Baixista diz que nunca saiu com baterista fora dos compromissos da banda, mas exalta conexão musical que eles têm com base na troca de olhares
Igor Miranda Publicado em 04/01/2023, às 19h09 - Atualizado às 19h25
A parceria entre Flea e Chad Smith, respectivamente baixista e baterista do Red Hot Chili Peppers, é uma das mais afiadas do rock e da música em geral. Os dois tocam juntos desde 1988, quando Smith entrou para a banda e pôs fim a uma busca de anos por um titular estável das baquetas.
Era de se imaginar que os dois também fossem grandes amigos, certo? Errado. Em entrevista ao podcast Broken Record, do produtor Rick Rubin, Flea admitiu que sua relação com Chad Smith é muito mais profissional do que pessoal.
Inicialmente, conforme transcrição do Music Radar, o baixista disse ter conexões bem íntimas com o vocalista Anthony Kiedis, que está junto dele no Chili Peppers desde a fundação da banda, e do guitarrista John Frusciante, que entrou também em 1988 - apesar de uma série de idas e vindas nos anos seguintes. Não ocorre o mesmo com o colega de “cozinha”.
“Com Chad é engraçado, porque meu relacionamento com Anthony é muito pessoal e muito parecido com o de irmãos. Meu relacionamento com John também é muito pessoal, emocional, intuitivo, conectado. Mas meu relacionamento com Chad é que não saímos juntos fora da banda. Nunca. Provavelmente já estive na casa dele só uma vez, é uma coisa diferente.”
O músico destacou, ainda, que ao lado de seu colega as coisas se dão de forma “muito fundamentada e rítmica”. Ainda em suas palavras, não há “besteira” entre os dois.
“Não que os outros tenham besteiras com relação a isso, mas Chad e eu conversamos apenas pelo olhar. Muito raramente falamos sobre questões emocionais e espirituais ou até mesmo coisas que nos incomodam ou aspirações. É só que nós mandamos ver com alguns grooves. [risos]”
Durante a mesma entrevista, Flea relembrou de uma ocasião onde a esposa de Chad Smith, Nancy, pediu vídeos dos companheiros de Red Hot Chili Peppers falando sobre o baterista. A ideia era montar uma homenagem a ele em seu 50º aniversário - o músico tem hoje 61 anos, então a solicitação ocorreu há mais de uma década.
“Eu meio que disse: ‘Olha, Chad e eu, não falamos emocionalmente sobre essas coisas sobre as quais eu normalmente falaria nessas circunstâncias’. A gente se fala por intermédio da música, olhando um para o outro e sabendo quando trabalhar em um ritmo, quando eu devo fazer algo ou quando ele deve fazer algo. Todas essas complexidades de ritmo que dão cor a uma música de forma tão profunda. E fazemos isso olhando um para o outro.”
Inicialmente, o baixista ficou um pouco envergonhado pela situação. No entanto, um pensamento específico o fez entender que ele não deveria se constranger.
“Eu acabei chegando à seguinte conclusão: por que diabos eu deveria sentir que isso é menos significativo do que conversar, falar sobre nossa maldita ‘criança interior’ ou algo assim? Essa é uma bela conversa que Chad e eu compartilhamos e sou muito grata por isso. É assim que somos e isso é incrível.”
Por fim, Flea destinou uma série de elogios a Chad Smith. O talento e o poder do baterista foram exaltados por seu colega de décadas.
“Chad é tão poderoso, como fisicamente poderoso na bateria. A dinâmica que ele pode alcançar… o potencial de onde ele pode ir é como uma manada de elefantes. A força física, o volume e a força de onde ele pode ir estão sempre lá. Eu posso olhar para ele e dizer: ‘aqui vamos nós, filho da p#ta’. E eu sei que ele vai explodir como uma p#rra de uma bomba nuclear. Eu que me vire para lidar com isso, sabe? E também tipo: ‘ei, é hora de ficar realmente sutil, quieto e bonito’. Ele também é capaz disso. Muito dinâmico.”
Uma comparação entre Smith e o lendário baterista do Led Zeppelin, John Bonham, foi feita para encerrar a declaração.
“Chad é um baterista muito tradicional, um baterista de rock de verdade, estilo Bonham. Ele pode tocar mais pesado do que qualquer baterista que já vi em toda a minha vida. Isso me dá tantas opções. Eu posso fazer uma entrada com ele e de repente fica tudo bem pesado. Ou então posso dançar em meio à linha de bateria e isso gera algo totalmente diferente se eu fizer linhas sincopadas, entre os buracos do ritmo. Isso abre muitas possibilidades.”
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