Enquanto baixista e líder Steve Harris nega a inspiração no estilo, ex-vocalista Paul Di’Anno afirma que referência existia - e era trazida por ele
Por Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 05/05/2023, às 12h55
Um dos grandes pontos de debate entre fãs da fase inicial do Iron Maiden, com Paul Di’Anno nos vocais, é a presença da influência punk em suas músicas. Uma parte do público compactua com a opinião do baixista e líder Steve Harris de que essa referência não existe. Já outra parcela concorda com Di’Anno no sentido de que o gênero, sim, impactou nos primeiros trabalhos do grupo.
Em entrevista de 2019 à Rolling Stone US, por exemplo, Harris negou que a sonoridade de álbuns como Iron Maiden (1980) e Killers (1981) seja mais visceral por influência punk. Segundo ele, a banda sequer gostava do estilo.
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“Algumas pessoas nos confundiram por tocarmos coisas ‘punky’, mas, na verdade, não gostávamos de punks. Os punks naquela época não conseguiam tocar seus instrumentos como os posteriores.”
De acordo com o baixista, a sonoridade mais afiada do Maiden em seus primórdios vinha de algo muito mais natural. Era, segundo ele, em função da “adrenalina”.
“Não é como se tivéssemos parado para dizer: ‘oh, vamos tocar rápido’. Começa com a adrenalina e, no palco, fica ainda mais rápido do que quando você gravou. [...] A energia de um show pode ser incrível em certas ocasiões. Nunca foi premeditado.”
As entrevistas de Paul Di’Anno ao longo dos anos mostram que pelo menos uma das falas de Steve Harris pode estar equivocada: a de que ninguém no Iron Maiden gostava de punk. O vocalista, que fez parte do grupo até 1981, sempre destacou sua paixão pelo gênero, especialmente pelos Ramones.
Até o visual de Di’Anno remetia ao estilo, com jaquetas de couro, cabelos curtos e outros detalhes. Em entrevista também de 2021, mas à Classic Rock (via Whiplash), o cantor revelou as circunstâncias para se vestir e ter um penteado diferente da maior parte dos músicos de heavy metal no período.
“Eu gostava de irritar Steve e a plateia com aquela coisa toda [risos]. Eu era um dos raros vocalistas no heavy metal que não tinha cabelo comprido. Eu me vestia da forma como eu sentia que deveria. Se eu quisesse usar kaftan e sandálias, eu usaria, mas nunca fiz isso.”
Ainda durante o bate-papo, Paul Di'Anno revelou acreditar que foi ele quem trouxe um “elemento punk” ao Iron Maiden em seus anos iniciais. Especialmente no palco.
“Não há como negar: aquelas músicas eram bem rápidas, ainda que tivessem algumas transições de tempo mais progressivas nelas. Foi isso que nos tornou tão únicos. O punk permitiu a todos que pudessem tentar fazer algo, não apenas aqueles que estavam em suas torres de marfim. Solos de guitarra de meia hora nunca fizeram minha mente. Algo precisa ser real, não importa o quão ruim ou bom seja.”
Foi justamente a abordagem mais técnica do Iron Maiden em Killers que deixou Paul um pouco desanimado com o Maiden. O cantor foi demitido da banda no ano em que o álbum foi lançado, devido a problemas com drogas e conflitos com Steve Harris.
“Na época do Killers, a banda estava ficando mais técnica e perdendo um pouco, para mim. Não acho que as músicas tinham o mesmo ‘ataque’ e eu comecei a perder interesse. Senti que poderia decepcionar as pessoas ao expressar minhas dúvidas com aquela direção, então, não falei nada, mas tudo se acumulou até o ponto em que passei a criticar Steve da forma errada.”
No fim das contas, até o mascote do Iron Maiden, Eddie, teve influência do punk. Quem garante é o próprio criador do personagem, Derek Riggs. Em entrevista ao EonMusic (via site Igor Miranda), o artista visual contou que a caveira seria originalmente do estilo em questão.
“Era para Eddie ser um punk. Era o fim dos anos 70, o metal tinha morrido, o rock progressivo tinha morrido e o punk era a única coisa que estava por aí. Eu queria pintar capas de discos, então ficava por aí tentando vender capas de jazz e outras coisas, sem saber realmente em que direção ir, porque de repente tudo estava mudando. Eu pensei ‘bem, talvez eu deva tentar pintar algo punk’.”
Até o momento histórico vivenciado pela Inglaterra, terra natal da banda, o inspirou nesse quesito. Na época, o Reino Unido vivia uma forte recessão econômica.
“Eu estava tentando criar algo que os punks pudessem entender ou se identificar porque a Inglaterra estava horrível naquela época. Quer dizer, tínhamos 4 milhões de desempregados na pior época e a Inglaterra é só do tamanho da Califórnia, então isso é um monte de gente.”
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