Em Uma Bad, Uma Farra, Di Ferrero usa os altos e baixos da vida para criar arte e recomeçar [ENTREVISTA]

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Di Ferrero percorreu faixa a faixa do novo disco, Uma Bad, Uma Farra

Vitória Campos | @camposvitoria (sob supervisão de Eduardo do Valle)

Publicado em 06/05/2022, às 11h00
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- Di Ferrero (Foto: Divulgação / Bruno Trindade)

A vida é cheia de altos e baixos; são diversas alegrias seguidas de decepções. Mas, ao invés de se lamentar pelas injustiças do universo, Di Ferrero decidiu aproveitar a reflexão e transformá-la em arte em Uma Bad, Uma Farra (2022), primeiro disco solo do cantor. 

O álbum marca uma fase de confiança e recomeço do artista após tantos anos de NX Zero. Agora, Ferrero sabe que “não tem como ser feliz o tempo inteiro ou viver uma farra o tempo inteiro," afinal, esse é o ciclo que vivemos. Com isso em mente, cantor criou um projeto que mistura felicidades e tristezas ao som de um pop/punk, falando sobre amor, cancelamento, política, e, claro, viver intensamente. 

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Com 12 músicas, Uma Bad, Uma Farra chegou às plataformas digitais nesta sexta, 6 de maio — e conta com colaborações de Vitor Kley, Clarissa, Badauí e outros artistas. Pensando nisso, a Rolling Stone Brasil convidou Di Ferrero para percorrer faixa a faixa do novo trabalho. Confira:


"Twitt3r" 

"Não tinha outro lugar para ela [Twitt3r] ficar se não fosse como música de abertura. Porque, primeiro, comecei ela pelo Twitter, comecei falando, ‘já cansei de apagar o fogo.’ Tuitei isso e fãs começaram a retuitar e a escrever umas coisas. Enfim, comecei a compor ela dali e o apelido era "Twitt3r", só para não esquecer mesmo o nome da música — e o apelido virou o nome. Ela tem uma base do Red Hot [Chili Peppers], com um refrão do The Weeknd, se é que isso é possível; juntou dois mundos."

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"Aonde É o Céu"

"'Aonde É o Céu' foi minha apresentação para a nova fase. Ela me trouxe muita segurança para o álbum, porque ela me fez reviver uma fase dos anos 2000 e fala sobre um assunto muito relevante que já passei: todo mundo já cancelou e já foi cancelado. E, principalmente, todo mundo julga e às vezes não percebe se é moralista ou não nesse sentido. Então, não é à toa que ela foi a primeira a ser lançada como single."


"Um Brinde" (feat. Badauí)

"'Um Brinde' é uma música de celebração, de alegria, com um cara que sempre me ajudou que é o Badauí. Sempre quis fazer um single, um feat com ele, porque tiveram pessoas que conheci durante a minha carreira que me atrapalharam, [na verdade], ninguém nunca atrapalha a gente, mas tentam, né? [...] Ele sempre foi um cara que somou, sempre trouxe junto. Então é para celebrar isso, ele ser um ‘mentorzão’ para mim, um grande amigo e um cara que eu respeito."

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"Intensamente" (feat. Vitor Kley)

"'Intensamente' é a música de festival, [é como] chamo ela. Ela é uma música de festival do pôr do sol e, ironicamente, o menino sol que fez o feat. O Vitor Kley ia fazer outra música que é ‘Sorte’, e ele falou, ‘Oh, eu gostei dessa música ‘Sorte’. Mas eu quero ‘Intensamente.’’ Aí eu falei, ‘já que você quer, vai ser essa.’ E, por incrível que pareça, a música que chama ‘Intensamente,’ que o apelido dela era festival, vai ser tocada no Rock In Rio. Eu e ele juntos no horário do pôr do sol, muito fod*.”


"Uma Bad, Uma Farra"

"'Uma Bad, Uma Farra' é o resumo da arte de recomeçar e do ciclo que a gente vive. A diferença é que a gente vai enfrentar isso se arrebentando, sorrindo, se machucando. Só que é um ciclo que vai para cima, é uma crescente, não é reto, nem para baixo, você vai descendo e subindo, descendo, subindo, mas é sempre um zigue-zague para cima. Obrigado por me representar, 'Uma Bad, Uma Farra'!"

