- Lobão e Herbert Vianna, d'Os Paralamas do Sucesso (Foto: reprodução / Instagram @lobaow)
ROCK NACIONAL

Lobão e Herbert Vianna se reencontram e posam juntos após anos de briga

Músicos tiveram longo conflito por autor de “Me Chama” e outros hits dizer que colega d’Os Paralamas do Sucesso o plagiava

Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 29/11/2024, às 19h19 - Atualizado às 19h21

Uma foto de Lobão e Herbert Vianna, d’Os Paralamas do Sucesso, foi publicada nas redes sociais do primeiro citado na tarde desta sexta-feira (29). A imagem, que mostra os dois em um momento de carinho, foi registrada dentro de um avião no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro.

O que pode parecer um evento comum na vida de dois ícones do rock brasileiro é, na verdade, um retrato histórico. Lobão e Herbert estiveram em conflito por muitos anos, da década de 1980 até a virada do século, quando este sofreu um acidente de ultraleve que o deixou paraplégico.

A briga só foi esmaecer, mesmo, nos últimos anos. Especificamente em 2017, Lobão pediu desculpas de forma pública a Vianna no livro Guia Politicamente Incorreto Dos Anos 80 Pelo Rock, regravando no ano seguinte as músicas “Quase um segundo” e “Lanterna dos afogados”, ambas d’Os Paralamas.

Ao divulgar a foto — muito possivelmente a primeira dos dois juntos em anos — em seu Instagram, o artista de nome real João Luiz Woerdenbag Filho declarou: “Encontro com um homem notável!”. Sua esposa, Regina Lopes, também publicou uma imagem ao lado do artista, com os dizeres: “Cara querido tá aí!”.

 

 

Lobão e Herbert Vianna

Nos anos 1980, Lobão começou a alegar que Herbert Vianna praticava “plágio conceitual”, tese que seria reforçada em veículos de comunicação na década seguinte. Em entrevista ao iG (via Trabalho Sujo), ele explica:

“Achando que ele estava me copiando, eu abdicava das coisas para não ficar igual a ele. Faço Cena de Cinema (1982), ele faz Cinema Mudo (1983), com a voz igual à minha. Tive que trocar de voz. Não é um plágio, mas é o conceito. Faço Me Chama (1984), ele faz Me Liga (1984). Chamo Elza Soares, o cara chama Elza Soares. Vou fazer um disco de samba para fugir dele, eles vêm com Alagados (1986) e se tornam pioneiros!”

Em 1984, inclusive, os dois eram amigos. João Barone, baterista d’Os Paralamas, conta à Veja que Herbert chegou a mostrar a então inédita “Me Liga” para Lobão. O músico se irritou e disse que os colegas copiaram “Me Chama”, que estava para ser lançada.

Lobão, por sua vez, expressa ao iG o que sentia na época:

“Não aguento mais, tô enlouquecendo, fui fazer análise por causa disso. Tinha outros problemas, mas esse foi o mote, muito mais importante do que ter matado a minha mãe. O que mais me fez sofrer e ter ódio na vida foi isso. Passava o dia inteiro com ódio, meu coração doía, ficava exausto de tanto odiar.”

A paz começou a se encaminhar quando Vianna, em recuperação após ter sofrido o acidente de ultraleve, tocou “Me Chama” ainda no hospital. Ao iG, Lobão relembra:

“Sabe como fecha essa história? Ele se recupera, volta do coma, fala uma coisa em espanhol, outra em inglês, outra em português e imediatamente pede um violão. A primeira coisa que cantou? ‘Chove lá fora e aqui…’ (de ‘Me Chama’)! O epílogo do epílogo foi que em 2005 nos encontramos no VMB (premiação da MTV). Ele foi um amor, meio que perdeu a pose, né? Me abraçou, fiquei emocionado, senti carinho por ele. Até fui a um show deles. Tentei me adestrar, porque era muito ódio acumulado. Não fico achando isso das pessoas, é uma coisa pontual. Quando fui escrever o livro, fiquei num dilema terrível, não queria falar mal dele, mas precisava contar minha história.”

Algumas alfinetadas eventualmente ocorreram até que, em 2017, Lobão pediu desculpas publicamente a’Os Paralamas do Sucesso pelas acusações. Em entrevista a este jornalista para o site Whiplash.Net, ele conta que a retratação facilitou a liberação de duas músicas regravadas por ele no álbum Antologia Politicamente Incorreta dos Anos 80 pelo Rock (2018).

“O vórtex de tudo foi o fato de eles tomarem ciência de que peço desculpas ao Herbert no livro. Acho que, a partir dali, perceberam que eu não estava tomando nenhuma atitude traiçoeira ou beligerante. Era uma atitude honesta e séria. Tanto que me encontrei com o Barone. Fui tocar com o Rodrigo Santos, em Niterói, e o Barone estava tocando bateria. Pela primeira vez, tocamos juntos e tocamos ‘Lanterna dos Afogados’. Mostrei a ele uma pré-mix, ele ficou muito emocionado. Então essas coisas são uma p*ta recompensa. Aconteceu com outros também, como o Nasi, que chorou, o Clemente (Tadeu Nascimento) também chorou, o Kiko Zambianchi amou, o Evandro (Mesquita) amou, o pessoal do Capital Inicial adorou, o Paulo Ricardo... esse movimento é amoroso.”

(Agradecimento a Rolf Amaro, o maior fã de Lobão que existe.)

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