Músico sempre destacou em entrevistas uma série de influências distintas, indo do funk americano ao punk rock
Igor Miranda Publicado em 11/11/2023, às 10h30
Duff McKagan é um dos grandes baixistas do hard rock. Mesmo que nunca tenha se apresentado como um virtuoso do instrumento, o músico do Guns N’ Roses se destacou por ter desenvolvido um timbre único, aliando peso e certa dose de swing.
Em entrevistas, ele reconhece que suas referências não são exatamente ligadas ao rock clássico. Ao destacar suas influências, sempre menciona vários músicos e bandas de punk rock, além de alguns nomes relativamente “fora da caixinha” para quem gosta de som pesado.
Um deles é o de Prince. O cantor e multi-instrumentista falecido em 2016 tornou-se notório por ter gravado vários discos sozinho. Assumia vocais, todos os instrumentos, todas as composições e a produção. Era polivalente — e um verdadeiro craque no que se propunha a fazer.
Em entrevista à Guitar World (via site Igor Miranda), McKagan foi convidado a listar os sete baixistas que moldaram seu som. O primeiro citado foi justamente o autor de “Purple Rain”, “When Doves Cry” e tantos outros hits. Inicialmente, o músico do Guns relembrou sua busca por sonoridades distintas logo nos primeiros momentos com o instrumento:
“No início eu não era um ‘baixista’ em si. Mas quando decidi que faria isso, quis ser diferente.”
Foi aí que entrou a influência de Prince, segundo Duff.
“Durante esse tempo, fui muito influenciado pelo baixo de Prince tocando no estúdio. Ele tinha um som sofisticado e eu incorporei isso ao meu som no Guns N’ Roses, o que você pode ouvir já no álbum Appetite for Destruction (1987). Está tudo lá. O baixo incrível de Prince me ajudou quando eu criei meu som.”
Em outra entrevista, resgatada pelo canal The Bass Channel, Duff McKagan destaca que a sonoridade almejada por ele no Guns N’ Roses era justamente mais orientada ao funk americano. O músico é citado dizendo:
“O timbre de baixo que você ouve em Appetite for Destruction é um som do funk. Eu tive que encontrar um lugar para encaixar entre o som mais magro da guitarra de Izzy Stradlin, a combinação bumbo-caixa de Steven Adler, o som de guitarra mais grosso de Slash que ocupava bastante e os vocais. Enquanto baixista, é muito importante encontrar seu lugar.”
De funk, Prince entendia. Tanto que orientava os baixistas que trabalhavam com ele em turnê ou em estúdio a tocarem de um jeito específico para chegar ao groove ideal. Levi Seacer Jr, que gravou músicas em álbuns como Lovesexy (1988) e Graffiti Bridge (1990), explicou à Guitar World:
“A guitarra é meu instrumento principal, mas Prince me ensinou como ser baixista. No começo foi difícil, porque eu estava acostumado com solos de guitarra, mas tive que aguentar – eu fazia parte da ‘base’ da casa. Muitos músicos querem ser Stanley Clarke ou Marcus Miller, mas isso não tinha lugar na nossa banda. A menos que Prince lhe dê um solo. Nos ensaios, o baixista ficava ao lado do chimbal e o ritmo deveria ser um pouco ‘atrás’ do baterista, para você conseguir aquela pegada funky. O guitarrista ficava meio que entre os dois e o teclado ficava por cima, acrescentando as ‘cores’. Prince defendia que os instrumentos permanecessem em suas áreas. E ele não se importava em repetir uma parte até que soasse certo.”
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