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"Polarizado"

"'Polarizado,' o nome é bem literal, já diz, é uma música de ao vivo. Ela vai ter um momento no show muito fod* [...] A canção é para falar de tudo o que a gente tem tanto em comum, apesar de o nome ser 'Polarizado', a gente tem muito em comum. Antes da gente discutir, a gente pode cantar ela junto, sabe? Então acho ela muito cool, acho ela a música mais cool do álbum, style, é uma vibe para você curtir. É um momento do show que vai ser especial.”


"Fake Song"

"Fake Song' é um banho de água quente, não é nem fria. Porque ela é uma pancada, é visceral. Ela tem um minuto e fala muito sobre uma coisa social, até da política que a gente vive de enfrentamento, estranhamento e de aparente distância que a gente tem um do outro — mas que a gente pode quebrar o muro, que é um muro de lama, assim que a gente enfia a mão consegue passar fácil."

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"Calma" (feat. Los Brasileiros)

"Calma é para a Isabeli [Fontana]. É porque realmente ela me traz isso, eu sou aparentemente um cara calmo, mas dentro da minha cabeça tem uma avalanche de ideias que me fazem ficar meio doido... Ela me traz várias saídas para esse meu mundo caótico de ideias, e tem a ver com o beat dela, não é? E é um feat com os Los Brasileiros, os produtores do álbum. Tem umas referências de casais raros, que nem a Rachel e o Ross de Friends, e o John [Lennon] e a Yoko [Ono] também, casais peculiares, né? Vamos falar assim, igual eu e Isabeli, improváveis às vezes."


"Descansa" (feat. Clarissa)

"'Descansa' é uma música maliciosa. É sexy, eu acho ela super sexy, sensual. É uma conversa entre duas pessoas e a Clarissa também encaixou muito bem, porque ela tem tudo isso nela. Ela também tem uma linguagem de rock and roll, emo dentro do mundo dela; e foi muito legal. Ela também é uma música divertida, porque ‘Descansa’ é uma desculpa para você ficar junto da pessoa, né? A gente cansa e descansa depois. Então é isso."

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"Amanhã Quem Sabe" (feat. Junior Lima)

"'Amanhã Quem Sabe' é uma música que tem um destaque na bateria do Júnior Lima, que é o cara que é meu irmão, meu amigo. Muito do meu vegetarianismo hoje é por causa dele também, que me influenciou. Ele é um multi-instrumentista foda, que joga uma música lá para cima tocando bateria. Mas esse som [Amanhã Quem Sabe] tem várias referências, tipo de ao vivo, de ser uma música tocada, de banda mesmo. É uma retomada do álbum ali."


"Sorte"

"'Sorte' é uma música que precisa ter, na minha opinião, em um álbum se preze, que é tipo uma 'cançãozona'. Tocada no violão é aquela coisa, e eu fiz uma coisa nela que eu nunca tinha feito em nenhuma canção, que é uma música que em três tempos que modula o tom, é influência do Aerosmith. É um baladão, assim que eu vi, queria cantar no show, imagino ela com a galera com os celulares. E a mensagem é muito simples, não é? É aquele momento que você conhece alguém que realmente dá uma mudada na sua vida."

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"Di Lema"

""Di Lema” é bem minha cara, porque eu queria terminar o álbum muito lá para cima. O primeiro álbum que eu ganhei na minha vida é o Dangerous do Michael Jackson, e tem muitas, muitas referências desse álbum nessa música. Eu faço muita coisa errada assim, eu faço várias coisas que eu marco e esqueço, que eu desmarco, que eu não entendo e tal, mas no final tudo dá certo e a música fala isso. Mesmo que você não tome um caminho que você quer fazer tudo perfeito, o final é perfeito, é como tinha que ser. Esse 'Di Lema' é isso, então acho que acaba o álbum lá para cima. Dá vontade de ouvir e começar de novo, sabe? Em vez de acabar em uma vibe menos dançante que isso. É bem dançante, bem anos 80, bem 'cool'."

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