Banda de hard rock virou alvo de chacota após dardo atirado em pôster do vocalista Kip Winger no clipe de “Nothing Else Matters”
Igor Miranda Publicado em 05/09/2023, às 11h00
Pode parecer um exagero, mas um desenho animado e uma cena de um videoclipe são creditados por terem ajudado a destruir a carreira do Winger, uma das bandas de maior sucesso do hard rock americano no fim dos anos 1980.
A animação citada é Beavis and Butt-Head, fenômeno cultural da MTV no início da década seguinte. E o vídeo citado é o feito para “Nothing Else Matters”, canção disponibilizada pelo Metallica em 1991.
Primeiro, o desenho: exibido originalmente entre 1993 e 1997, Beavis and Butt-Head narrava a vida de dois adolescentes com os mesmos nomes do programa de TV. Entre os demais personagens que compunham a trama, estava Stewart Stevenson, um garoto que era alvo de bullying por parte dos protagonistas. Enquanto a dupla principal usava camisetas de bandas como AC/DC e o próprio Metallica, exemplos de artistas “descolados”, o menino zoado trajava uma peça de roupa do Winger, o que transformava fãs do grupo na vida real em chacota.
Agora, o videoclipe: em um breve trecho da filmagem de “Nothing Else Matters” que rodou bastante na MTV entre 1992 e 1993, o baterista Lars Ulrich atira um dardo em direção a um pôster de Kip Winger, vocalista e baixista da banda batizada com seu sobrenome. Não havia motivo aparente para isso; tratava-se apenas de um deboche.
Obviamente, a derrocada do Winger - que nunca mais lançou um trabalho de sucesso após o disco de estreia homônimo (1988) e In the Heart of the Young (1990) - não se justifica apenas por esses dois episódios. O cenário do rock mainstream, especialmente nos Estados Unidos, mudou bastante no início da década de 1990, com o grunge e outros subgêneros do rock alternativo atraindo os holofotes que até então eram do hard rock e heavy metal. Porém, as situações mencionadas ajudaram a enterrar ainda mais o nome do grupo.
O que talvez muitos fãs não esperassem é que um integrante do Metallica chegou a se desculpar com Kip Winger pela cena no videoclipe de “Nothing Else Matters”. Trata-se do vocalista e guitarrista James Hetfield, que sequer foi o responsável por atirar o dardo na filmagem.
O próprio Kip fez a revelação em recente entrevista ao Yahoo! Entertainment. O músico também contou ter recebido uma retratação de Mike Judge, criador de Beavis and Butt-Head.
Inicialmente, sobre Hetfield, ele comentou:
“James Hetfield me ligou para se desculpar há cerca de um ano e meio. Ele estava muito arrependido e disse: ‘sabe de uma coisa… isso não foi legal e sinto muito por termos feito isso’. Foi uma conversa muito legal. Pareceu que o cara é incrível e que eu poderia ser amigo dele. Mas, você sabe... foi realmente o Lars (quem jogou o dardo).”
Com relação a Judge, o contato não foi por telefone, mas via e-mail.
“Troquei e-mails com Mike Judge quando eles decidiram refazer Beavis & Butt-Head (no remake de 2022). Eles queriam permissão (para usar o nome e o logo do Winger) desta vez, o que foi irônico, porque eles não pediram permissão da primeira vez - o que foi uma espécie de admissão de culpa. Mas não sou vingativo. Encontrei o perfil dele no Facebook e mandei uma mensagem privada para ele dizendo: ‘recebi um aviso da MTV de que vocês querem fazer isso, mas gostaria de falar com você’. Então, ele foi gentil o suficiente para me enviar um e-mail e nós apenas conversamos. Dei permissão a eles - e eles me pagaram! Eu pensei: ‘bem, que se f#da… seria estranho o nome não estar lá agora, depois de todo esse tempo’.”
Apesar de não guardar mágoas, Kip Winger tem opiniões bem firmes a respeito de tudo o que ocorreu com sua banda. Primeiro, com relação ao sucesso conquistado nos anos 1980 a ponto de tirar as atenções para o talento de seu grupo, ele afirma:
“Aquilo foi a ironia de toda a minha existência, porque meu foco sempre foi a música e ser um bom músico. Uma coisa que digo sobre ‘Seventeen’ (o maior hit do Winger) é que se você tirar a letra, você vai perceber que é uma música muito, muito difícil de se tocar. Tem um monte de coisas complicadas acontecendo do ponto de vista musical. Muitas bandas cover tentam, mas não conseguem tocá-la corretamente.”
Tal reflexão também se estende às piadas feitas com sua banda nos anos 1990. Kip não conseguia entender como havia chegado a esse ponto.
“Foi trágico, tipo: uau, como eu pude terminar nessa posição, sendo o único de todos esses caras (do hard rock dos anos 1980) que conseguem até conduzir uma orquestra?' Foi ruim, muito ruim.”
Ainda durante a entrevista, o vocalista e baixista admitiu que gostava do Metallica, inclusive na época em que foi transformado em alvo de chacota.
“Gostava de muitas músicas que o Metallica fez. ‘Enter Sandman’ é uma ótima música. A ironia é que antes de tudo acontecer, eles lançaram o Black Album, liguei para meu baterista (Rod Morgenstein) e falei: ‘cara, você deveria conferir a bateria desse disco, é realmente incrível’. Eu amo a bateria do Black Album. E então, a próxima coisa que fico sabendo é que Lars enfiou um dardo na minha testa.”
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