Milky Chance volta ao Brasil após seis anos com turnê celebrada: "Ainda somos nós mesmos" (Foto: Tristar Media/Getty Images) -
ENTREVISTA

Milky Chance volta ao Brasil após seis anos com turnê celebrada: "Ainda somos nós mesmos"

Duo alemão se apresenta neste sábado (18) no Festival Coolritiba

Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 18/05/2024, às 12h00

Quando subir ao palco do Coolritiba, na noite deste sábado (18), o Milky Chance terá a missão de aquecer a cidade que finalmente recebe os ventos frios de um outono atrasado. Nada impossível para o duo alemão, acostumado a levantar o astral de audiências bem mais frias com seu pop eletrônico e ensolarado mundo afora.

A dupla desembarca no festival com as faixas de Living in a Haze, o quarto álbum, lançado em 2023 e celebrado por explorar ainda mais elementos de gêneros como o folk e o reggae no já vasto caleidoscópio sonoro de Clemens Rehbein e Philipp Dausch.

"As coisas têm ido bem. Rodamos com ele no último verão pelos Estados Unidos e foi ótimo. Sinto que as pessoas ainda estão ouvindo as faixas", disse Clemens à Rolling Stone Brasil.

A chegada ao Brasil acontece seis anos após a estreia no país - uma demora justificada tanto pelo processo criativo do grupo, quanto por sua proposta de fazer turnês mais sustentáveis, que inclui uma gerente para minimizar os impactos da tour.

O show acontece após uma passagem marcante pelo México, em que Rehbein e Daush viram o público cantar junto tanto as novas músicas quanto sucessos de uma década, como "Stolen Dance" e "Flash Junked Mind", que fizeram da dupla um sucesso global.

"É diferente quando tocamos nos Estados Unidos, todo mundo fala inglês, nós meio que sabemos a cultura, a vibe... Quando chegamos à América Latina, tudo é diferente. A comida, as pessoas, a língua... é muito legal mergulhar nessa vibe", conta o músico.

Parte de como explica o sucesso contínuo de uma década vem, segundo Clemens, da identidade que a dupla mantém em seu processo criativo. Apesar da estrutura que acompanhou sua ascensão à fama, ele conta, o Milky Chance ainda mantém os pés cravados no chão no tocante às influências e sonoridade que propõe: "Ainda somos nós mesmos fazendo nossa música e ainda temos nosso gosto pessoal, nosso DNA, que ainda está lá, mas você desenvolve muito as coisas." 

O Milky Chance sobe ao Cool Stage do Festival Coolritiba às 21h30 deste sábado (18). Veja abaixo a conversa com Clemens Rehbein:

Rolling Stone Brasil: "Living in a Haze" saiu há quase um ano agora. Como tem sido a recepção?

Clemens Rehbein: Acho que foi bom até agora [risos]. As coisas têm ido bem. Rodamos com ele no último verão pelos Estados Unidos e foi ótimo. Sinto que as pessoas ainda estão ouvindo as faixas. A última tour que fizemos foi há três semanas no México e as pessoas sabiam várias das novas músicas, elas estavam cantando junto em várias. Foi ótimo. As pessoas curtiram. 

Rolling Stone Brasil: "Living on a Haze", a faixa, foi reimaginada recentemente, junto com o The Beaches. O que elas trouxeram à mistura? Como foi isso?

Clemens Rehbein: É, foi demais. Infelizmente não as conhecemos pessoalmente, devemos conhecê-las muito em breve, acho, em um festival neste verão, no Bonnaroo [que acontece em junho, em Manchester, Tennessee, Estados Unidos]. E elas são uma ótima banda, realmente muito boas. Nós simplesmente chegamos com a ideia, perguntamos se elas topariam participar da música e elas logo responderam que sim, para nossa sorte. Foi muito legal. De tempos em tempos, nós tentamos juntar outros artistas que curtimos, sabe? Fazer alguma conexão, ou mandar alguma DM - é assim que se faz isso esses dias... Algumas vezes rola, outras não. Elas responderam. E acho que elas fizeram um baita trabalho, escreveram um ótimo verso para a música e a voz ficou perfeita para essa música, deu um toque feminino cool para toda a parada disco boy que fazemos [risos].

