- Músicos do Olodum junto de Antonio de Aguiar Patriota (de terno, ao fundo) (Foto: Divulgação/ Antonio Carvalho/Banda Olodum)

Olodum no Egito: Grupo baiano se apresenta no Cairo pela primeira vez

Criado em meados de 1979, o Olodum tem shows especiais marcados no Cairo e em Alexandria, como parte de projeto do Itamaraty; entenda

Redação Publicado em 04/11/2022, às 15h00

Nesta sexta-feira, 04, o Olodum fará uma apresentação bastante especial no Cairo, Egito, durante o Cairo Jazz Festival. A apresentação inédita faz parte de esforços do Itamaraty para exaltar a cultura negra do Brasil em outros países, incluindo na nação africana considerada uma potência do turismo.

Criado no bairro Maciel-Pelourinho, em Salvador, em meados de 1979, o Olodum é um dos maiores grupos de percussão afro do Brasil. Com faixas que homenageiam grandes representantes da cultura preta, o grupo já se apresentou ao lado de artistas como Michael Jackson e Jimmy Cliff.

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No ano em que "Faraó - Divindade do Egito" completa 35 anos, então, o Olodum irá se apresentar no berço da cultura faraônica, em um evento que, segundo a Folha, tem o objetivo de celebra os 100 anos de descoberta da tumba de Tutancâmon. Em seguida, após o show no Cairo Jazz Festival, o grupo de percussão brasileiro ainda deve se apresentar no Opera House de Alexandria, no sábado, 05.

No total, 14 integrantes do Olodum viajaram para o Egito, a fim de disseminar a cultura brasileira no país africano. Para João Jorge Santos Rodrigues, o presidente do grupo, a apresentação faz total sentido, principalmente considerando que as composições do Olodum sempre ressaltaram a importância de grandes personalidades do Egito Antigo, como os faraós Aquenatón e Tutancâmon.

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Cantamos isso desde 1987. Esses faraós são de um período em que a presença africana negra era fundamental no Egito. Queremos, ainda, projetar a música brasileira baiana do Olodum num ambiente que consagrou o berço da civilização", pontuou.

Na opinião de Antonio Patriota, o embaixador do Brasil no Egito, o intercâmbio cultural entre os países pode ter diversos benefícios comerciais, turísticos e diplomáticos. "O Egito é um mercado importante para os nossos produtos agrícolas como milho e açúcar. Importarmos fertilizantes egípcios. O país também é uma potência turística", afirmou o diplomata.

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"Um dos grandes sucessos do grupo é 'Faraó', música que fala do empoderamento dos negros. Como o Brasil é o maior país afrodescendente fora da África, é natural que tenhamos grande interesse por essa cultura. O Brasil não existiria como é hoje sem uma forte participação do elemento africano", continuou.

É interessante pontuar que, além dos shows, o Olodum ainda levará para o Egito oficinas sociais já realizadas em Salvador e em Florianópolis. Com o objetivo de ensinar a cultura afro-brasileira e a percussão, duas aulas serão realizadas no Cairo e uma terceira classe será oferecida para 25 crianças de um abrigo em Alexandria, com apoio do Ministério da Cultura do Egito.

Segundo Rafaela Seixas, a primeira-secretária da embaixada do Brasil no Cairo, a ideia é levar as oficinas para músicos e jovens em situação de vulnerabilidade. "O Olodum surgiu como um projeto social. Querem tirar pessoas negras da marginalidade e mostrar a cultura negra ao mundo. Talvez coloquem nessas crianças e adolescentes uma fagulha para eles se interessarem por música e, quem sabe, profissionalizarem-se no futuro", explicou a diplomata.

 

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