Músico brasileiro que chamou atenção de Kravitz com talento no baixo conta à Rolling Stone Brasil como foi parar no estúdio de gravação do rockstar: "se você não tocar ali, você não toca em lugar nenhum"
Redação Publicado em 10/05/2024, às 16h39
Resumir o currículo de Fernando Rosa não é tarefa fácil. Aos 42 anos, o músico paulistano, virtuoso do baixo, viu seu talento virar pioneiro em várias frentes: foi ele o primeiro brasileiro entre os artistas da fabricante Ernie Ball Music Man, foi reconhecido como um dos mais influentes do portal especializado Scott’s Bass Lessons e ganhou até um modelo da Fender assinado com seu nome - com direito à sua própria cor, o Fernando Rosa Green.
Entre as maiores conquistas, ganhou a atenção de nomes como Adam Levine, Slash e Duff McKagan, do Guns N’Roses. De baixo em punho, ele também celebrou um reconhecimento particular, o de Lenny Kravitz. Do convite para um ensaio em sua casa em Los Angeles, Kravitz o escalou posteriormente para seus shows e até mesmo para o estúdio, onde finalizava seu próximo álbum: com previsão de lançamento para o dia 24 de maio, Blue Electric Light deve ter a participação de Rosa em algumas faixas.
"O primeiro contato que a gente teve foi meio isso, 'ei irmão, vamos tocar'. Aí falei, 'caramba, vamos tocar' e fui para Los Angeles, onde ele arrumou um galpão cheio de instrumentos, um monte de músicos, e aí fomos fazer uma jam session. Ficamos uns dois dias tocando um monte de coisa. Ficamos brincando mesmo", conta o brasileiro sobre a aproximação com Kravitz.
Das primeiras jams, veio a conexão. Rosa conta que ele e Kravitz guardam semelhanças quanto às influências de cada um: "ele é um cara muito eclético para som, gosta de jazz, gosta de blues, gosta de rock'n'roll, de funk... e a gente é muito parecido, porque eu também gosto".
O contato inicial daria espaço ao convite para as Bahamas, onde Fernando participaria novamente de uma série de ensaios com o rockstar. Um dia antes da data prevista para o retorno ao Brasil, no entanto, o paulistano acabou abordado pelo próprio Kravitz, que pediu que estendesse a estada - uma lembrança boa de Rosa, que recorda as longas sessions com intervalos nas praias paradisíacas do Caribe.
A essa altura, Fernando, que tocara com o rockstar em diversos shows, já tinha conferido o álbum inédito do astro. Daí a surpresa, quando o produtor do roqueiro o chamou para gravar uma participação no disco:
"O produtor chegou para mim e disse: 'olha, você tá aqui porque o Lenny quer que você grave algumas músicas para o disco novo dele'. Mas eu já tinha ouvido o disco, já tava pronto. Questionei o produtor, que me disse que o Lenny queria o meu toque. Aí gravei três, quatro faixas. Não sei como tá agora, se vai manter ou não, mas que eu gravei, gravei. Acredito que vá estar, sim."
Sobre a experiência de tocar com Lenny Kravitz, Fernando confirma que o astro é exigente, perfeccionista, "sabe o que quer, tem bem definido", mas reconhece a genialidade por trás do processo: "Ele conhece tudo, é um gênio. Sabe compor, sabe tocar, sabe cantar... os discos são ele quem cria tudo, tem um processo criativo dele mesmo."
"Você me perguntou como é tocar com Lenny Kravitz - tocar com o Lenny é muito fácil! Porque você tem um puta artista, canta pra caramba, composição foda, os caras que tão do meu lado são os melhores do mundo, uma parede de Ampeg dos anos 1970, um Fender Jazz Bass 1965, baixos, som, timbrem, referências, roupa... cara, não tem o que fazer. Se você não tocar ali, você não toca em lugar nenhum."
Confira abaixo o papo completo de Fernando Rosa com a Rolling Stone Brasil:
Alanis Morissette: “me envergonhava do fato de que ganho vida à noite”
A crítica que Noel Gallagher recebeu do filho sobre tocar guitarra
Snoop Dogg responde letra de Kendrick Lamar que o critica por apoiar Drake
Bob Dylan se manifesta sobre rumor de que proíbe as pessoas de olhar para ele
A curiosa e destrutiva lição que Joe Walsh aprendeu de Keith Moon
A loucura que era tocar no Guns N’ Roses nos anos 90, segundo Matt Sorum