Em entrevista à Veja, o novo baterista do Slipknot revelou como aconteceu convite e audições para se juntar à banda estadunidense
Redação Publicado em 11/05/2024, às 11h54
Brasileiros vibraram ao saber que Eloy Casagrande é o novo baterista do Slipknot, banda estadunidense criada em 1995. A notícia foi confirmada no final de abril pelo próprio Slipknot, que publicou foto no Instagram dos nove membros do grupo e marcou Casagrande.
Em entrevista à Veja, Eloy revelou detalhes sobre o convite para se juntar ao Slipknot: "O convite surgiu em dezembro, através do empresário [deles]. Ele perguntou se eu tinha interesse em fazer, primeiramente, uma audição. Eu aceitei. Eles me pediram para gravar e enviar alguns vídeos aqui mesmo, do Brasil".
"Inicialmente foram três músicas, depois me pediram mais três, e perguntaram se eu tinha algum plano de ir para os Estados Unidos, e eu tinha uma apresentação marcada lá em janeiro, com o meu projeto de música instrumental, Casagrande & Hanysz", adicionou.
"Então eles adiantaram um pouco o meu voo, e fiquei cinco dias em Palm Springs, ensaiando com a banda completa. Depois eles me pediram para estender a estadia em mais cinco dias, para a gente gravar algumas coisas. Acho que isso também fazia parte dessa audição, eles jogavam ideias novas para mim, para ver como era a minha composição. Eles queriam me testar em todos os sentidos."
O baterista fez parte do Sepultura durante 12 anos até revelar que deixaria a banda em fevereiro deste ano. No final de 2023, o grupo divulgou sua turnê de despedida, mas Eloy não queria que sua carreira terminasse ali: "Eu recebi o convite para fazer o teste depois do anúncio da turnê. O grande lance, da razão de eu ter aceitado fazer a audição, foi o final do Sepultura. A banda iria acabar, e eu não queria parar de tocar bateria aos 33 anos de idade", disse.
Rolou um papo com o Slipknot, perguntei sobre a agenda deles, se daria para conciliar as duas bandas, mas eles falaram que não, não teria como, eu seria exclusivo. Então foi uma decisão minha, pelo término do Sepultura. Foi complicado, eu comuniquei eles quando tinha fechado o acordo, no dia 5 ou 6 de fevereiro. Logo nesse dia eu convoquei uma reunião e expliquei a situação. Foi isso, uma decisão individual.
O músico também relembrou suas conquistas com o Sepultura: "Foi um aprendizado gigantesco. Foram muitos anos, três álbuns de estúdio. Álbuns ao vivo. Muita composição. Muito tempo que a gente viajou junto. Olho para trás com um grande carinho e muita admiração. Além de um sentimento de muita gratidão, por todos esses anos. Por eles terem, naquela época, acolhido um baterista de vinte anos, dando uma grande responsabilidade na mão de uma criança".
"Mas eu sempre me preparei para isso, e acredito que amadureci muito. Viajando também, conhecendo diferentes etnias", continuou. "A gente foi para cerca de setenta, oitenta países. Tocamos na Mongólia, Chipre, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, China, Rússia, Ucrânia. Foi, com certeza, a maior escola da minha vida."
É difícil imaginar o metal como um todo sem as duas bandas, acho que teria uma lacuna. O Slipknot teve uma influência do Sepultura, eles falam isso abertamente em entrevistas e tudo mais. Quando fiz o teste, conversei com o Shawn, e ele disse que, quando estavam lançando o primeiro disco, era através da mesma gravadora do Sepultura. Na época, ele foi a um show deles, e lá estavam distribuindo o primeiro single do Slipknot. Então as bandas têm uma história interligada. A gente já fez shows juntos no passado, acredito que no futuro também vão rolar outros. Esse debate sobre quem vem primeiro, quem vem depois, o ovo ou a galinha, acho que é meio inútil. A gente tem que aproveitar o que cada músico e banda oferece, entender o cenário e respeitar a história de cada.
Casagrande confessou ainda que entrou em contato com o novo baterista do Sepultura, Greyson Nekrutman: "Eu já tinha o conhecido em janeiro. Quando fiquei sabendo que seria ele, mandei uma mensagem, desejei boa sorte. E ele também, agora, quando fui anunciado, escreveu para mim. Isso que é legal, a gente ter essa união, pelo menos no mundo 'baterístico'".
"Tenho amizade com o Jean Dolabella, um grande amigo que passou pelo Sepultura, falo com o Greyson. Quando o Jay Weinberg, que estava tocando com o Slipknot até eu entrar, veio ao Brasil, a gente saiu para almoçar. Nós mantemos essas amizades, e só desejo boa sorte para todo mundo."
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