Lendário vocalista shock rock não é apenas um palpiteiro: ele era amigo de Lennon a ponto dos dois participarem juntos de um grupo de bebedeira
Igor Miranda Publicado em 08/09/2023, às 09h00
Os Beatles anunciaram o fim em 1970, mas era algo que parecia estar definido desde o ano anterior. Havia tantos conflitos internos — especialmente entre as lideranças criativas John Lennon e Paul McCartney — que a situação parecia irremediável.
E nunca mais o grupo se reuniu. Lennon acabou tragicamente assassinado em 1980, o que impediu de vez qualquer retorno. McCartney e ele, porém, chegaram a se reconciliar em algum momento da década de 1970. Dito isso, será que eles poderiam ter voltado se John não tivesse partido tão cedo?
Para Alice Cooper, sim. O lendário vocalista abordou o assunto em entrevista à rádio americana QFM96 (via Blabbermouth). E não se trata de mero palpite de fã, já que ele era amigo de Lennon desde o fim dos anos 1960 — os dois faziam parte de um grupo de bebedeira chamado Hollywood Vampires — e manteve seu vínculo com McCartney.
“Os Beatles absolutamente teriam voltado. Aqui está o grande lance sobre eles. Na época em que eles se odiavam e estavam se separando, se alguém dos Vampires — nosso clube de bebida — dissesse algo ruim sobre Paul, John daria um soco nessa pessoa. Porque era o melhor amigo dele. Se alguém falasse qualquer coisa ruim sobre John para Paul, Paul não chegava às vias de fato porque não era seu estilo, mas ele sairia da sala; ele simplesmente sairia. Porque você não tem permissão para falar sobre o melhor amigo de outra pessoa.”
Como o sentimento entre os dois nunca acabou, Cooper acha que, em algum momento, eles teriam se entendido e voltado a trabalhar juntos. Uma volta dos Beatles, claro, também envolveria “sinal verde” de George Harrison e Ringo Starr, mas ter as duas lideranças da banda em comum acordo já significa muita coisa para uma possível retomada.
Outro ponto destacado por Alice é que, na década de 1970, Lennon e McCartney queriam dar outros direcionamentos às suas carreiras. O hiato era necessário.
“Eles eram melhores amigos, não importava o que estava acontecendo na coisa toda. Um foi para um lado e o outro foi para o outro. Acho que John queria abordar uma mensagem mais política e Paul não gostava muito disso. John estava sempre tentando me colocar na política, e eu disse: ‘John, você está tentando salvar o mundo. Eu estou apenas tentando entreter as pessoas’.”
O mencionado clube de bebedeira Hollywood Vampires — que nos anos 2010 virou uma banda comandada por Alice Cooper, Joe Perry (Aerosmith) e Johnny Depp — existiu na década de 1970. Cooper, um alcoólatra inveterado na época, era o líder do clube, que reunia vários astros.
Os membros fixos eram Alice, Ringo Starr, Keith Moon (The Who), Micky Dolenz (The Monkees) e Harry Nilsson. Eles costumavam se reunir no bar The Speakeasy and Tramps em Londres, na Inglaterra, e Rainbow Bar and Grill em Los Angeles, Estados Unidos. Havia ainda as “participações especiais” de nomes como John Lennon, Keith Emerson (Emerson, Lake & Palmer), Brian Wilson (Beach Boys) e Iggy Pop (The Stooges), que se juntavam aos amigos sempre que possível para confraternizar.
No caso de Cooper, a bebedeira foi longe demais, a ponto de ele ter precisado recorrer à reabilitação na década de 1980. Desde então, o cantor se mantém sóbrio.
Como já mencionado, décadas depois, o Hollywood Vampires virou banda. Seu primeiro álbum, homônimo e lançado em 2015, trouxe vários convidados especiais. Um deles era o próprio Paul McCartney, que apareceu na releitura de “Come And Get It”, composição assinada pelo próprio Beatle e lançada originalmente pelo Badfinger em 1970.
Em entrevista de 2018 ao Ultimate Classic Rock (via site Igor Miranda), Cooper exaltou o talento de McCartney a ponto de dizer que os Beatles nunca seriam gigantes sem ele.
“Ele não é apenas um Beatle, ele é ‘o’ Beatle. John e eu bebíamos juntos e tudo o mais, mas ele é o cara que estava mais preso à música. Acho que se Paul McCartney não estivesse nos Beatles, John estaria em uma banda de bar para sempre. Paul gosta muito de tocar. Quando ele entra e senta no piano, ele diz: ‘ok, Alice, cante a parte do meio, eu canto a outra e você pode fazer a dobra nisso’. E eu penso: ‘o quê?’ (risos). Estou cantando com Paul McCartney, o quão louco é isso? É o músico que mais respeito entre todos.”
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