Cantora conversou com a Rolling Stone Brasil sobre os projetos que já ocupam a agenda até outubro do ano que vem; ainda falou do novo disco e do show da posse que marca 'a volta da democracia'
Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 23/12/2022, às 11h35
Para Pabllo Vittar, 2023 já começou: finalizando seu quinto álbum de estúdio, a artista já tem compromissos confirmados até pelo menos outubro do próximo ano. O primeiro deles acontece já no dia 1º de janeiro, no Festival do Futuro, que marca a posse do presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva - para ela, um evento que marca 'a volta da democracia'.
"Nem eu imaginava que isso seria real, mas eu falo sempre que a fé a gente tem muito. Vou estar lá com os amigos, homenageando o povo brasileiro, a volta da cultura, a volta da democracia, e tô muito feliz e muito honrada de estar lá", disse Pabllo em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil.
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Na conversa, a cantora ainda relembrou outro episódio de impacto político de seu último ano: o momento quando levantou uma toalha do então candidato Lula em sua apresentação no Lollapalooza Brasil. Segundo ela, o ato aconteceu por acaso e ela sequer imaginou a comoção que geraria posteriormente:
"Aquele momento ali era a última música, quando eu vi a toalha do 'paizinho' ali, eu fiquei doida, saí correndo e levantando, e de alguma forma fazendo as pessoas sentirem o que eu tava sentindo, que era uma felicidade incondicional ali naquele momento."
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Da política para seus projetos para o próximo ano, Pabllo confirmou que o próximo disco será recheado de parcerias, que são uma marca de sua música. Adiantou ainda o retorno de seu bloco de Carnaval e de mais uma edição do Halloween da Pabllo, que em 2022 arrecadou mais de meia tonelada de alimentos para doação. Por fim, ainda revelou como ficou a retrospectiva de suas músicas mais ouvidas do ano - com uma primeira posição, sem surpresas, para ela própria, seguida de outros artistas de que é fã. Abaixo, você confere a conversa na íntegra e, mais além, os highlights da conversa.
Rolling Stone Brasil: Pabllo, o PV5 tá chegando aí e as duas músicas já lançadas ["DESCONTROLADA", com MC Carol, e "ameianoite", com Gloria Groove] sugerem uma vibe um pouco diferente de Batidão Tropical, lá atrás. É isso mesmo?
Pabllo Vittar: Diferente do Batidão Tropical, que é um álbum que remete à minha infância, uma coisa mais nostálgica pra mim, esse quinto álbum é um álbum com uma aura mais noturna. O Batidão tem uma aura muito solar, uma coisa assim 'e aí gata, tudo bom?' Nesse novo projeto eu já quero explorar mais esse lugar da noite, como que a gente se comporta na noite, trazer mais à tona minha sexualidade, tô mais explícita nesse álbum, trazendo novas vivências... tô muito ansiosa pra trazer esse trabalho, porque tô nele há um ano, já. Hoje eu recebi ele completo - não finalizado, mas com as pré-mixes - e sabe quando você termina um trabalho e fala 'meu deus, eu não acredito, já terminou!' O mais pesado a gente já fez e tô muito feliz, muito confiante nessa nova sonoridade que a gente vem fazendo.
Rolling Stone Brasil: E com seu trabalho a gente acompanha bem certinho suas eras - como você trabalha isso, como define cada era?
Pabllo Vittar: Não sou eu quem define o conceito, é meu mood que define, sabe? O álbum ia [tomar um caminho] bem diferente do que é agora, mas eu tô muito feliz com o resultado de agora, porque é como estou me sentindo. Eu tô mais confiante. Voltei pra noite, pros meus trabalhos, tenho experimentado muitas coisas na noite, durante a noite, então esse álbum me trraz uma vibe de liberdade - não só sexual, mas liberdade para ser quem você quiser, não só na noite, mas onde você quiser.
Rolling Stone Brasil: E nas duas músicas que você já lançou, chegou com feats - que são uma marca de seu trabalho. Tem algum artista que você ainda não trabalhou, mas quer muito trabalhar?
