Nova faixa celebra boa fase da drag queen brasileira, que após vencer o reality global 'Queen of the Universe', mira agora no público nacional (com direito a show do 'Domingão')
Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 17/03/2022, às 18h56
Ela ganhou os palcos do universo antes mesmo de conquistar o mainstream nacional. Agora, Grag Queen se prepara para o próximo passo de sua dominação, que começa nesta quinta-feira (17), com o lançamento de "Party Everyday", a primeira faixa da drag queen gaúcha após a conquista global do reality Queen of the Universe.
Com uma letra dedicada à celebração e um clipe que exala a conquista, a música dialoga com a fase de sucesso da artista, interpretada por Grégory Mohd, um artista de 26 anos natural de Canela (RS):
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"Por que não comemorar o título mundial de Queen of the Universe? Tanto tempo de pandemia, de notícias ruins, de falta de vontade de ligar a televisão... Depois de ter escrito minha última música que se chama 'Bota Fé', na qual eu dizia 'vibra, bota fé, o que é teu, é teu", por que não encerrar esa fase festejando e celebrando as coisas incríveis, surreais, inesperadas que aconteceram?', explica Grag.
No clipe, com lançamento programado para esta sexta (18), Grag é a protagonista de uma tour misteriosa, que dá a chance de conhecer uma figura mística, intergalática. O vídeo é dirigido por Vitin Allencar (Dois Pontos Filmes). "Quis trazer essa estética nova que eu apresentei, mais fashion, que conversa com várias nações e afirmando sempre a minha personalidade, minha imagem", diz Grag.
Na entrevista, a artista ainda comenta sua apresentação para o grande público brasileiro, no último Domingão, da Rede Globo: "Realmente nunca almejei isso, porque era um lugar que não era possível para uma pessoa como eu", afirma, e reforça: "Tô me sentindo literalmente o Neymar de peruca, né?!"
Confira abaixo a entrevista exclusiva de Rolling Stone Brasil com Grag Queen:
Rolling Stone Brasil: Grag, eu queria começar falando desse momento de reconhecimento, que veio meio às avessas - claro que já existia uma carreira aqui, mas você foi uma campeã internacional para aí ganhar o palco da Globo no último domingo. Como tá sendo essa experiência brasileira, de ganhar o mainsdtream daqui também?
Grag Queen: Tô me sentindo literalmente o Neymar de peruca, né?! [risos] Não adianta, podem dizer que o brasileiro tem qualquer defeito, mas nunca vão poder dizer que a gente não é competitivo e que a gente larga tudo o que tem pra fazer para torcer, né?! Então é muito importante pora mim porque eu sou uma drag queen, né?! Ver as pessoas simpatizarem e empatizarem, e torcerem por mim. E ao mesmo tempo não só por ser brasileiro, né?! Foi muito legal. Então eu sinto que as pessoas agora tão conhecendo essa jornada e tá todo mundo se apaixonando e enfim, isso toca a todas as pessoas, né?! Até pela importância de mostrar que isso é possível, né?! É muito bom um brasileiro ver que outro brasileiro conquistou o universo.
Rolling Stone Brasil: Falando de Brasil, a gente vive esse momento muito rico para as drag queens cantoras. A que você atribui esse interesse nessas vozes, que sempre correram pelas beiradas por aqui?
Grag Queen: Eu sinto que primeiramente a era digital é muito bem vinda, a gente tem comunicado muito bem. Tem a nossa luta de resistência de Silvetty, de Marcia Pantera, de Gloria Groove, ela tem surtido efeito... eu acabei de sair do palco do Domingão. Realmente nunca almejei isso, porque era um lugar que não era possível para uma pessoa como eu. Então quero sim trazer toda a minha arte, toda a minha qualidade vocal, artística, na comunicação, apesar da música, e mostrar que, sim, drag queens podem ser podcasters, elas são TikTokers, elas são cantoras de tudo, são sertanejas, são rock, são internacionais, como eu, então acho que é isso, que cada vez mais a ocupação - não digo nem ocupação, porque esse espaço já é nosso, mas essa apropriação, sempre foi nossa, entendeu?
Rolling Stone Brasil: Falando de "Party Everyday", que é uma festa, por que a escolha dessa faixa neste momento?
Grag Queen: Party Everyday, né?! Por que não comemorar o título mundial de Queen of the Universe? Tanto tempo de pandemia, de notícias ruins, de falta de vontade de ligar a televisão... Depois de ter escrito minha última música que se chama "Bota Fé", na qual eu dizia "vibra, bota fé, o que é teu, é teu", por que não encerrar esa fase festejando e celebrando as coisas incríveis, surreais, inesperadas que aconteceram? Então, sim, a gente tem que celebrar porque a gente não desistiu. Como corpos LGBTQIA+, a temos que celebrar nossa existência, nossa vida. É inglês, é português, é o din dirin din don, que é o jeito como eu gosto de me comunicar com o universo, e é isso, tô muito feliz, não podia ter uma faixa melhor para expressar e afirmar esse momento incrível que tô vivendo agora.
Rolling Stone Brasil: No single você canta em inglês e português. Como você bota o inglês nessa sua composição própria?
Grag Queen: Eu antes de sonhar que eu ia ganhar o Rainha do Universo, eu sempre usava, né?! Sempre botava uma coisinha em inglês, lá no "Bota Fé" eu usei o "move on"... o meu nome é Grag Queen! Então eu sempre tive essa coisa artística, sempre fui muito fã de artistas lá de fora.
Rolling Stone Brasil: E me conta um pouco da recepção internacional do seu trabalho. Hoje você é um nome global - ou universal. A gente sabe que lá fora, a entrada de artistas é bastante difícil, seja pela barreira do idioma, seja pela própria indústria. A ideia do inglês é dialogar com essa fanbase?
Grag Queen: Acho que é a ferramenta que hoje eu tenho para entrar nessa bolha internacional. Lá nos Estados Unidos, pelo o que tenho acompanhado, lido, entendido com os managers de lá, mercado de lá requer cantar em inglês. A gente não consegue quebrar o sistema, mas conseguimos invadir o sistema de dentro dele. É entrar com inglês, com a música pra eles, no campo deles, e, quando a gente estiver dentro dessa bolha, a gente solta nossa brasilidade. Óbvio que eu nunca vou deixar o meu Brasil de lado, sempre vou meter alguma coisa no meio, eu tenho músicas que falam do Brasil, tenho músicas que mesmo que sejam em inglês ela bate funk, ou um berimbau, ou um axézão. Então certeza, enquanto a minha vida artística estiver viva, eu vou estar crescendo o nome do Brasil.
Rolling Stone Brasil: O clipe parece inteiramente inspirado pela ideia dessa oportunidade de ouro, de conhecer uma deusa, de ser dominado por um ritmo... eu acho que já sei a resposta, mas qual é a inspiração para o conceito? E como foi a produção da música e do clipe?
Grag Queen: É engraçado, pois a música eu escrevi antes mesmo do reality. Eu brinco que ela foi um pedido para o universo, sabe? Foi muito incrível que isso tenha se concretizado e ter servido de chancela. E essa estética é óbvio, né?! A gata esteve em todos os lugares, a gata ganhou milhões, a gata é rainha do universo... então eu quis trazer essa estética nova que eu apresentei, mais fashion, que conversa com várias nações e afirmando sempre a minha personalidade, minha imagem, né?! quero estar sempre impecável com unhas lindas, cabelos lindos, vai ter coreografia, vai ter tudo.
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