Às vésperas do lançamento do primeiro álbum solo, Mateus Carrilho conta como a MPB e a paixão pelo Brasil o ajudaram a vencer suas próprias inseguranças: "meu disco é sobre o Brasil"
Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 17/04/2023, às 18h35
Quando anunciou, ainda em 2022, o primeiro álbum solo da carreira, Mateus Carrilho prometera: o disco seria "diferente de tudo" o que já lançara. E foi o que aconteceu, de fato, nos últimos dias de março. "Menino", o primeiro single da nova era, aportava num soft pop com pegada MPB. Era um novo Mateus.
"Muita coisa mudou. A maturidade, o momento em que me encontro hoje...", explicou o cantor goiano, ex-Banda Uó, à Rolling Stone Brasil.
"Eu fiquei solo em 2018 e comecei essa busca sobre quem eu era, o que eu queria fazer ou contar... e veio a vontade de querer ser melhor mesmo, de fazer um trabalho do qual eu me orgulhasse daqui a 10, 20 anos."
Na música, Carrilho fala dos 'meninos' de sua vida, entregando com estética tropical e com um pé no samba, o primeiro dos registros que, segundo ele, chegarão mais autênticos e autobiográficos no próximo disco. "Dessa vez, o álbum é muito mais sobre mim", conta o músico.
No caminho, Carrilho enfrentaria a si próprio - ou a insegurança de superar suas próprias marcas do passado. Sucessos que incluem, vale lembrar, a parceria com Duda Beat e Jaloo em "Chega" - que hoje soma 15 milhões de visualizações no YouTube - e o uber hit "Corpo Sensual", feat com Pabllo Vittar, que catapultou sua carreira a outro patamar em um longínquo 2018, quando ainda dava os primeiros passos de sua trajetória pós-Banda Uó.
"Sem dúvida, a coisa dos números foi uma preocupação que tive lá no passado. Foi uma coisa que me limitou, na verdade, porque eu já queria ter partido para esse novo lugar, ter mostrado muito mais desse lado, só que eu acabeu postergando isso por medo das pessoas não entederem, ou de ser uma música que não charteasse tanto, porque não é algo que tá acontecendo agora..."
A resposta para o medo veio, novamente, na autenticidade que prometeu entregar ao novo trabalho: "Vi quanto eu quero deixar algo sobre minha história na música que eu faço, e isso me encorajou a seguir para esse lugar. É a primeira vez que eu falo sobre mim", diz. E na esteira da entrega em "Menino", garante que seguirá lançando canções de fundo biográfico: "Tem músicas que são pessoais mesmo, então você vai ver lá a música de coração partido, isso aconteceu mesmo, foi real. E tem o lúdico também, que eu amo. A gente constrói essas narrativas, sempre com muito amor."
Confira abaixo a entrevista com Mateus:
Sem adiantar muito sobre o novo álbum - que sai ainda esse semetre - Carrilho afirma que precisou estudar muita música brasileira para chegar ao resultado desejado. De Jorge Ben a MC Cabelinho, passando por João Gilberto, Caetano Veloso, Chico Buarque, João Gomes e Kevin O Chris: "vou para muitos lugares, a música brasileira é muito classuda", defende.
Do histórico, ligado ao pop brega com pegada eletrônica, o cantor adianta que o novo disco continua tendo interferências dos estilos anteriores.
"A gente quis fazer essa mescla. E a minha ideia, desde o início, foi fazer um disco contemporâneo, que bebesse do passado, das referências do passado, com o que a gente tem hoje", explica.
Na esteira de lançamentos, o goiano deverá lançar um novo samba como segundo single - este, porém, com adição de sintetizadores. "A abertura do meu disco é uma orquestra, ela foi realmente gravada, e a gente misturou isso com o funk. Então a gente tem esses dois lugares e o disco todo permeia nesse espaço contemporâneo de criar novos horizontes para a música que eu faço hoje."
As parcerias, uma de suas assinaturas, também deverão aparecer no novo disco, ainda que moderadamente. Segundo o músico, o objetivo foi selecionar nomes de amigos e de gente que admira, para acrescentar a pelo menos duas faixas do material.
"São artistas que amo e que têm grande respeito pelo público brasileiro." Mais que reapresentar-se a seu público, Carrilho parece querer identificar a si próprio em meio a algo maior que vinha fazendo até então, além de testar o alcance de sua criação dentro da música do país. Algo "diferente de tudo", de fato, que fizera até então:
"Quando a gente fala de Brasil é impossível ficar em um lugar só. Meu novo disco é sobre o Brasil, sobre a paixão que eu tenho pelo Brasil, por aquilo que é nosso."
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