Marcão Britto repudiou 'quebra-quebra ou atos terroristas,' mas declarou que 'o povo está cansado de tanta injustiça e opressão por tudo que já sofreu'
Igor Miranda Publicado em 11/01/2023, às 13h04
O guitarrista do Charlie Brown Jr., Marcão Britto, manifestou-se nas redes sociais após ter sido acusado por internautas de demonstrar apoio aos ataques antidemocráticos em Brasília. No último domingo (9), apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.
Conforme repercutido inicialmente pelo site Tenho Mais Discos Que Amigos, Marcão publicou fotos dos ataques com um trecho da música “Eu Protesto”, lançada pelo Charlie Brown Jr. em 2001 no álbum 100% Charlie Brown Jr. - abalando a sua fábrica. A canção tem letra crítica a políticos, o que fez seguidores pensarem que o guitarrista estaria apoiando os autores dos atos terroristas.
Algum tempo depois o conteúdo sumiu no Instagram, levando a crer que diretrizes da rede social haviam sido desrespeitadas. Porém, esteve no ar tempo suficiente para que o próprio músico visse críticas feitas a seu post. Diante disso, ele resolveu explicar seu posicionamento.
“Censura??? Que me*** é essa? Apagaram meu post. Qualquer um que me conhece ou sabe o que faço, sabe que nunca compactuei com nenhum político e muito menos com violência. Errado, sim, são essas pessoas que promoveram o quebra-quebra ou atos terroristas, como quiserem chamar, e principalmente errado está a segurança dos prédios públicos que foi incompetente e permitiu que isso acontecesse, não se preparou para algo que na minha opinião era iminente. Só acho que o povo está cansado de tanta injustiça e opressão por tudo que já sofreu.”
Ainda no texto, Marcão declarou ser a favor “da liberdade de expressão” e disse não enxergar “nada de errado” com o que foi postado. “É que às vezes parece ser necessário desenhar para algumas pessoas que querem adivinhar o que você pensa. Errado é quem veio aqui na minha página me julgando e tirando conclusões apenas porque postei um fato que hoje ocorreu, com uma letra do CBJr que, apesar de não falar sobre terrorismo, fala sobre a opressão gerada pela política.”
Por fim, o guitarrista disse não concordar com políticos que se dão “aumentos absurdos e com tudo pago - auxílio isso, auxílio aquilo - enquanto vemos a população ganhando uma migalha, um aumento vergonhoso no salário mínimo, os hospitais lotados, crianças morrendo com balas perdidas”.
“Essa realidade me deixa muito triste… Sonho que um dia poderemos viver sem essa polarização, sem lado A e sem lado B, e sim todos unidos por um país melhor. Não é tão difícil de entender isso, mas percebo que muitas pessoas precisam sempre encontrar algo para bater, umas foram ao congresso, outras vieram na minha página. Não tenho político de estimação e nunca fui ajudado por nenhum deles, nunca me vendi para nenhum e, assim como todos vocês, desejo o bem geral da nação. Não só para mim, mas para as próximas gerações! #Paz Por um mundo com menos ódio e mais amor no coração.”
Na seção de comentários, um internauta seguiu questionando o posicionamento de Marcão, que, segundo ele, não se posicionou “de forma clara contra o fascismo”. O músico rebateu: “Mano… Só um idiota para achar que apoio o fascismo! O problema é que colocaram na cabeça da galera que se você não apoiar o Lula então você é bolsonarista e fascista… pelo amor de Deus… ninguém precisa se sentir na obrigação de apoiar político nenhum”.
Outra fã disse entender que todos têm direito à liberdade de expressão, mas não à depredação pública, e que quem não escolhe um lado “está do lado do opressor”. Marcão disse em resposta: “Mas quem está apoiando essa depredação também faz parte do sistema. O trecho da letra ‘Eu Protesto’ é contra o sistema, o que tem de errado nisso?”
Nascido em Santos no dia 1º de outubro de 1970, Marcão Britto integrou inicialmente o Charlie Brown Jr. desde sua fundação, em 1992, até 2005, quando saiu ao lado do baixista Champignon e do baterista Renato Pelado. Retornou em 2011 junto de Champignon e permaneceu até março de 2013, quando as atividades foram encerradas após o vocalista Chorão falecer em decorrência de uma overdose.
No mesmo ano, formou o grupo A Banca com os remanescentes do Charlie Brown Jr. Champignon assumiu os vocais, enquanto o baixo ficou a cargo de Lena Papini. O projeto durou por pouco tempo, pois em setembro de 2013 Champignon cometeu suicídio.
Entre os projetos mais recentes de Marcão estão o Bula, banda formada com Lena Papini e o baterista André Pinguim (ex-Charlie Brown Jr.) onde assume vocais e guitarra, e a reunião em tributo ao Charlie Brown Jr. com participação de todos os integrantes ainda vivos, exceção feita a Pelado.
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