Guitarrista fará quatro apresentações no país, em junho, como parte do festival itinerante Best of Blues and Rock
Igor Miranda Publicado em 10/05/2024, às 10h00
Poucos artistas internacionais podem dizer que visitaram o Brasil tantas vezes nos últimos 20 anos quanto Zakk Wylde. Ao longo de sua carreira, o guitarrista veio ao país seis vezes com o Black Label Society (2008, 2011, 2012, 2014, 2019 e 2022), duas com Ozzy Osbourne (2008 e 2018) e outras três como artista solo (2014 — junto do Metal All-Stars —, 2015 e 2019).
Mais uma viagem está prestes a acontecer. Em junho, o músico americano será uma das principais atrações do festival Best of Blues and Rock, junto do projeto Zakk Sabbath, com o qual toca músicas do Black Sabbath — grupo baluarte do heavy metal que notabilizou justamente seu patrão, Osbourne, a quem acompanha, entre várias idas e vindas, desde 1987. Ao seu lado, conforme o próprio confirmou, estarão o baixista John DeServio (Black Label Society, Pride & Glory etc) e o baterista Joey Castillo (Queens of the Stone Age, Circle Jerks, Danzig, Scott Weiland etc).
O evento itinerante acontece em quatro cidades e Wylde é a única atração escalada em todas elas: Rio de Janeiro (21/06), São Paulo (22/06), Curitiba (23/06) e Belo Horizonte (25/06). A depender do local, dividirá palco com Joe Bonamassa, Eric Gales, Kiko Loureiro, entre outros grandes nomes. O serviço completo está disponível ao fim da página e os ingressos podem ser adquiridos no site Eventim.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o sempre bem-humorado Zakk demonstrou empolgação por voltar novamente ao Brasil — “da última vez foi muito divertido” — e tocar com “Father Joe”, “Father Eric” e “Father Kiko”. Ainda é cedo para confirmar se um participará da apresentação do outro, mas não seria improvável, já que ele tocou “Crossroads”, clássico de Robert Johnson na versão do Cream, com Bonamassa, durante show em Los Angeles no ano de 2013.
“Joe é incrível. Como alguém pode não amá-lo? Joe detona na guitarra, nos vocais, lavando roupa, lavando louça... ele manda ver [risos]. É um amor de pessoa. Eric também é incrível, um grande cantor e guitarrista. E Kiko... esqueça tudo, ele é fora de controle, super incrível. Todos os caras são muito talentosos e têm suas próprias vozes.”
Para o repertório, garantiu 100% de clássicos do Sabbath, com foco nos seis primeiros álbuns do lendário grupo de heavy metal. A saber: Black Sabbath (1970), Paranoid (1970), Master of Reality (1971), Vol. 4 (1972), Sabbath Bloody Sabbath (1973) e Sabotage (1975). Até mesmo canções pouco contempladas pela banda original devem estar no set, como “Symptom of the Universe” e “Supernaut”.
“Todo o trabalho já está feito para nós. Todas as músicas clássicas já estão criadas, não temos que compor nenhum riff. Tudo já está feito. Só precisamos apresentar a refeição, sem ter que cozinhar.”
O Zakk Sabbath não é apenas um projeto de palcos. Dois álbuns — Vertigo (2020) e Doomed Forever Forever Doomed (2024) — já foram lançados com regravações das canções do Black Sabbath. O primeiro disco homenageia Black Sabbath (1970), enquanto o segundo presta tributo a Paranoid (1970) e Master of Reality (1971).
Ao falar sobre a banda louvada, Zakk Wylde não economiza nos adjetivos. O guitarrista, que também assume vocais — muito similares aos de Ozzy Osbourne —, define como “incrível” a obra do Sabbath, especialmente porque o legado foi construído não com base em hits, mas sim em álbuns completos. Ele diz:
“Isso mostra como a música é atemporal. Black Sabbath não era uma banda de singles, de canções pop que tocam na rádio. Quando você ouve o Guns N’ Roses, por exemplo, você escuta ‘Sweet Child O’Mine’ e logo conclui: ‘essa música é um hit’. Ou ‘November Rain’. Aerosmith tem 'Dream On'. São canções que se destacam. Mas com o Black Sabbath, é diferente. Não é como se eles pudessem tocar uma música e no final você já sabe automaticamente o nome dela, pois não são refrães a música toda. Não são como ‘I Want to Hold Your Hand’, dos Beatles. A estrutura não é de verso, pré-refrão e refrão grandioso que se repete. É tudo em torno de riffs incríveis, melodias de voz incríveis que Ozzy colocava, as letras incríveis e as performances de Bill Ward (bateria), Geezer Butler (baixo), Tony Iommi (guitarra) e Ozzy Osbourne.”
