Cantor e compositor critica o que define como “curralização” da cultura pop nos shows, mas destaca jovens promessas da música nacional
Igor Miranda Publicado em 21/06/2024, às 19h30
Guilherme Arantes não é a pessoa mais entusiasmada com o que acontece na música brasileira atualmente. Em ocasiões diferentes, o artista declarou não gostar de alguns estilos que estão em voga no momento e até mesmo do formato vigente de festivais, onde, em suas palavras, a música se torna “catchup em praça de alimentação”.
Isso não quer dizer, porém, que nenhum jovem artista tenha sua aprovação. Em entrevista a Danilo Casaletti para o jornal O Estado de S. Paulo, Arantes mencionou alguns nomes da nova geração do pop brasileiro que lhe surpreenderam positivamente.
“Gosto muito da Anavitória. Gosto do estilo do Vitor Kley e do Tiago Iorc. Gosto do Os Garotin, que são uns meninos que vieram com uma linha potente, algo como Stevie Wonder.”
Em seguida, porém, ele não deixou de reconhecer o ambiente atual do Brasil como “muito desfavorável” para esse tipo de músico. Em sua visão, o pensamento festivo da música atrapalha o desenvolvimento de trabalhos artísticos que explorem outros tipos de sentimento.
“Você tem uma massa humana procurando um hedonismo de festa. A partir dos anos 1990, houve uma ‘curralização’ da cultura pop nos ambientes dos shows. É o pagode, o sertanejo... As músicas passaram a ser feitas para funcionar nesse curral. Não há uma proposta aberta. Assim é no forró, na sofrência, no piseiro, no funk e no trap. Com isso, você perde em reflexão, em angústia, nesses sentimentos mais softs do ser humano. É um movimento mundial.”
O repórter que conduzia a entrevista perguntou se os gêneros musicais citados por Guilherme “dão algo musicalmente” para ele. Em resposta, o cantor e compositor declarou:
“O reggaeton, que toca muito na Espanha – e é um saco –, é uma fórmula rítmica [ele canta o ritmo] que é em cima da cúmbia. O reggaeton é um som eletrônico que tem em países como Paraguai e Colômbia, com uma cadência de dança que é tipicamente árabe. Uma levada que é para o quadril mexer. Tem algo étnico, mas não produz coisas de qualidade e instigantes. Ele fica limitado a um discurso chato de empoderamento, de ostentações e joias, que é fraco. O funk e o trap também vão para a vibração dessa dança.”
Mesmo assim, nem tudo é descartável no segmento de acordo com Arantes. Sam Smith, que é do Reino Unido, também recebeu uma menção de destaque.
“Às vezes, artistas de fora desse cenário, como Sam Smith, usam essa fórmula rítmica, mas bota algo a mais. Adoro Sam Smith! Tem uma voz belíssima. Uma figura humana generosa. Uma graça! Tem uma proposta artística linda. O ativismo é de bom gosto, lindo! Artista pop com excelência!”
Em outro momento da conversa, Guilherme Arantes é perguntado sobre quais artistas poderiam interpretar suas músicas no momento atual. Uma cantora que não foi citada na primeira resposta foi lembrada pelo artista.
“A Marina Sena é muito promissora. Eu a encontrei em uma gravação [para o programa Altas Horas] e lhe disse que ela era uma grande cantora. Ela me respondeu: ‘Que bom você falar isso. Muita gente diz que eu canto mal’. As pessoas têm uma reserva porque ela tem um marketing, um comportamento pop que muita gente acha questionável por explorar a sensualidade. A Gal Costa também fez isso no passado. Gal era totalmente lasciva no palco. E não há demérito nenhum nisso. Se tudo correr bem, quero estar no repertório de vários cantores.”
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