- Duquesa (Foto: @ibcardoso)
Entrevista

Duquesa expande universo Taurus em álbum versátil: ‘Potência muito grande’

Natural de Feira de Santana, Bahia, a rapper é uma taurina ‘raiz’ e traz músicas com muita atitude e originalidade em Taurus Vol. 2

Felipe Grutter (@felipegrutter) Publicado em 10/05/2024, às 07h00 - Atualizado às 12h00

Os signos fazem parte do cotidiano de diversos brasileiros, que analisam a própria vida e comportamentos com base nas definições e previsões do zodíaco. O tema, bastante usado na cultura pop, é a principal inspiração para Duquesa, rapper baiana de 24 anos, em Taurus Vol. 2, lançado nas plataformas digitais nesta sexta, 10, pelo selo Boogie Naipe.

Apesar de ser um tema bastante difundido na indústria do entretenimento, a artista usa do signo de forma singular, apenas para ditar o tom da sonoridade, letras e estilo, que dialogam diretamente com a arte dela, uma das mais talentosas e diferenciadas do meio do rap nacional.

O novo álbum é continuação direta do álbum Taurus, lançado em 30 de junho de 2023 com oito faixas, como a autointitulada, “99 Problemas,” “Única,” “Big D!!!!!” Durante entrevista à Rolling Stone Brasil para falar sobre o lançamento, a rapper comentou como decidiu trabalhar no segundo volume desta era porque queria um complemento além do digital.

Além disso, Duquesa queria que o público e quem ouvisse entrasse neste universo para ter um efeito a longo prazo. A temática é a mesma, mas ela também quis apresentar novos gêneros e quis arriscar para trazer outros horizontes na carreira.

Capa de Taurus Vol. 2 (Foto: Divulgação)

Ao longo das 13 faixas de Taurus Vol. 2, a cantora explora diversos gêneros musicais, como rap, trap, disco music e R&B, com maestria. Essa decisão de misturar sonoridades apenas complementa o repertório de Duquesa e a torna ainda mais completa como artista.

“Essa versatilidade veio com amadurecimento também do meu público. Conquistei primeiro o meu público, depois eu lhes mostrei para uma versão de mim que talvez não conheciam,” afirmou. “Organicamente eles vão gostar, eu acredito muito que eles agora estão mais amadurecidos para poder digerir melhor essa versão.”

Segundo Duquesa, Taurus “tem uma potência muito grande.” Na família, não apenas ela, que nasceu em 1º de maio de 2000, é taurina, mas a mãe também é. O signo é conhecido pela determinação e persistência, algo muito presente na vida pessoal e profissional da cantora.

Eu sou muito resistente à minha ideia e o que eu acho. Primeiramente, eu não suporto muita opinião. Opinião é boa quando eu peço. Acho que conflita muito com o meu criativo. Eu gosto muito de ser uma pessoa que estuda, busca e faz as coisas. Não gosto muito de ouvir muita gente.

Ela também destacou a “teimosia” atrelada ao signo de Touro e a segurança de sempre “apostar no certo.” Já o touro é um animal agressivo, algo que chega até a ser belo para Duquesa: “A fúria também é bonita, tem essa parte bela. E o ódio me move muitas vezes. Eu sou muito taurina. Primeiro de maio — abro o mês de maio. É uma coisa linda. Enfim, eu acho que eu tenho muito apego ao meu signo.”

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E o hip hop no meio do signo?

Para Duquesa, esse lance de signo que ela traz não tem encaixe com a cultura hip hop. Ou seja, a identidade de Taurus tem conexão maior com o público que se identifica com as letras ou daqueles que também são de Touro.

“Foi uma identidade que criei para mim enquanto Duquesa com meu álbum do que exatamente uma coisa que insiro na cultura hip hop,” explicou. “Essa nunca foi a intenção. Taurus é uma identidade, um álbum que ficará para a história [...]. Será um marco na minha carreira, não exatamente na cultura.”

Talvez a minha existência no cenário e na cultura hip hop pode ter algum efeito, mas o signo [também] é com quem se identifica com o meu jeito, com a minha personalidade. A cultura hip hop é outro bagulho. Foi só uma identidade visual minha, para meu trabalho e álbum.

Colaborações em Taurus Vol. 2? Melhor ainda: uma verdadeira Seleção em Taurus Vol. 2

Um dos elementos mais marcantes da carreira da rapper são colaborações com outros artistas, sejam eles do rap ou de outros gêneros musicais. Com Vol. 2 não é diferente, com parcerias com nomes como Go Dassisti, Jovem Dex, THS, Tasha & Tracie, Baco Exu do Blues, Yunk Vino e Zaila.

Cada nome surgiu no disco de maneira bastante natural. Por exemplo, Duquesa conheceu Urias quando participou de “Chata,” música de Boombeat, fez o convite e a dona de Her Mind (2023) aceitou. Já Zaila é uma revelação, que é rapper e também coreógrafa e dançarina de Duquesa.

Uma das melhores músicas de Taurus Vol. 2 é “Disk P@#$%&!,” feita em parceria com Tasha & Tracie, duas das principais artistas do rap nacional atualmente. Trabalhar com as gêmeas paulistanas era um sonho para Duquesa, que acompanhava o trabalho delas no blog de moda — muito antes da música.

Outro nome interessante é de Yunk Vino, descrito como “irmão de produtora e vida,” que sempre divide ótimas ideias com ela, assim como é confiável. Por fim, ela compartilhou uma história de vida com Jovem Dex, presente em “Milionário e José Rico.”

“A mãe do Dex e a minha mãe já trabalharam juntas, no mesmo posto de saúde. A gente morava em bairro próximo, e depois de muito tempo minha mãe veio contar essa história,” relembrou. “Nossas mães se encontraram após muitos anos num festival, no qual eu e ele participamos da mesma line.”

Eu não lembro disso, eu acho que era muito pequena para lembrar disso. Ele também não se lembra. Mas aconteceu. E é isso e agora a gente está aí fazendo música juntos. Espero que vocês gostem também.
Duquesa (Foto: @ibcardoso)

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Referências sonoras para um som único

Como veio de um estado conhecido pela variedade cultural e sonora, Duquesa cresceu ouvindo os mais diversos gêneros musicais, como reggae, arrocha, pagode, sertanejo, funk e rap. Então, na hora de compor, ela apenas sente a canção e começa o processo criativo.

Por falar no processo criativo, a artista é bastante rigorosa com o ambiente, e para de ouvir todo e qualquer tipo de música para focar naquilo que ela começará a trabalhar, tanto que não deixa que ninguém escute nada em som alto na casa dela.

Eu gosto de compor e de música. Se eu me sentir confortável e feliz no que faço, eu vou escrever, pode ser até um sertanejo. Para mim, não é arriscado fazer outros gêneros, é até motivo, porque me tira da zona de conforto. Minhas grandes inspirações se arriscaram a se tirar da zona de conforto. Isso é bom e construtivo.

Para Duquesa, quanto mais ocorre esse exercício de explorar outros estilos sonoros, ela consegue agregar tudo na profissão, algo que a torna uma rapper bastante versátil: “Sempre serei em prol da cultura hip-hop, mas vou prezar mais pela música. Enquanto eu amar a música, amarei o que eu faço. Essa vai ser a parada independente da batida.”

Tracklist de Taurus Vol. 2 (Foto: Divulgação)

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