O músico deixa claro ter descoberto os pioneiros do heavy metal aos 11 anos de idade e garante tocar as canções com o mesmo entusiasmo que tinha na adolescência. Ao ser perguntado sobre o melhor álbum deste catálogo, ele não consegue responder de bate-pronto, mas menciona um trabalho que nem Osbourne admira tanto: Sabotage (1975). Concebido em meio a problemas internos entre a banda e seus empresários, o sexto disco do grupo apresenta clássicos como “Hole in the Sky” e “Symptom of the Universe”.
“Amo todos os álbuns, até o Never Say Die! (1978) e o Technical Ecstasy (1976), considerados mais obscuros. Mas obviamente, se você é fã, você terá lembranças pessoais conectadas a determinados álbuns. Isso é algo belo na música: ela pode te transportar para quando você tinha 14 anos de idade, lembrar-se de quando ouvia aquelas músicas na casa da sua avó. Agora... Ozzy não considera esse um dos melhores — ele acha que a boa fase acaba no Sabbath Bloody Sabbath —, mas eu acho Sabotage um dos melhores.”
A interpretação de Osbourne, inclusive, é o grande barato de Sabotage na opinião de Wylde. E gera um comentário bem-humorado do guitarrista.
“A performance vocal de Ozzy naquele disco é comparável à de qualquer outro grande cantor de rock em todos os tempos. É uma performance áspera, com muitos agudos, mas ao mesmo tempo influenciada pelo blues. É incrível. Eu sempre perguntava para Ozzy sobre o que ele fez naquele álbum, porque ele soa como Luciano Pavarotti. Eu perguntava se ele havia tomado vitaminas, cereais e aulas de canto naquela época. Ele dizia: ‘não, era apenas um monte de drogas e bebida’. Este é o café da manhã dos campeões [risos].”
Já que Ozzy Osbourne se tornou assunto, Zakk Wylde ofereceu algumas atualizações sobre o chefe. É de conhecimento público que o vocalista tem enfrentado uma série de problemas de saúde, como as consequências de uma forte queda sofrida em 2019 que o levou a fazer cirurgias no pescoço e o avanço de um diagnóstico de Parkinson, revelado ao mundo no ano seguinte.
O gigante do heavy metal tenta voltar aos palcos desde o início de 2019, mas não consegue. Ainda assim, de acordo com o guitarrista, está tudo bem com o cantor — que tenta se recuperar e não esquece o objetivo de retornar às turnês, mesmo aos 75 anos de idade.
“Eu ainda mando mensagens bobas e coisas assim para ele. Então, ele me manda coisas bobas de volta. Ele ainda está se recuperando da lesão no pescoço, fazendo terapia e tudo o mais. Ele acabou de gravar aquela música incrível com Billy Morrison (‘Crack Cocaine’), está cantando muito bem. Ele está indo muito bem, cara. Agora eles têm o podcast The Osbournes e é hilário. Mantenho contato com Oz, falo com ele o tempo todo. Tomara que ele se recupere e esteja pronto para tocar. Quando ele estiver pronto, eu também estarei, é só juntar a tropa.”
Embora esteja fora da estrada, Osbourne segue produtivo como artista de estúdio. Lançou dois álbuns nos últimos anos: Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022), este último com participação de Wylde em várias músicas. O guitarrista reflete:
“Foi ótimo poder participar. Hoje em dia, não é como no passado, em que você vai ao estúdio e todo mundo está lá. Você pode trabalhar estando de qualquer lugar, seja Califórnia ou Nova York, não importa: apenas te envio o arquivo e você segue a partir dali. Mas Father Andrew (Watt, produtor) veio aqui e ele é ótimo, demos muita risada, gravei minhas coisas e foi isso.”
Enquanto Ozzy não se recupera, Zakk tem se ocupado com outras iniciativas. A mais comentada nos últimos tempos é o seu envolvimento com o tributo oficial ao Pantera, incluindo dois integrantes clássicos: o vocalista Phil Anselmo e o baixista Rex Brown. Wylde fica a cargo da vaga deixada pelo guitarrista Dimebag Darrell, assassinado em 2004. Já a bateria é assumida por Charlie Benante (Anthrax), no posto que era de Vinnie Paul, falecido em 2018 devido a um ataque cardíaco.
O tom de voz de Zakk até muda ao falar sobre Pantera. É o único momento em que o divertido guitarrista evita qualquer tipo de brincadeira. Dá para sentir a ligação emocional com o projeto, cujas primeiras apresentações ocorreram na América Latina, no fim de 2022 — com o Brasil na rota para dois shows, ambos em São Paulo, um deles no festival Knotfest.
