Grande fã do Fab Four de Liverpool, vocalista e baixista fez menção para exemplificar como nem todas as bandas foram feitas para durar
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 27/12/2024, às 16h50Gene Simmons está afiado em suas entrevistas recentes. Após ter reforçado sua tese de que o rock morreu e dito que jovens fãs sequer conhecem Pearl Jam e Nirvana, o vocalista e baixista do já encerrado Kiss traçou uma comparação sinuosa entre sua banda e os Beatles.
Vale enfatizar: não é como se Simmons estivesse menosprezando ou debochando do Fab Four de Liverpool. O músico (literalmente) linguarudo sempre mencionou o quarteto como seu grupo favorito. Isso, porém, não o impediu de fazer um comentário que pode ser recebido com certa controvérsia.
Aconteceu durante entrevista a Michael Franzese (via Blabbermouth). Gene foi perguntado sobre as origens do Kiss, banda que encerrou sua trajetória em dezembro de 2023 após mais de cinco décadas na ativa. Ele declarou, inicialmente:
“Cientistas falam sobre esse tipo de coisa chamada ‘singularidade’. As coisas simplesmente acontecem, não com frequência, apenas de vez em quando. Quando os planetas se alinham, você tem a coisa certa no lugar certo na hora certa. A primeira dessas coisas foi quando conheci meu parceiro, Paul Stanley [vocalista e guitarrista]. Decidimos montar uma banda que nunca tínhamos visto. Gostávamos de The Who, Jimi Hendrix e Beatles, bandas com visuais únicos. Em seguida, pegamos Ace [Frehley, guitarrista] e Peter [Criss, baterista e vocalista].”
A entrada de Criss rendeu uma declaração à parte de Simmons. O baixista disse que o baterista chamou sua atenção por fazer um show “em um pequeno clube de cavalheiros usando cachecóis e cantando Wilson Pickett e R&B no geral”. “Esse cara tinha a voz e a atitude”, complementou.
Todavia, Ace e Peter tiveram problemas com álcool e drogas — e acabaram saindo do Kiss no início da década de 1980. Surgiu aí a comparação com os Beatles.
“A banda começou mas nem todo mundo tem os genes. Nem todo mundo pode correr uma maratona. Existem algumas pessoas cujos genes, cujos DNAs, são mais do tipo que se corre uma corrida curta. É por isso que muito poucas bandas duram muito tempo. Chocantemente, os Beatles duraram sete anos. Já nós estivemos ativos por cerca de 52 anos, com integrantes diferentes e tudo mais, porque nem todo mundo dura.”
Na verdade, os Beatles duraram uma década, entre 1960 e 1970. O primeiro álbum foi lançado em 1963, mas o grupo já existia antes disso.
Em outro momento da conversa, Gene Simmons apontou que talvez o Kiss não faria sucesso da mesma forma se dispensasse suas famosas maquiagens. Não se trata apenas desse aspecto: para o músico, a perda de qualquer elemento da “singularidade” mencionada no início da entrevista prejudicaria o êxito comercial da banda.
“Existe uma questão: a coisa certa no lugar certo na hora certa. Se você tirar qualquer uma dessas coisas, as chances diminuem. Se você colocasse o Kiss ou Jimi Hendrix ou alguém assim em outra era, não funcionaria porque os ouvidos das massas não estavam sintonizados com isso — acontecerá da mesma forma se você pegar as grandes bandas daquela época e colocá-las hoje.”
Reforçando o ponto de vista, ele arremata: o sucesso é “um grande quebra-cabeça” que funciona com “a maioria das peças juntas”.
“O visual, inclusive, ajuda. Little Richard colocando as pernas para cima do piano e tocando piano como um homem selvagem não tem nada a ver tem a ver com as músicas, mas ajuda na encenação. Chuck Berry fazendo o duck walk. O que isso tem a ver com a música? Nada. Mas quando você o vê ao vivo, realmente ajuda.”
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