Jovem Dionísio, belina, Matheus Who, Sofi Frozza e Giulia Be: artistas que apostam na composição e criação caseira - e o resultado é um estilo musical único e identitário
Isabela Guiduci Publicado em 09/07/2021, às 10h00 - Atualizado às 13h35
Sentar-se no íntimo do quarto, despir-se de ideias e sensações, enfrentar as vulnerabilidades, encarar as angústias, narrar os amores e realidades, compor sentimentos e traduzi-los em música – é uma arte, minimamente, intrigante e interessante. É mais ou menos a partir desse espaço, diálogo e aconchego que surge o bedroom pop [pop de quarto, em tradução livre].
Artistas que buscam externalizar e transbordar narrativas e experiências, encontram nos próprios quartos, ou salas particulares, um local seguro para expor essas criações. São espaços para incentivar a imaginação, provocar a criatividade, comunicar consigo e, posteriormente, com o mundo. Nessa estética sensível, original e sincera, floresce o bedroom pop.
Internacionalmente, quem ficou conhecida por popularizar o gênero nos últimos anos foi Billie Eilish, que apesar de chegar ao mainstream de forma grandiosa, revela angústias dificilmente dialogadas. Ao lado do irmão Finneas, a artista de 19 anos compõe e compartilha as vivências ao na discografia – tudo feito e produzido em um estúdio caseiro, anteriormente localizado no quarto de infância de Finneas na residência dos pais, agora no porão da própria casa do produtor.
Embora o título ‘bedroom pop’ tenha se popularizado recentemente na internet e redes sociais, o estilo toma forma há anos. O movimento cresce desde meados da metade da década passada (via NBC), e é sustentado pela proposta do Lo-Fi, que pode ser definido em poucas palavras, pela música pop em baixa qualidade.
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O bedroom pop é, de fato, muito influenciado pela estética trazida por Clairo, uma das principais precursoras, quem resgata elementos musicais e visuais que ecoam simplicidade e uma despreocupação com a qualidade técnica se comparado às produções de estúdio atuais. Outros pioneiros bastante reconhecidos atualmente são Still Woozy e Gus Dapperton.
Para entender esse movimento cultural, é preciso reconhecer o gênero como um conceito fortalecido por uma mídia de criação - os quartos ou salas particulares - acompanhada de ferramentas que estão ao alcance. Apesar de sonoridades e líricas se assemelharem em alguns momentos, essas propriedades se alteram continuamente, especialmente por conta da liberdade criativa.
No Brasil, ainda é um cenário pouco explorado e recente, contudo, em um desenvolvimento potente. Ao longo dos últimos anos, diversos jovens artistas apostaram as carreiras neste estilo e passaram a ocupar o streaming – além de, devido à simplicidade do diálogo, terem uma proximidade delicada com o público que se identifica e acompanha.
Cinco dos principais representantes brasileiros, Giulia Be, Jovem Dionísio, belina, Matheus Who e Sofi Frozza, falaram à Rolling Stone Brasil sobre a criação caseira, o crescimento significativo do bedroom pop no Brasil e intensificado na pandemia, a fácil identificação, e às respectivas carreiras – ao final do texto, cada um dos nomes está detalhadamente apresentado.
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Antes de chegarmos ao Brasil, porém, precisamos entender o movimento de composição no quarto que, certamente, não é nada recente. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o autor do livro Lo-Fi Música Pop em Baixa Definição e professor de Produção Fonográfica no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Marcelo Conter, propõe uma profunda reflexão acerca do modelo de criação.
O professor acredita que a maior parte das gravações do bedroom pop são de baixa resolução, baixa fidelidade e baixa definição – o que aproxima o estilo da proposta do Lo-Fi. E, aqui não falamos sobre o Lo-Fi Hip Hop, o qual seria uma técnica Lo-Fi de apresentar "um hip-hop mais lento e com efeitos," segundo explica Marcelo Conter.
O Lo-Fi pode ser pensado a partir dessas três categorias: baixa resolução, baixa fidelidade e/ou baixa definição. A primeira consiste na quantidade de dados da mídia (um CD tem mais dados do que um MP3, por exemplo); a segunda é o quanto da gravação corresponde a um evento concreto; e a terceira implica nas deformações, distorções, manifestações culturais minoritárias e outras atualizações.
