DINHEIRO

Músicos se tornaram “vendedores de camiseta”? Entenda a polêmica

Jack Gibson, baixista do Exodus, deu declaração dura a respeito da situação atual da indústria fonográfica; Joe Bonamassa discorda

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 25/12/2024, às 17h00
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- Foto: Ollie Millington/Getty Images

Com o advento das plataformas de streaming musical e a queda do consumo de formatos físicos como CDs e discos de vinil, artistas passaram a depender mais dos shows e vendas de merchandising para ganhar dinheiro. Isso leva alguns músicos a terem opiniões bem negativas a respeito do cenário atual.

É o caso de Jack Gibson. O baixista do Exodus, banda veterana de thrash metal, se mostrou pessimista ao comentar seu próprio trabalho em entrevista ao canal de Danielle Bloom (via Igor Miranda). Em seu ponto de vista, a atuação profissional consiste em tentar fazer com que os fãs comprem camisetas nos shows.

Gibson disse:

Depois que começaram a dar música de graça, o mercado acabou. Não vendemos nada de discos. Se não excursionarmos e vendermos camisetas, não ganhamos dinheiro. Hoje sou um vendedor de camisetas, não um músico. Sou literalmente um vendedor ambulante de bugigangas. É isso que fazemos. Tocamos música para tentar levar as pessoas à barraca de merchandising e vender a elas nossas coisas impressas. Esse é o negócio.”
Jack Gibson (Foto: Miikka Skaffari/FilmMagic)

 

O músico pareceu ainda mais desanimado quando abordou a questão do desenvolvimento tecnológico. Gibson acredita que a inteligência artificial pode acabar com o trabalho dos artistas em um futuro relativamente próximo.

A qualquer momento todos nós vamos perder nossos empregos para esses robôs de m*rda. Quando a IA descobrir como realmente fazer música que as pessoas gostem, não vão nos pagar para fazer mais nada.”

O contraponto

A fala de Jack Gibson gerou um comentário de um artista de um nicho bem diferente do thrash metal: o blues rock. Em entrevista ao Blues Rock Review (via Rock Celebrities), Joe Bonamassa discutiu a situação atual da indústria musical e a declaração ácida do colega de profissão.

O guitarrista reconhece as dificuldades, mas parece mais esperançoso do que o baixista do Exodus. Joe afirmou:

Ouço de artistas de turnês que, como tudo, o custo dos negócios está alto. Gasolina, hotéis, refeições e todas as coisas da estrada que você precisa pagar estão mais caras agora. As margens (de lucro) estão menores. Eu li um artigo onde alguém disse: ‘não sou um músico, sou um vendedor de camisetas’. E eu fiquei tipo: ‘essa é uma forma bem cínica de ver isso’.”
Joe Bonamassa (Foto: Gary Miller/Getty Images)

 

No entanto, Bonamassa concorda que a situação vem se complicando. O guitarrista completou destacando que ainda custa caro gravar seus trabalhos — com estúdios cobrando “dois mil dólares por dia”.

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Colaborou: André Luiz Fernandes.

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