Denunciantes questionam uso de inteligência artificial para reproduzir pessoas falecidas
por Heloísa Lisboa (@helocoptero) Publicado em 11/07/2023, às 15h42
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu nesta segunda-feira, 10, representação ética contra a campanha VW Brasil 70: O novo veio de novo, da Volkswagen do Brasil.
No comercial lançado em 3 julho, Elis Regina e a filha Maria Rita aparecem cantando “Como Nossos Pais”. Ao mesmo tempo e lado a lado, Maria dirige a nova Kombi ID.Buzz, enquanto Elis aparece dirigindo a Kombi clássica.
Os consumidores, cujas identidades são protegidas pela Lei Geral de Proteção de Dados, questionam se é ético o uso de IA (Inteligência Artificial) e deep fake para reproduzir a imagem de pessoa falecida. Uma atriz foi usada para recriar o rosto e movimentos de Elis, morta em 1982.
A autorização de herdeiros para a criação de cenas que nunca existiram também deve ser analisada pelo Conar. Além disso, os denunciantes indagam a falta de alerta sobre o uso de IA no vídeo distribuído.
O advogado Gabriel de Britto Silva enviou a denúncia recebida pelo Conar ao jornal O Estado de S. Paulo. Na representação, ele ainda acrescenta que Elis Regina e Maria Rita estão dirigindo desatentamente.
“Na propaganda de automóveis (...) Não se permitirá que o anúncio contenha sugestões de utilização do veículo que possam pôr em risco a segurança pessoal do usuário e de terceiros, tais como (...) desrespeito (...) às normas de trânsito de uma forma geral”, diz o Código.
O vídeo gerou polêmica por resgatar a relação da Volkswagen com a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Tanto Belchior, autor da canção utilizada no filme, quanto Elis Regina se posicionaram contra o período. “Como Nossos Pais” também é comumente associada à temática de conflito de gerações. Por isso, alguns telespectadores interpretam o uso da música como uma descaracterização do sentido original.
O filho mais velho de Elis, João Marcello Bôscoli, por outro lado, afirmou à Folha de S.Paulo que se emocionou e que não concorda com as críticas negativas sobre a propaganda:
"Se a gente for fazer essa revisão muito, muito apurada, vão sobrar quantas empresas?"
"O Conar abriu hoje, 10 de julho, representação ética contra a campanha 'VW Brasil 70: O novo veio de novo', de responsabilidade da VW do Brasil e sua agência, AlmapBBDO, motivada por queixa de consumidores.
Eles questionam se é ético ou não o uso de ferramenta tecnológica e Inteligência Artificial (IA) para trazer pessoa falecida de volta à vida como realizado na campanha, a ser examinado à luz do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em particular os princípios de respeitabilidade, no caso o respeito à personalidade e existência da artista, e veracidade.
Adicionalmente, questiona-se a possibilidade de tal uso causar confusão entre ficção e realidade para alguns, principalmente crianças e adolescentes.
A representação será julgada nas próximas semanas por uma das Câmaras do Conselho de Ética do Conar, garantindo-se o direito de defesa ao anunciante e sua agência. Em regra, o julgamento é efetuado cerca de 45 dias após a abertura da representação.
O Conar aceita denúncias de consumidores, assim como outras manifestações sobre a peça publicitária, bastando que sejam identificadas. Em obediência à LGPD a identidade dos denunciantes é protegida."
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