Para além da baixa resolução, fidelidade e definição, Conter relembra três importantes nomes para o cenário. Ao voltarmos à década de 1920, temos Robert Johnston, um músico de blues com uma discografia pequena devido ao curto período de vida. O artista gravou todas as músicas em um gravador de vitrola, enquanto passava uma tarde em um quarto de hotel.
Mais tarde, em 1994, outro nome apostou na música de quarto: o guitarrista do Red Hot Chili Peppers, John Frusciante. Viciado em drogas, o artista gravou diversas fitas cassetes em casa com canções autorais para converter em dinheiro devido ao vício. Por fim, há Daniel Johnston (1961 -2019), também reconhecido pelas gravações de músicas nas cassetes.
Apesar de serem representantes também de outros gêneros musicais, todos experimentaram e desfrutaram da estética da composição no quarto. Por isso, é importante compreender o bedroom pop como um conceito que explora o local como uma mídia de criação e valoriza o processo. São nestes espaços onde detalhes, artigos, documentos, roupas e histórias espelham a individualidade e singularidade dos indivíduos, que estão inseridas e refletidas nas respectivas discografias.
No bedroom pop, embora os artistas consigam explorar diversos lugares criativos, as sonoridades e líricas, em sua maioria, podem apresentar características semelhantes por buscarem referências principalmente na música pop e alternativa.
"Tem uma questão de um conforto na sonoridade. Tem aqueles sonzinhos que vem do Dream Pop, mas um pouco mais confortável. O modo de cantar, dá para notar bem - sempre as vozes são bem suaves. Uns cantam um pouquinho mais rápido, outros mais devagar," analisa Mário Arruda, integrante do Supervão – banda que também explora a estética na discografia – e doutorando na linha de Cultura e Significação do PPGCOM UFRGS (Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
O músico continua a reflexão sobre a plástica: "Essas sonoridades têm a questão da mídia: do quarto ou da sala. Essa arquitetura é uma mídia de gravação. Tem uma questão por estar nesses ambientes, porque mesmo que a pessoa possa fazer um barulho e depois mixar alto, na hora de gravar tem um certo hábito de não ficar berrando em casa. Tem um costume de falar de um jeito. Os volumes tocados dentro de casa influenciam os timbres. Você não vai encontrar um negócio muito proeminente."
Vocalista da Jovem Dionísio, banda brasileira que tem se arriscado nas criações caseiras, Bernardo Pasquali afirma: "Mac DeMarco está na mesma caixinha que a gente, porque somos considerados bedroom pop. Mas, nosso som não tem nada a ver por bedroom pop ser principalmente o processo, [além de ser] um gênero também."
A originalidade, aconchego, conforto e simplicidade também são responsáveis por unir estes, predominantemente, jovens que representam o estilo. Mário Arruda fala: "Não é uma vontade mais verdadeira que outra, mas passa essa sensação de autenticidade. Cria-se uma aura de autenticidade."
Gabriel Moulin, produtor musical e integrante da belina – banda que também se identifica com o bedroom pop -, reflete sobre a variedade sonora e ressalta a importância da comunicação vinda dessa estética.
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"É muito louco porque as paradas do bedroom pop variam. Tem artistas que vão falar com um tom introspectivo, outros são mais extrovertidos. Mas, uma coisa bem constante, principalmente nessas composições, é a presença de um espírito jovem na hora de abordar as coisas. Rola uma liberdade, mas rola também uma necessidade de comunicar. Esse é o ponto do bedroom pop que pegamos viagem," afirma.
Matheus Who, um dos protagonistas da cena brasileira, também acredita no estilo como uma ferramenta promissora de diálogo para além dos encaixes sonoros. O cantor, quem se descreve como "introvertido," vê nessas canções, espaços e, principalmente, na música, uma forma encantadora de comunicação.
