Fim (Deluxe)
Felipe Grutter (@felipegrutter) Publicado em 28/06/2024, às 13h30
Após lançar três discos de estúdio, Seja o Que Eu Quiser (2016), Coisas da Geração (2019) e Memórias (De Onde Eu Nunca Fui) (2021), Lagum precisava se reencontrar e reconectar enquanto banda. Então, Pedro (vocal), Chicão (baixo), Jorge (guitarra) e Zani (guitarra) miraram em outra sonoridade com a era mais extensa da carreira.
Tudo começou com o EP intitulado FIM, lançado em 16 de março de 2023, que antecedeu o quarto álbum dos mineiros, intitulado Depois do Fim, lançado quase um mês depois. Pode-se dizer que esses novos trabalhos apresentam uma ruptura na discografia da banda, conhecida pelo som roqueiro e acelerado, que ficou bastante intimista.
Essa mudança na sonoridade não foi exatamente uma escolha planejada há anos pelo grupo. Em setembro de 2020, Breno Braga, o eterno baterista Tio Wilson, morreu aos 34 anos em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Para Depois do Fim, Lagum não foi para o estúdio com a formação clássica, com vocal, guitarra, baixo e bateria.
"Foi o nosso primeiro trabalho sem um baterista. Até Memórias, geralmente tínhamos uma composição do Pedro, que chegava e todo mundo ia tocar junto como uma banda," afirmou Jorge em entrevista à Rolling Stone Brasil. "Era mais um processo de ter uma guia, de um violão, duma voz e dos instrumentos começarem a aparecer ali de uma forma de sobreposição."
Então foi muito natural a gente seguir por esse caminho, porque a gente estava sem o Tio, sem ninguém na parte rítmica que fizesse que procurássemos samples, construir as bateras de uma forma não orgânica. É interessante porque vai na contramão total do nosso show, que tem um caráter muito mais rock and roll, muito mais banda. É um álbum que tem um caráter mais introspectivo.
Além disso, o local das gravações do disco foi em uma espécie de fazenda em Souzas, distrito de Campinas, onde tinha um piano de cauda, instrumento que guiou bastante o processo criativo. Os artistas ficaram lá por dois meses, algo incomum na indústria da música atualmente, e puderam ter mais tempo entre si e as canções inéditas. "Isso tudo teve um impacto gigantesco na sonoridade e na forma que o disco tomou," explicou o guitarrista.
Segundo Chicão, a escolha de se hospedar em um local remoto foi para Lagum se reencontrar, visto que, nos últimos anos, com o isolamento social da pandemia de Covid-19 e cada integrante seguindo a própria vida, eles se sentiram isolados de certa forma.
"Foi muito importante para nós, que nos reencontramos não só como músicos, mas como amigos, como pessoas," celebrou o baixista. "Teve muita troca... alguns, com o passar dos anos, vão para um alguns caminhos de relacionamento ou de escolhas da vida, etc., e foi um processo para nos reconectarmos e entender a cabeça do outro, onde estava, porque estava e como estava."
O público consegue sentir isso tudo, ver esse texto no Depois do Fim. Para nós foi um período que não foi fácil, mas muito importante.
Entre todos os discos de estúdio da Lagum, Depois do Fim é o que mais teve tempo investido pelos integrantes. Além do EP, eles lançaram um álbum ao vivo e, mais recentemente, o Depois do Fim (Deluxe), cujo formato é inspirado nos de artistas gringos, como Mac DeMarco, com guias, versões experimentais e duas canções inéditas.
Parte dessa motivação, como Pedro explicou, foi estar mais íntimo ali dos fãs. "É uma maneira até um pouco mais desapegada de se fazer arte, mesmo, porque quando a gente faz o álbum a gente tem toda aquela preocupação estética e o repertório," disse o cantor. "Tudo precisa casar. No deluxe, a gente abre mão disso e recebe as pessoas dentro da nossa casa bagunçada."
Já a complexidade desta era da banda, que vai muito além de publicações em redes sociais e entrevistas, também mira outras maneiras de fazer divulgação ao longo da turnê. Por exemplo, o deluxe era divulgado aproximadamente um mês antes do lançamento, com dicas em shows, por exemplo.
"Ficar postando [nas redes sociais] é meio chato, né? É massante para nós e talvez para quem veja," opinou Pedro. "Tiveram outros trabalhos que lançávamos e falávamos entre a banda: 'E agora? É só ficar postando?'"
Historicamente, turnê já é um negócio para você divulgar o seu álbum. Com a turnê, a versão ao vivo e a versão deluxe, sinto que o projeto está completo e estamos prontos para partir pra outra fase, sabe?
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Um dos grandes shows e objetivos do grupo mineiro era fazer um show solo no Espaço Unimed, uma das principais e maiores casas de show em São Paulo. Eles cumpriram esta meta no segundo semestre de 2023, o que rendeu o álbum LAGUM AO VIVO.
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Para a segunda vinda do grupo ao Espaço Unimed, com ingressos esgotados, nesta sexta, 28, a ficha já caiu. Talvez role aquele nervosismo, mas cada integrante já está familiarizado com o palco e com noção da magnitude da banda, que conquistou os espaços com merecimento.
"Particularmente, eu chego até tranquilo esse ano no Espaço Unimed. Claro que eu estou falando isso agora faltando um mês, chegando lá na hora sempre dá uma adrenalina, você vê o tamanho daquela casa maravilhosa," comentou Chicão.
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"É bom para sentirmos o frio na barriga, voltar com uma proposta diferente, voltar com novas músicas, voltar com uma coisa especial porque aí torna a experiência única para cada vez que um fã de uma cidade vai estar assistindo ao show," complementou Jorge.
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