“Foi lindo apenas poder ver, todas as noites, essa coisa incrível criada pelos quatro. Toda essa gente vai para ouvir o que foi feito por Phil, Rex, Dime e Vinnie. É uma honra para Charlie e para mim podermos fazer parte disso e honrar nossos irmãos, ver quanto prazer a música que eles criaram traz às pessoas, ver o quanto as pessoas estão felizes. Assisti ao Pantera em pequenas casas de shows, quando eles tocavam para 10 pessoas, sabe? Agora, pela primeira vez, vários fãs mais jovens têm a oportunidade de ouvir essas músicas ao vivo. Para mim, é algo lindo.”
Wylde evita definir a iniciativa como uma volta do Pantera — ele prefere o termo “celebração” a tributo” — e também desconversa quando o assunto é gravar músicas novas. Não há, segundo ele, qualquer discussão nesse sentido; no máximo incluir canções diferentes ao repertório atual, como feito com “Floods” recentemente. Até mesmo o plano de lançar um álbum ao vivo, antecipado por Charlie Benante em recente entrevista, foi despistado: “faremos o que os caras quiserem, mas vamos ser realistas: fazemos um álbum ao vivo todas as noites, pois as pessoas gravam tudo com seus celulares”, diz o guitarrista.
O início e o fim do bate-papo foram marcados por novas informações sobre o Black Label Society, banda capitaneada por Zakk Wylde desde o fim da década de 1990. Quando atendeu a reportagem da Rolling Stone Brasil, o músico estava saindo de seu estúdio, onde concluía algumas gravações para o próximo álbum do grupo.
O sucessor de Doom Crew Inc (2021) ainda está sendo feito e não tem data para sair — embora seja previsto para 2025. À época do bate-papo, entre 15 e 18 canções já existiam em formato de demos. A expectativa era que John DeServio e o baterista Jeff Fabb comparecessem ao estúdio para registrar suas partes e, enfim, selecionar o repertório do disco.
De forma poética, o guitarrista concluiu a entrevista dizendo o que esperar do novo material do BLS:
“As músicas são sempre compostas com dança, com passos de dança em mente. Caso contrário, eu nem tenho uma música. Se eu não consigo dançar, ou fazer hot yoga ao som da música, desistimos. Nem nos preocupamos em começar.”
Que os shows do Zakk Sabbath no Brasil também sejam desta forma. Confira o serviço das apresentações a seguir.
- Data: Quinta-feira, 20 de junho de 2024
- Local: Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo - Rio de Janeiro/RJ)
- Horário: 20h30 (portas abrem às 18h30)
- Line up: Eric Gales e Joe Bonamassa
- Ingressos: a partir de R$ 195,00 (meia-entrada) no site Eventim.com.br
- Data: Sexta-feira, 21 de junho de 2024
- Local: Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo - Rio de Janeiro/RJ)
- Horário: 21h00 (portas abrem às 19h00)
- Line up: Kiko Loureiro e Zakk Sabbath
- Ingressos: a partir de R$ 195,00 (meia-entrada) no site Eventim.com.br
- Data: Sábado, 22 de junho de 2024
- Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Ibirapuera - São Paulo/SP)
- Horário: 14h00 (portões abrem às 12h00)
- Line up: Di Ferrero, CPM 22, Eric Gales, Joe Bonamassa e Zakk Sabbath
- Ingressos: a partir de R$ 250,00 (meia-entrada) no site Eventim.com.br
- Data: Domingo, 23 de junho de 2024
- Local: Live Curitiba (Rua Itajubá, 143 - Novo Mundo - Curitiba/PR)
- Horário: 20h00 (portas abrem às 18h00)
- Line up: Hibria e Zakk Sabbath
- Ingressos: a partir de R$ 295,00 (meia-entrada) no site Eventim.com.br
- Data: Segunda-feira, 24 de junho de 2024
- Local: Live Curitiba (Rua Itajubá, 143 - Novo Mundo - Curitiba/PR)
- Horário: 20h00 (portas abrem às 18h00)
- Line up: Eric Gales e Joe Bonamassa
- Ingressos: a partir de R$ 195,00 (meia-entrada) no site Eventim.com.br
- Data: Terça-feira, 25 de junho de 2024
- Local: Arena Hall (Av. Nossa Sra. do Carmo, 230 - Savassi - Belo Horizonte/MG)
- Horário: 21h00 (portas abrem às 19h00)
- Line up: Yohan Kisser e Zakk Sabbath
- Ingressos: a partir de R$ 245,00 (meia-entrada) no site Eventim.com.br
- Em todas as cidades a classificação etária é de 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal).
- Vendas: Eventim (online) ou na bilheteria na entrada dos locais, nos dias dos shows.
- Importante: adquira seus ingressos na plataforma oficial. A Dançar Marketing e a Eventim não se responsabilizam por ingressos adquiridos em plataformas não oficiais de vendas.
- Realização: Dançar Marketing
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