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O compositor caracteriza: "Todos os bedroom pop, pelo menos os que tive contato, sempre são intimistas, amores que não puderam acontecer, pensamentos que talvez você não falaria em uma conversa. São pensamentos de momentos de ansiedade, de momentos que você talvez não esteja bem e aí você precisar botar isso em um formato que seja música."
Dois dos principais pilares do bedroom pop são a simplicidade no processo e a liberdade criativa. Ambos são validados também pelas experiências dos artistas brasileiros inseridos nesse cenário.
Sofi Frozza desfruta da estética e faz tudo sozinha – pelo celular. A cantora explica: "Você se sente muito mais confortável, porque está em um ambiente seu. O quarto é um lugar mais aconchegante, é uma coisa mais sua. Suas coisas estão ali, você pode ficar sozinho. Não tem essa cobrança. Gosto mais de escrever por conta própria no quarto, sem influências externas. Gosto de produzir sozinha também, porque daí posso errar, fazer o que eu quiser, gritar, cantar. Acho muito mais libertador."
Para Giulia Be, estar no próprio quarto é uma oportunidade de curtir a imaginação e a criatividade de maneira inspiradora, e se conectar consigo e com a arte: "Está tudo lá [no quarto] e está tudo dentro da gente."
"Hoje em dia, tendo um celular, um computador, uma ferramenta, possibilita qualquer pessoa a buscar uma nova informação, a aprender, criar. Tenho tudo que preciso na minha mão e consegui plantar uma árvore de dentro do meu quarto. Me deram aqui uma caixinha para eu plantar um bonsai e o mais inteligente que a gente pode fazer é tentar pegar esse bonsai, jogar ele na terra e criar nossa própria árvore, nosso próprio universo que seja dentro do nosso quarto," completa.
Gustavo Karam, integrante da Jovem Dionísio, acredita que as alternativas estão ao nosso alcance: "De vez em quando, o mais importante não é você gravar a voz num microfone supercaro e com uma sala perfeita. Às vezes, o mais importante é estar à vontade na hora de cantar e gravar uma voz, mesmo que não esteja sendo gravado no melhor microfone e na melhor sala possível. Se você está à vontade, a intenção que você passa e vai conseguir extrair daquilo é muito melhor."
Como o conceito do bedroom pop implica, e os brasileiros contam, revisitar o aconchego dos espaços de criação fazem parte da rotina de cada um. Contudo, inspirados pela cena musical nacional, reinventam a proposta, e entregam uma sonoridade autêntica e singular: do introspectivo ao extrovertido e dançante.
A sinceridade lírica, delicadamente despojada, e o propósito de se entregar nos projetos musicais aproximam os artistas do público. Para o vocalista Ber Pasquali, inclusive: "Se tem pessoas que hoje ouvem Jovem Dionísio e conseguem se relacionar com o nosso discurso, como a gente fala esse discurso também, é uma consequência muito boa do quanto a gente está conseguindo se entregar. Sinto que quanto mais nos entregamos, mais as pessoas se relacionam."
Com descomplicação e diálogos sensíveis, os ouvintes encontram conforto em canções desse gênero – alguns até mesmo se sentem inspirados em criar as próprias músicas. Sofi Frozza conta como recebe mensagens de diversas pessoas com perguntas e dúvidas sobre os processos criativos em casa.
"As pessoas, normalmente, me pedem como fazer música. E eu quero ajudá-las. Tudo está ao alcance no nosso quarto. [...] Tem várias coisas que você pode procurar. E acho que é bom inspirar as pessoas. Espero conseguir fazer isso, porque gosto muito desse gênero musical, e gostaria muito de ver ele mais no Brasil," afirma a cantora.
Jovens livres, autênticos, imaginativos e permissivos, Giulia Be, Matheus Who, Jovem Dionísio, belina e Sofi Frozza, são alguns dos vários exemplos que apostam as carreiras, natural ou intencionalmente, no bedroom pop. E, gradualmente, conquistam os espaços no cenário musical brasileiro explorando a estética.
À Rolling Stone Brasil, os cantores, músicos e compositores falaram sobre carreira artística, refletiram acerca da chegada da pandemia e reinvenção neste período (consequentemente, em alguns casos, a aproximação com o bedroom pop), revelaram futuros projetos e mais.
