Com ingressos esgotados, Jão mergulha na própria solitude e atende pedidos calorosos de fãs para compôr a setlist no Blue Note São Paulo
Emanuela Lemes (sob supervisão de Eduardo do Valle) Publicado em 11/10/2022, às 12h10
Acostumado aos palcos imensos de uma das maiores turnês de 2022, Jão abriu espaço na agenda para uma apresentação intimista, no Blue Note SP. Ao lado do produtor musical André Jordão, o cantor comemorou sua capa na Rolling Stone Brasil para pouco mais de 250 pessoas nesta segunda-feira (10), e lá permitiu a aparição de uma faceta mais tímida - como se em vez de Jão, quem cantasse fosse João Vitor, pessoa física.
Extremamente caloroso, imerso e comovente; diferente de tudo o que fez na turnê de Pirata (2021), Jão permitiu que o público escolhesse grande parte do setlist e criou um cenário confortável o suficiente para detalhar o processo de criação do terceiro disco e a pessoa por trás dos holofotes, incluindo frivolidades da rotina e a relação com os gatos Chicória, Vicente e Santiago.
O ambiente acolhedor proporcionou diálogos e trocas raramente vistas entre o cantor e sua legião fervorosa de fãs, mas, sem dúvidas, o fez relembrar de antigas canções que marcaram grande parte de seus desaforos, desilusões e recomeços.
Após inaugurar a apresentação com "Santo" e cumprimentar o público, Jão relembrou o disco Anti-Herói (2019), que completou três anos de lançamento, e em seguida deu início aos numerosos pedidos para compôr a noite, que transitou entre luzes vermelhas e azuis, ilustrando referências aos efeitos especiais da turnê.
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Esse disco [Anti-Herói] é estranho. Eu tenho muitos sentimentos diversos por ele. Com o passar do tempo, eu fiz as pazes com ele. [...] e eu nem sei porque estou contando isso para vocês.
Apesar da atmosfera particular, hits como “Essa Eu Fiz Para Nosso Amor” e "Meninos e Meninas" foram entoados em uníssono e reafirmaram o sucesso de Jão no cenário da música brasileira. O show também contou com o apoio dos celulares de fãs para canções como "Doce" e "Barcelona", que sequer estariam em um repertório planejado pelo artista.
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Antes de reproduzir interlúdios conceituais do disco, o cantor revelou como a família e amigos o ajudam a escolher as canções que entram em um novo álbum por uma tabela - e como o hit "Idiota" quase ficou de fora do disco Pirata.
De vez em quando, eu monto uma tabela para meus amigos pontuarem quais músicas eles gostam mais. Na época tinha "Idiota", uma música que chamava "Estrelas", "Santo", "Coringa" e outra faixa, que não me lembro o nome. A coitada da "Idiota" recebeu a pior nota.. mas eu pensei: 'Vou esfregar na cara de todo mundo'. E esfreguei.
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Após "Ainda Te Amo", o músico ainda plantou uma semente de curiosidade nos fãs, mencionando o novo disco, já em processo de gravação. "A música que acabamos de gravar... vocês ainda não estão preparados para o que está por vir."
Caminhando para o final da apresentação, Jão conversou com as emoções do público em "Você Me Perdeu" e alguns trechos de "Eu Quero Ser Como Você", ambas tocadas no piano. Para liberar toda a melancolia das canções anteriores, Jão encerrou a apresentação com as batidas nada sincronizadas da plateia no esperado hit "A Rua".
Com dança, agito e conversas sinceras sobre erros, acertos e sobretudo, o autoconhecimento, João Vitor Romania evidencia, mais uma vez, o talento e as complexidades de seu 'eu artista', que o público espera ouvir ainda mais.
Confira abaixo o setlist completo, os melhores momentos do show e ouça também a entrevista exclusiva de Jão para o podcast da Rolling Stone.
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