Rolling Stone Brasil: Estamos falando de seus últimos lançamentos, mas vocês estão agora há uma década na estrada. Como sente que sua música evoluiu desde 2012, 2013?

Clemens Rehbein: Muito, de diferentes formas. Era a primeira vez que gravávamos músicas, então era tudo meio "faça você mesmo" para nós, muito limitado em termos de equipamento e tudo o mais. Nós tínhamos uma guitarra, um laptop e uma interface, sabe? É com isso que trabalhávamos. O que é ótimo. Foi como fizemos o que fizemos, tudo pela primeira vez, tentando novas paradas. E é claro que com os anos acabamos aprendendo muito sobre gravação, produção, todo o lance. Ficamos mais profissionais, melhores na arte, com mais experiência e influências para a música que fazemos. Ainda somos nós mesmos fazendo nossa música e ainda temos nosso gosto pessoal, nosso DNA, que ainda está lá, mas você desenvolve muito as coisas.

Rolling Stone Brasil: No último mês de janeiro vocês lançaram Reckless Child, que lembra um tanto o som de seu início. Como vocês lidam com a passagem do tempo, musicalmente falando?

Clemens Rehbein: Em geral, vamos muito intuitivamente. Não vamos para o estúdio pensando "não, vamos fazer uma música que pareça com algo que fizemos há 10 anos". Só vamos ao estúdio, pegamos a guitarra, o piano, sei lá e começamos. Isso nos conduz. O que acaba parecendo nós não sabemos. É sempre surpreendente.

Rolling Stone Brasil: Já que estamos falando de tempo, são cinco anos desde que vocês vieram ao Brasil. Fãs sentiram falta.

Clemens Rehbein: Veja, leva um tempo para rodar o mundo, nós moramos em um grande planeta [risos].Por mais que a gente ame as turnês, elas podem ser muito cansativas. E também temos nossas famílias e filhos em casa, além de precisar de tempo para escrever, se quisermos continuarmos lançando música. Faz um tempo. Mas estamos muito felizes em voltar, mesmo que tenha demorado a voltar.

Rolling Stone Brasil: Vocês vão tocar no Coolritiba desta vez. Quando vieram, chegaram a passar por Curitiba, a cidade? Quais são suas expectativas para tocar lá, para o público e tudo o mais?

Clemens Rehbein: Nós só tocamos em São Paulo da última vez. Estamos muito animados de visitar outras cidades dessa vez. É muito cool. E não sei, vai ser uma aventura. O público que foi nos ver em São Paulo foi incrível, espero que seja como daquela vez novamente. Sem generalizar, sentimos que há uma grande diferença com relação ao "mundo ocidental", sabe? É diferente quando tocamos nos Estados Unidos, todo mundo fala inglês, nós meio que sabemos a cultura, a vibe... quando chegamos à América Latina, tudo é diferente. A comida, as pessoas, a língua... é muito legal mergulhar nessa vibe, sabe?

Rolling Stone Brasil: Da última vez que passaram por aqui, vocês tocaram em uma festa em São Paulo, a Mamba Negra, o que acabou sendo uma baita surpresa a todos que estavam lá. Dessa vez vocês vão tocar em três cidades diferentes, devemos esperar uma nova aventura? Vocês vão ter tempo para aproveitar o país fora dos shows?

Clemens Rehbein: [suspira] Não sei. A agenda da turnê é apertada. Mas posso olhar. Turnês são bem corridas, normalmente. Não devemos ter tanto tempo. Devemos ter um dia de descanso no Rio de Janeiro e depois são apenas shows, shows, shows. No dia que tivermos no Rio, devemos aproveitar a cidade, mas sem mais planos.

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