Dona de "menina solta", hit que não saiu das rádios e paradas brasileiras em 2019 e 2020, Giulia Be sentiu a necessidade de acender o próprio universo de criação dentro do quarto e se aventurar na estética do bedroom pop: "O melhor que eu posso dar é algo diferente. Gosto disso. É libertador para caramba você saber que tem a possibilidade de fazer tudo, ser tudo, e explorar. [...] Música brasileira é extremamente plural, sempre foi assim."
Uma das principais representantes da música pop no Brasil, a artista de 21 anos conta: "É aquela coisa: necessidade é a mãe da invenção, né? No meu caso, a necessidade foi a mãe da produtividade, porque [a quarentena] me possibilitou descobrir ferramentas e começar a imaginar batidas, universos e músicas - e isso desencadeou todo um novo jeito de encarar o processo criativo."
Giulia Be compara a quarentena com o nascimento de uma borboleta e faz uma analogia do processo criativo neste período com a saída do casulo. Compondo diariamente no quarto, estudando produção e aprendendo com o irmão André Marinho, quem embarcou na arte ao lado dela, a cantora explica ter encontrado "um conforto neste desconforto".
Para 2021, vê infinitas possibilidades e garante ter diversas músicas, criadas de dentro do quarto, para serem compartilhadas ao público. "Todo dia acordo e decido ser artista, porque é uma decisão. O artista não deixa de ser uma pessoa que está sempre criando e isso não tenho como deixar de ser," reflete.
Embora tenha sido concluído, repensado e reimaginado na quarentena, o mais recente lançamento, "Lokko", existe há cerca de um ano e meio. Compartilhada no dia 10 de junho, a faixa é diferente de tudo apresentado pela artista até então na discografia, e traz uma sonoridade disco envolvente, que bebe referência em artistas como The Weeknd, Dua Lipa, A-Ha.
"Contei a história que eu queria contar com 'Lokko', com clipe e com a música," diz Giulia Be. E nós a ouvimos - e, quem sabe até, identificamo-nos. Confira:
Matheus Who protagonizou o cenário bedroom pop brasileiro de forma orgânica. Em 2019, ganhou a atenção da internet com o lançamento de "Deeply": "Não sabia que era bedroom pop, eu só estava fazendo uma música que gostava de ouvir e compor. E aí todos os comentários, todas as pessoas estavam falando: 'Bedroom pop do Brasil'. [...] Não foi uma coisa planejada."
"Faço o que gosto de ouvir e o meu coração está mandando ali no momento - e não sei se isso é o certo. Não tem jeito certo de fazer arte, né?," considera. Após as mensagens do público, Matheus começou a pesquisar mais sobre o estilo do bedroom pop e quis entender como estava a cena brasileira. Na época, era um espaço pouquíssimo explorado nacionalmente.
Autodidata e músico desde a infância, o cantor explica que ganhou um violão aos 9 anos e desenvolveu a habilidade com vídeos na internet: "Abria o Cifra Club e passava horas e horas estudando." Hoje em dia, o artista toca cerca de 15 instrumentos, segundo o próprio conta. Temporalmente, sentiu a necessidade de produzir e, há quatro anos, passou a estudar produção musical.
Com a chegada da pandemia, conseguiu debruçar-se no projeto do disco de estreia - e pôde aprimorar a composição e técnica: "Me senti mais inspirado, talvez, por conta disso. Eu estava muito tempo em casa, então procurava bastante evoluir, aperfeiçoar - tanto de qualidade da produção musical quanto das composições. Mesmo no mesmo ambiente, minha percepção do mundo não era a mesma."
"O disco é só em português, mas com o som alternativo do bedroom pop. Vou fazer esse teste com esse álbum. Tem muito do bedroom pop, mas também tentei trazer coisas com um pouco mais de qualidade do que o Lo-Fi que eu costumava fazer. Gosto muito de ver essa dualidade batendo junto, acho incrível como fica o Lo-Fi e o Hi-Fi ao mesmo tempo," afirma o cantor.
