Dave Matthews Band - Dave Matthews (Robb D. Cohen / AP)
Rock

O inusitado guitarrista prog que Dave Matthews aponta como forte influência

Músico nascido na África do Sul e líder de banda que leva seu próprio nome tem inspirações diversas na música

Igor Miranda Publicado em 02/02/2024, às 10h00

Dave Matthews é um artista de múltiplas influências. Sua Dave Matthews Band já explorou diversos subgêneros, do rock ao folk, do som raiz ao alternativo. Até mesmo jazz e música tradicional africana — considerando que o artista nasceu e morou em diferentes períodos na África do Sul — já se mostraram presentes em determinados momentos da carreira.

Ao longo da carreira, Matthews mencionou inspirações diversas. A abordagem mais experimental vem de ídolos como Paul Simon e Sting, enquanto a veia rock é uma contribuição de seu amor por Jimi Hendrix. Com relação aos diversos improvisos feitos durante shows, ele menciona sua devoção ao Grateful Dead, banda conhecida justamente pelas apresentações “sem roteiro”.

Mas o que muitos podem não imaginar é que um dos grandes guitarristas da história do rock progressivo — e um dos mais inventivos de todos os tempos — exerceu tamanha influência em Dave a ponto do músico tentar imitá-lo na guitarra. Trata-se de Robert Fripp, integrante do King Crimson que já trabalhou com David Bowie, Peter Gabriel, Talking Heads, Blondie e muitos outros, a ponto de ter contribuído com mais de 700 lançamentos ao longo da carreira.

Dave J Hogan | Credit: Dave J Hogan/Getty Images

 

Em entrevista ao radialista Howard Stern (via Guitar World), o líder da Dave Matthews Band comentou que as técnicas de dedilhado de Fripp foram determinantes em seu próprio estilo de tocar violão. Porém, ele acredita que se Robert o visse tocando — e tentando imitá-lo —, o consideraria um “idiota”.

“Ele provavelmente olharia para meu violão e pensaria: ‘você é um idiota’. Mas ele usa uma afinação em que toca de uma forma muito formal [com as mãos abertas]. Como na minha música ‘Warehouse’, ela emite um som e você pode criar esses padrões e apenas repeti-los. Provavelmente existe uma maneira mais fácil de tocá-la, estando menos espalhado pelo braço do instrumento, mas é satisfatório tocar daquele jeito.”

Matthews citou outra canção — uma de suas mais conhecidas, aliás — em que tenta replicar o estilo de Fripp: “Satellite”. Sobre ela, destacou:

“Eu estava apenas tentando imitá-lo e também fui ignorante. Acabou virando uma combinação dessas duas coisas. Em vez de ouvir, eu olhava para tentar tocar o que ele estava tocando. Então, eu tentava e não parecia nada com o que ele estava fazendo, mas ficou legal.”

Robert Fripp em constante evolução

Como era esperado de um gênio da guitarra, Robert Fripp muito provavelmente não acharia Dave Matthews um idiota. Pelo contrário: o guitarrista do King Crimson já demonstrou diversas vezes estar aberto a novas influências na música.

Desde o início da pandemia, ele deu início a um divertido quadro de vídeos online com sua esposa, a cantora Toyah Wilcox: Sunday Lunch. Nas filmagens, o casal toca músicas de outros artistas e adota um repertório bem eclético, que vai de Billy Idol a Metallica e de Britney Spears até Led Zeppelin.

Em meio à vasta gama de canções que precisou aprender, Fripp descobriu o talento de muitos guitarristas célebres, mas que por algum motivo não havia dado atenção. Um deles é Dave Mustaine, líder do Megadeth. Ao falar sobre o ícone do thrash metal, ele disse:

“Explorando ‘Holy Wars… The Punishment Due’, dava pra ver que Dave Mustaine é um músico sério. Ele pensa diferentemente de mim musicalmente, mas há semelhanças também. Posso notar isso de pesquisar sobre seu estilo: ele parece trabalhar em padrões — desenvolvendo e introduzindo variações dentro desses padrões, algo que eu também faço.”

Em seguida, complementou:

“Aquela canção do Megadeth foi um desafio pra mim. Tocar ela direito levaria uns três meses pra mim, com mais ou menos quatro a oito horas por dia de treino. Precisaria de muita concentração. Se você está fazendo 90 segundos, você ainda precisa trabalhar tão duro quanto é preciso. Ele é definitivamente alguém com quem eu não estava familiarizado antes, mas acabei respeitando muito.”

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