- Joji (Foto: Divulgação)

Joji desabafa sobre coração partido em Smithereens, melhor disco da carreira [REVIEW]

Sucessor de Ballads 1 (2018) e Nectar (2020), Smithereens mostra um Joji lamentando um relacionamento fracassado e a relação dele com a própria música

Felipe Grutter (@felipegrutter) Publicado em 04/11/2022, às 07h00

Mesmo com uma carreira artística na internet e música bastante inusitada, George Kusunoki Miller, mais conhecido atualmente como o cantor Joji, tornou-se um dos artistas mais interessantes e legais de se acompanhar e escutar. Nesta sexta, 4, ele lançou o terceiro disco de estúdio, intitulado Smithereens, o qual a Rolling Stone Brasil recebeu antecipadamente pela Warner Music Group para fazer esta review.

Sucessor de Ballads 1 (2018) e Nectar (2020) - além do EP In Tongues (2017), Smithereens conseguiu ser o melhor da carreira de Joji. No álbum, o artista fala bastante sobre coração partido em um relacionamento com idas e vindas, além da relação com saúde mental e o mundo ao redor dele.

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Smithereens não podia começar melhor. A música que abre é “Glimpse of Us,” a qual se tornou um grande hit no TikTok e acumula quase 600 milhões de reproduções no Spotify. Além disso, a faixa dita bastante o tom do disco: bastante melancólico e letra sobre um relacionamento fracassado que afetou o cantor, acompanhada de notas de piano lentas. O título também dialoga bastante, porque por todas as nove canções mostram ele, literalmente, em “pedaços.”

O legal é que, na ordem das músicas, Joji narra esse suposto relacionamento de forma não-linear. Por exemplo, “Glimpse of Us” mostra como teve um certo período após o término - e ele tenta superar por meio de outros casos e namoros, mas nunca funciona.

Porque, às vezes, eu olho nos olhos dela
E é aí que eu encontro um vislumbre de nós
E eu tento me apaixonar pelo toque dela
Mas estou pensando em como foi
Disse que estou bem e disse que segui em frente
Eu só estou aqui passando o tempo em seus braços
Esperando que eu encontre um vislumbre de nós

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Já na faixa seguinte, “Feeling Like The End,” o cantor narra a reta final desse relacionamento com batidas mais rápidas e até dançantes, um bom contraste da letra mais triste: “Muitas, muitas coisas que fizemos juntos / Você costumava me prometer que seria para sempre / Sentindo como se fosse o fim, não acho que vai melhorar, baby.”

De volta ao piano, em uma sonoridade bastante parecida com uma sequência de sono, “Die For You” também se direciona à pessoa que terminou com ele para falar como ainda “morreria por você” mesmo com ela seguindo com a vida. No entanto, em “Before The Day Is Over,” Joji indica como esse ciclo romântico teve outra volta; eles tentaram fazer funcionar mais uma vez, mas sem sucesso.

Diga algo em breve, podemos perder tudo
Algo que podemos usar para quebrar nossa queda
Não há mais nada a fazer quando começamos a enrolar
E eu estava esperando que pudéssemos conseguir desta vez

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Em uma parte mais acústica de Smithereens, a letra de “Dissolve” enfim focar mais no eu-lírico. Nela, o cantor fala bastante sobre os problemas dele, muito além desse relacionamento, mas são responsáveis por transbordar na vida amorosa. Joji volta a falar sobre isso em “BLAHBLAHBLAH” após a ótima “Night Rider.” “Ela disse que eu sou burro, cercado por estranhos / Quando ouço sua voz, estou muito profundo / Sentindo-se desfeito, não posso ser o único / Eu quero ser eternamente jovem.”

Para o final do disco, temo a melhor música das nove em uma competição realmente difícil. “YUKON (INTERLUDE)” aborda os temas de Smithereens mais profundamente, no qual, além de abordar o coração partido, fala com tenta superar isso com uso de drogas e a própria música dele, descrita como um mercúrio (elemento químico venenoso) que brilha de maneira “incerta.”

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A nona e última música, “Freestyle,” funciona como uma epifania, na qual Joji aborda essa luta interna dele, na qual não consegue superar um relacionamento que acabou, enquanto reconhece não estar sozinho e pretende sair de uma situação negativa.

E estou cansado dessa loucura
Cansado de ficar preso
Não quero ficar sozinho

Com poucas faixas com letras que não exploram situações complexas em uma narrativa amarrada, Smithereens consegue ter uma sonoridade sólida e letras que te fazem refletir bastante sobre a vida. Mesmo em “pedaços,” Joji denota como, mesmo em nossos piores momentos, não estaremos sozinhos e devemos buscar pela vitória, por mais simples que seja ou pareça.

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