Nesta sexta, 9, Matheus Who lança o primeiro single do disco, "Inconsequente", e dá um gostinho do que esperar para o álbum de estreia da carreira, A Dobra No Espaço-Tempo. O novo projeto chega às plataformas digitais no dia 20 de agosto. Confira a faixa:
Quem nunca quis entrar em uma festa de graça, né? Esse era o intuito inicial da Jovem Dionísio, formada por Ber Pasquali, (vocal e guitarra), Gustavo Karam (vocal e baixo), Ber Hey (teclados) e os irmãos Gabriel "Mendão" Mendes (bateria) e Rafael "Fufa" Mendes (guitarra).
Fufa e Mendão tocam juntos desde pequenos, e Karam e Ber Hey sempre estudaram na mesma série do guitarrista, Fufa. Mais tarde, o vocalista Ber Pasquali chegou ao grupo. Amigos de anos, portanto, os cinco se uniram com a intenção de tocarem em festas, cervejadas e churrascos - e, com o passar do tempo, pegaram um enorme carinho pelo projeto.
Inicialmente, tocavam versões de outras músicas e, gradualmente, inseriram canções autorais nos shows ao vivo. Ber Pasquali conta que ao gravar as faixas deles pelas primeiras vezes, sentiram a necessidade de reformular os planos enquanto grupo e traçaram novos objetivos. Em 21 de abril de 2019, os cinco integrantes apresentaram oficialmente a Jovem Dionísio.
Nome por trás do hit "Pontos de Exclamação", sucesso no TikTok, a banda também somou à cena brasileira do bedroom pop em um movimento natural. "Foi, na verdade, por curiosidade [a aproximação com o bedroom pop]. Nunca chegamos, sentamos juntos e falamos: 'Cara, acho que nosso som, no geral, vamos atirar para lá'. [...] Acho que temos uma despreocupação do nosso lado sobre querer apresentar um gênero ou uma forma de fazer música, ou querer apresentar um estilo de música nova", explica Pasquali.
A pandemia também direcionou a Jovem Dionísio para este cenário. Ber Hey comenta: "Começamos a ficar mais em casa e também porque era a forma que tínhamos de chegar lá, com baixo custo e conseguir fazer o negócio. Também começamos a ouvir esse tipo de música. Acho que as coisas foram se encaixando para chegarmos nisso."
Apegados às novas possibilidades, Karam reflete: "Nos sentimos muito mais à vontade em uma casa alugada, onde montamos um estúdiozinho [nela] para produzir, ou na própria casa do Fufa e do Mendão, ou do Ber. Ficamos tão à vontade sem ter a obrigação e sem ter o tempo corrido para você fazer uma música e para produzir alguma coisa, que esse ambiente aguça a criatividade."
Fufa não deixa de pontuar a importância de estarem todos juntos nos momentos de produção "para todo mundo dar ideia e chegar em um consenso." O músico ressalta a união da Jovem Dionísio para os processos criativos - que também contam, em sua maioria, com o produtor e grande amigo dos integrantes, Lucas Suckow.
Sobre as composições, Mendão fala: "É bem aberto. Pode vir de alguma pessoa só, de um conjunto de duas pessoas. Ultimamente, temos feito bastante uma parada de compor todo mundo junto. É livre para qualquer um compor."
Como a identidade visual e musical revela, a Jovem Dionísio tem uma proposta despojada, permissiva e sincera que, consequentemente, gera uma identificação admirável. O single "Amigos Até Certa Instância" é um dos exemplos da originalidade e autenticidade da banda. Assista ao clipe:
Bedroom pop mineiro? Banda de Belo Horizonte, a belina é Gabriel Moulin, Gabriel Diaz e Bruno Mozelli. Com uma sonoridade singular, o grupo bebe referências brasileiras para tornar o som da banda muito característico - uma identidade única e, sem dúvida alguma, envolvente.
Devido à chegada da pandemia e à saída do baterista da banda no início de 2020, a belina mergulhou na estética do bedroom pop - e desenvolve, compõe e produz as músicas no quarto do músico, integrante e produtor, Gabriel Moulin.
"A pandemia foi muito produtiva para nós. Aproximou muito a gente, tivemos a oportunidade de ser mais amigo do que antes. Porque era tudo muito pontual, tinha que ensaiar para um show, gravar tudo correndo. Quando veio a pandemia, ficamos mais livres, mais abertos também," explica Gabriel Diaz.