Pabllo Vittar: Nesse álbum tem muitos artistas que eu quis trabalhar e vai ser a primeira vez que eu tô trabalhando - então as pessoas podem esperar feats bem legais. Quero fazer música com meus amigos, é muito legal chegar a um patamar de fazer música com artistas internacionais enormes, que são referência para mim também, mas trabalhar com nossos amigos é incrível.
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Rolling Stone Brasil: Foi com uma dessas parcerias internacionais, com a Rina Sawayama, que você entrou para a recente lista da Billboard, com 25 músicas do orgulho em 2022. Como é para você tornar-se essa voz do orgulho LGBTQIA+, não só no Brasil, mas também globalmente?
Pabllo Vittar: Pra mim é um orgulho imenso, primeiramente porque sou do Brasil, sou do nordeste, então me sinto muito abençoada, eu acredito muito nessa força positiva que a gente joga pro universo. E é engraçado que desde pequeno eu sempre quis isso, mas não imaginava a proporção, ser uma voz para as outras pessoas. Eu só queria cantar. Mas quando você entende todo o rolê, a importância de poder também dar voz a outras pessoas, isso realmente toca a gente, é muito legal. E poder dar voz a outras pessoas é incrível.
Rolling Stone Brasil: E quando foi que te virou essa chave, que te deu um clique, como: 'agora eu sou uma voz LGBTQIA+ global?'
Pabllo Vittar: [risos] Acho que ainda não caiu esse clique. Porque eu acredito, sei dessa responsabilidade, mas eu levo com muita leveza, sabe? Porque eu não tô sozinho nesse rolê. Como você disse, tem outras vozes, foram 25 [nessa lista]. Imagina quantas pessoas dividem essa função comigo. Me sinto honrada e abençoada de poder chegar aqui e falar pra galera, é muito legal.
Rolling Stone Brasil: Falando do sucesso internacional, qual a diferença entre seu público lá fora e os Vittalovers aqui do Brasil?
Pabllo Vittar: A galera lá de fora ama tudo o que a gente faz, por conta de ser uma produção diferente, de ser um pop diferenciado. Mas eles também não hesitam em falar o que eles acham e também o que eles preferem, que gostam - tanto que pediam música em inglês, aí meus fãs da América Latina: 'Pabllo, queremos una música en español pronto', sabe? Mas aí eu anoto tudo num caderninho e vou fazendo tudo pra todo mundo sorrir. Mas acho que a recepção é muito calorosa, independentemente.
Rolling Stone Brasil: Nessas você lançou "Ama, Sofre Chora" em espanhol, também esse ano, né?!
Pabllo Vittar: Menino, eu gravei essa música há muito tempo atrás, aí fez um ano dessa, que foi o primeiro single do Batidão Tropical, e pra comemorar a gente lançou.
Rolling Stone Brasil: Voltando um pouco para o Brasil, no próximo dia 1º de janeiro você tem um show pra lá de especial, no Festival do Futuro, que é a posse do presidente Lula. Como foi que isso saiu de um sonho para virar realidade - aliás, era um sonho?
Pabllo Vittar: Sim, há muito tempo né?! Nem eu imaginava que isso seria real, mas eu falo sempre que a fé a gente tem muito. Vou estar lá no dia 1º de janeiro de 2023, com vários outros amigos - é para assistir, galera. Vou estar lá com os amigos, homenageando o povo brasileiro, a volta da cultura, a volta da democracia, e tô muito feliz e muito honrada de estar lá.
Rolling Stone Brasil: O show do próximo dia 1º não é a primeira vez que você toca para um chefe de estado. Em 2019 teve também um show para a rainha Elizabeth II...
Pabllo Vittar: Siiim, nossa, tu tá sabendo das coisas [risos]. Nossa, esse dia foi muito legal.
Rolling Stone Brasil: Bate um nervoso?
Pabllo Vittar: Claro! Eu fico 'meu deus!' Dá vontade ir ao banheiro, dá vontade de comer, de beber água, de sair correndo...
Rolling Stone Brasil: O que dá mais nervoso, tocar para um chefe de estado ou para um público do Coachella, como a 1ª drag queen a apresentar-se no festival?
