Em apenas cinco anos, Teto passou das transmissões ao vivo às turnês internacionais com seu trap inspirado que agradou ao público - e surpreendeu a ele próprio: “todo dia é um choque”
Felipe Grutter (@felipegrutter) Publicado em 05/04/2024, às 13h01
Em plena highway americana, sob o sol de Pompano Beach, na Flórida, Teto comemora. Parece o final de um road movie bom: é o fim da turnê de sucesso que percorreu seis cidades entre o Canadá e os Estados Unidos no último mês de março. Não é sua estreia nas terras do Tio Sam - mas é a primeira turnê com sua própria equipe. No volante de sua própria carreira, ele está no topo do mundo - ou melhor, no Teto do mundo.
Um mundo diferente, é verdade, do que o que Clériton Sávio Santos Silva imaginou quando começou a gravar as primeiras músicas. Em 2020, auge da pandemia de covid-19, Teto não imaginava que seria o trap brasileiro seu passaporte para uma vida de rockstar, com mais de seis milhões de ouvintes mensais no Spotify e turnês além-mar.
A carreira de Teto é caso raro. O cantor conseguiu se popularizar na música logo no começo, quando tinha apenas prévias de canções, como “M4” e “Drugs”, que ainda seriam lançadas. De preview em preview, acabou ganhando o apelido de Rei das Prévias por um tempo.
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Natural de Jacobina, Bahia, Teto viu a música como uma maneira de se libertar das limitações que a infância humilde lhe apresentara. “No meu mundo, não tinham muitas pessoas com as quais eu me identificava, seja com a mesma vivência ou lifestyle”, afirmou à Rolling Stone Brasil.
“A música foi a única coisa que achei, uma coisa com a qual me sinto especial fazendo e me liberto.”
Foi fazendo música do isolamento que ele viu a chance de atingir quem, também isolado, buscava conexão. Suas transmissões ao vivo, onde mostrava as famosas prévias não tinham a condição ou o investimento de nível profissional que uma carreira na música o sugeria. O que tinha era o talento e o carisma, que lhe ajudaram a viralizar seus trechos de canções.
Com o público nas mãos, Teto começou a insistir nesse formato para alavancar a carreira. Então, começou a fazer contatos e a se inteirar da indústria e do mercado musical. Mesmo sem um planejamento, aquelas poucas prévias conseguiram fazer com que ele chegasse no ouvido das pessoas certas para colocá-lo na posição e no momento que precisava.
E o que Teto precisava naquele momento era de um grupo como a 30PRAUM, selo de Matuê e Clara Mendes, um dos maiores responsáveis pela ascensão meteórica do trap no Brasil. Com a empresa, o artista lançou oficialmente os principais hits, como “zumzumzum”, “M4”, “Fim de Semana no Rio” e “Vampiro”. E estourou.
“Estourar é muito relativo. A prova disso hoje em dia está com diversos nomes e talentos que a gente tem no Brasil, enfim. Fazer o que você ama, genuinamente, é o que move acima de tudo”, reflete. “A todo momento nunca me vislumbrei pela posição de estar, pela posição de ser. Todo momento eu quero me renovar e buscar ser uma pessoa melhor, para minha arte e para o meu ouvinte.”
A seu beat acelerado, Teto soma a influência de outros gêneros e estilos musicais. Após os primeiros sucessos enraizados no trap, ele começou a experimentar afrobeat e MPB, por exemplo. Uma virada de chave natural, ele garante, no avançar da curta carreira de quatro anos.
“Eu comecei com muita sede ao pote. [Atualmente] não consigo viver um dia sem querer aprender mais e mais para ser um cara ainda mais bem posicionado”, explicou. “Me coloco numa posição que eu talvez nem queria estar, mas é necessário virarmos essa chave! Todo dia é um choque.”
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