Bruno Mozelli considera que apesar de a banda estar envolvida com a estética do bedroom pop, não se prende totalmente a ela: "Tentamos romper essa coisa de estar ali naquela caixinha. Tentamos explorar outras coisas ao nível sonoro e lírico dentro disso. Tentamos não ficar presos. Vejo a banda dentro do bedroom pop, mas ao mesmo tempo, expandimos essa visão."
Como "a banda não surgiu de uma identificação musical," segundo conta Mozelli, a ideia é ter um projeto despretensioso e que, principalmente, aposta em uma lírica realista e honesta. Para o disco de estreia, inclusive, brincam com a temática anti-romântica: "É o contrário de uma coisa romântica, o romântico do que você estuda no colégio - as coisas todas de uma forma idealizada. Gostamos de falar das relações humanas de uma forma anti-romântica, ou seja, real."
Os integrantes já planejavam aumentar o catálogo de músicas da banda. A partir das ideias que ganharam desenvolvimento na pandemia, novidades chegam em breve, ainda no segundo semestre de 2021. A belina deu um spoiler do futuro com a faixa "pingpong", compartilhada com o público em uma live transmitida em junho. Confira a canção no minuto 7:
É incrível como Sofi Frozza constrói a carreira musical explorando e vivendo o bedroom pop, potencializado pelo streaming e o TikTok, plataforma em que Sofi viralizou. A artista de 17 anos começou a cantar desde a infância e iniciou aulas de piano aos 6 anos. Amor à primeira vista, a jovem sabia ter uma grande afinidade com a música e, desde então, não parou.
Mais tarde, em 2018, aproximou-se de outros instrumentos como violão e, gradualmente, passou a publicar canções autorais no SoundCloud. Com a chegada do isolamento social devido à pandemia, sentiu uma grande necessidade de fazer música e aventurou-se no Garage Band (programa de produzir músicas). Sofi faz tudo - da gravação à produção - pelo celular. Todas as canções da cantora compartilhadas no Spotify até agora foram feitas do aparelho telefônico.
"Você se sente muito mais confortável, porque está em um ambiente seu, até porque o quarto é um lugar mais aconchegante, é uma coisa mais sua, sabe? Suas coisas estão ali, você pode ficar sozinho. Eu gosto de escrever muito à noite, porque eu me sinto aí sim, sozinha," conta a artista.
Primeiro EP de Sofi Frozza já disponível nas plataformas digitais, Almost 18 (2021) reflete muito a fase atual da cantora e traz as mais diversas temáticas: de saudade da escola a uma reflexão sobre felicidade. A cantora brinca com as sonoridades e, além de mesclar os idiomas (português e inglês) no projeto, combina sons introspectivos aos “soft” dançantes.
Ela explica sobre a lírica da discografia: "A maioria das minhas músicas é sobre se encontrar, é isso que eu gosto bastante de passar. Acredito que, na verdade, nunca vamos nos encontrar completamente, porque mudamos todo dia. Então, acho interessante fazer coisas para você chegar mais próximo de você mesmo, para você se entender um pouquinho, sabe?"
Com uma lírica sensível, delicada, autêntica e intimista, a discografia de Sofi Frozza é identitária, além de transbordar a estética do bedroom pop. Para o futuro, a jovem cantora afirma que podemos esperar as próximas canções em português - e até um indie com bossa nova deve vir em breve.
Você vai encontrar um pouco de tudo na discografia do Supervão, banda composta por Mário Arruda e Leonardo Serafini. No entanto, apesar de não serem especificamente representantes do bedroom pop, devido ao isolamento social por conta da pandemia de coronavírus, os integrantes encontraram nas respectivas casas um espaço seguro de criação.
Por este motivo, o novo projeto da banda também se aproxima bastante do estilo, com sonoridades sensíveis e uma lírica igualmente sutil, além da mídia de criação conhecida do bedroom pop. A nova fase da Supervão começa em agosto - e deve ganhar um formato de mixtape posteriormente.
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