Vocalista do CPM 22 diz ter “bode” de quem declara o estilo musical como falecido no país e explica seu ponto de vista
Igor Miranda Publicado em 23/07/2023, às 18h04
Há anos discute-se sobre o rock ter “morrido” em território nacional. A falta de novas bandas brasileiras despontando no mainstream serve como principal argumento dos “coveiros” do estilo. Porém, Badauí tem um ponto de vista diferente com relação ao assunto.
O vocalista do CPM 22 abordou o assunto durante participação no podcast Amplifica (via Whiplash), em edição realizada durante o festival João Rock, em Ribeirão Preto (SP). Inicialmente, foi destacado o ritmo de trabalho intenso de vários grupos - até mesmo aqueles de subgêneros mais extremos, como Krisiun e Ratos de Porão - para explicar que ainda há demanda.
“Tenho um bode desse negócio de que o rock está morrendo, cara! Se for pensar, é de uma alienação grande. Se você pegar nossa agenda, ver as fotos dos shows e ver também Pitty, Detonautas, Krisiun, Ratos, Crypta etc… todo mundo está trabalhando para car*lho!”
Na sequência, o artista destacou que estar fora dos grandes veículos de comunicação não significa que algo tenha deixado de existir. Trata-se apenas de uma mudança na forma de se consumir música.
“A forma de consumo de música mudou. Se vocês estão esperando ver no [programa de] Luciano Huck uma banda de rock, como já teve um dia, não é ali. As coisas não estão acontecendo na mídia aberta. Eles nunca foram termômetro da realidade.”
Ainda durante a entrevista, Badauí declarou que houve um período em que a grande mídia abriu espaço para o rock em virtude da ascensão da MTV Brasil. Porém, os tempos mudaram - e o estilo musical voltou para onde sempre esteve, de acordo com o cantor.
“Na época da MTV forte, o comportamento do jovem era influenciado por ela. As emissoras abertas deram atenção para alternativos. Participamos disso e fizemos até [o programa do] Faustão. O termômetro não é mais esse. O rock sempre viveu às margens de outros estilos mais populares. Só que o público é fiel e consome aquilo.”
Por fim, foi traçado um paralelo com outro grande artista da música brasileira.
“Eu uso o exemplo comparando com a música popular brasileira. Se você fala que não vê o rock na mídia, você vê o Chico Buarque na mídia? Não vê!”
Em outra ocasião, durante entrevista ao podcast Falacadabra, Badauí refletiu sobre mais um comentário frequente a respeito do rock brasileiro: as bandas seriam supostamente “desunidas”, o que permitiu o crescimento de gêneros como o sertanejo, com artistas mais conectados entre si. O vocalista do CPM 22 não acredita que isso seja verdade.
“É uma mentira que o rock não tenha sua evidência hoje em dia por causa da união. As bandas são muito unidas. A gente se encontra nos festivais e faz a maior bagunça. A gente se adora. Quando a gente toca com a Pitty, a gente sai do nosso show e vê o show dela, vai pro camarim, ficam lá todos zoando, vai para o hotel junto. Raimundos a mesma coisa, Planet Hemp, D2, Supla, Capital Inicial, quem quer que seja. Não existe desunião.”
Na sequência, mais um contraponto foi apresentado: para Badauí, o rock “nunca foi o número um” no Brasil.
“A gente está falando de São Paulo, onde mesmo assim o público é grande e sustenta todas essas bandas. Quando alguém fala: ‘vocês têm que voltar’... voltar de onde, maluco? A gente faz show cheio em qualquer cidade que vamos. E isso acontece com Capital, Dead Fish, Pitty, Detonautas, Raimundos... é o suficiente. Tem festivais grandes no Brasil que colocam rock. O Planeta Atlântida já rolou mais, mas ainda rola. O João Rock é o festival mais rock que a gente tem no país, genuinamente rock brasileiro. Entra rock, pop rock e até punk rock e rap, música alternativa em geral. Toca CPM, Pitty, Planet Hemp, Natiruts e Paralamas no mesmo dia. É do car*lho. E com 70 mil pessoas com ingressos vendidos três meses antes.”
Por fim, o músico destacou que a comparação com a música sertaneja não pode ser levada tão ao pé da letra porque, de fato, os cachês dos artistas de rock nunca serão altos como os de colegas do outro estilo. Isso não significa, porém, que falte público.
“Nosso cachê não se compara ao de um sertanejo. Não tem como. Mas o que não pode falar é que não tem público - ainda que seja um público com uns 70% de pessoas de classe mais trabalhadora, com menos condições. Isso se reflete no cachê, no evento como um todo. E não quer dizer que tenha um público que não seja do car*lho.”
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