Pabllo Vittar: Tudo dá nervoso! [risos] Só que lá são pessoas que trabalham, que dão seus dias em prol dos direitos humanos, que ajudam, então dá um quentinho no coração. Cantar para os fãs também é ótimo, mas ali era todo um rolê muito sério, né?! Na ONU! Desde pequeno eu sempre ouvia o William Bonner falando: 'na ONU aconteceu...' e, gente, quando eu imaginei que ia estar lá? Foi em 2019 e eu falo que em 2019 aconteceram muitas coisas aleatórias na minha vida, mas boas. E essa foi uma delas.
Rolling Stone Brasil: Ainda falando de política, em 2022 tivemos um fenômeno que começou com você lá no Lollapalooza, que foi o fenômeno das toalhas presidenciais. Como foi isso? Você programa essas coisas quando vai fazer?
Pabllo Vittar: Não, né?! Imagina que no fim do show eu falo 'eu vou pegar aquela toalha que tá ali embaixo e vou sair correndo com ela' [risos]. Aquele show no Lollapalooza foi importante não só pela toalha em si, pelo movimento que causou e pela comoção que a gente conseguiu criar, mas para mim também. Foi um momento da carreira que a gente tava voltando da pandemia e eu tava muito feliz. Então aquele momento ali era a última música, quando eu vi a toalha do paizinho ali, eu fiquei doida, saí correndo e levantando, e de alguma forma fazendo as pessoas sentirem o que eu tava sentindo, que era uma felicidade incondicional ali naquele momento. Então foi um dia muito marcante para mim e eu fico muito feliz que tenha marcado a vida de algumas pessoas positivamente, que é para isso que a gente faz o nosso trabalho.
Rolling Stone Brasil: Também em 2022 ainda tivemos o retorno de seu Halloween, né?!
Pabllo Vittar: Foi. Foi tão lindo poder rever meus fãs nessa festa que comemora não só meu aniversário, mas a gente também pôde ajudar quem estava precisando de nossa ajuda. A gente arrecadou mais de meia tonelada de alimentos e para o próximo ano a gente tá planejando pra deixar essa festa ainda mais inclusiva e maior.
Rolling Stone Brasil: E como estão seus planos para o próximo ano, além desses?
Pabllo Vittar: Para o próximo ano eu tô preparando muito minha cabeça, meu emocional, porque eu sou uma pessoa que eu me emociono muito, eu me entrego muito. Eu já percebi e já entendi que vamos vivendo, vamos curtindo, vivendo todos os dias, e para o próximo ano eu quero isso, step by step. Quero curtir o Carnaval, quero aproveitar esse meu momento lá fora, conehcer novas pessoas, viajar, poder mostrar para vocês esse meu trabalho que tá nascendo, que é o PV5, e tem muita coisa pra vir aí...
Rolling Stone Brasil: Agora chegamos no fim do ano, com algumas retrospectivas de streaming. Como ficou a sua retrospectiva, o que você mais ouviu?
Pabllo Vittar: Nossa, eu escutei esse ano muita música folk, muita Agnes Obel, acho que porque a voz dela me deixa calma, e acho que nesses dias é o que a gente tá precisando, ficar calma. Mas eu escutei muito funk, muito pop brasileiro, amo escutar minhas amigas. Escuto muito k-pop, que todo mundo sabe que eu amo k-pop. Muita música brasileira também...
Rolling Stone Brasil: Algum artista lá em cima?
Pabllo Vittar: O artista que tava lá em cima sou eu, porque eu me escuto muito. Mas logo abaixo de mim tava BLACKPINK, aí tem Agnes Obel e tem funk carioca, que agora eles separam por gênero também... Mas descobri mais de 500 novos gêneros musicais, eu sou uma pessoa muito eclética! Muitas coisas que tão fora do meu nicho também.
Rolling Stone Brasil: O que você ouve que nós não sabemos?
Pabllo Vittar: Gosto muito de hyper pop - os meus fãs não gostam muito, mas eu gosto! Eles falam assim "Pabllo, se você ir pro hyper pop eu rasgo minha carteirinha de Vittalover" [risos]. Gente, não faz isso! Eu gosto muito de eletrônico, de death metal, escuto muito rock.
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