DJ Pedro Sampaio fala sobre o processo criativo do primeiro disco Chama Meu Nome e como gosta de criar músicas para todas as idades
Mariana Rodrigues Publicado em 06/02/2022, às 10h00
É difícil encontrar alguém que nunca ouviu aquela voz de criança no início de alguma música dizendo: “Pe-dro Sam-pai-o.” E, claro, o DJ carioca soube muito bem como aproveitar o nome – que se tornou praticamente um hit – para construir as faixas do primeiro disco da carreira, Chama Meu Nome (2022).
Não importa a idade, onde mora e nem o estilo musical favorito, Pedro Sampaio é para todos – como ele próprio se classificou em entrevista à Rolling Stone Brasil. Por isso, não teve medo de se arriscar no álbum de estreia e convidou artistas de diferentes gêneros para embarcarem na mistura de vozes e melodias que resultaram em um disco dançante, eclético, mas ainda com a cara do DJ.
Anitta, Luisa Sonza, Ferrugem, Zé Vaqueiro… Sampaio conseguiu reunir grandes nomes do cenário musical em uma casa no Rio de Janeiro por duas semanas, de onde – quase que sem querer – surgiu o Chama Meu Nome. “A gente não tinha uma obrigatoriedade de fazer as músicas do álbum. Por acaso, fluiu de uma forma linda, leve e com muita criatividade. Quando acabaram esses 15 dias, olhei para as músicas que a gente tinha feito e falei: ‘Eu tenho meu álbum’,” relembra.
E se é para fugir do tradicional, ele é especialista no assunto. Para finalizar a produção das faixas, Sampaio montou o equipamento ao lado de uma cachoeira, também no Rio de Janeiro, para criar as batidas e a parte harmônica. “Tendo a inspiração daquele ambiente, eu acho que isso, por mais que não esteja explícito na música, as pessoas que vão ouvir, elas sentem de alguma forma,” explica.
Sampaio também levou os sons – e cenários – da natureza para além de apenas inspiração nas faixas. Para divulgação de Chama Meu Nome, o DJ criou o conceito de uma ilha feita inteiramente de computação gráfica, a qual conta com habitantes inusitados, como um cogumelo e um abacaxi falantes, ambos com um sorrisinho muito familiar no rosto.
“Percebi que uma das coisas que chamava mais atenção com meu público era meu sorriso. Desenvolvi essa logo que representa o meu sorriso, que naturalmente é o olho fechado e a boca aberta,” explica. Com um simples desenho, Sampaio incluiu sua marca registrada na identidade visual do álbum de uma forma plural, assim como as músicas.
O artista explica como as canções que produz são feitas para todos os tipos de público e brinca que elas são capazes de animar desde uma festa infantil até mesmo bodas de casamento. Dessa forma, a ideia da carinha sorridente era ter um significado único para cada pessoa, assim como as faixas: “É uma música para todo mundo. Só que cada um tem uma interpretação.”
Apesar de Chama Meu Nome ser o disco de estreia de Sampaio, o DJ tem um currículo repleto de sucessos, um dos quais chegou até o Grammy 2021: o remix de “WAP,” apresentado pela Cardi B e Megan Thee Stallion na premiação. Era inevitável não vibrar ao ouvir o famoso “Pe-dro Sam-pai-o” no meio da performance.
Infelizmente, Sampaio estava dormindo na hora, mas isso não o impediu de comemorar logo em seguida. “Quando tomei consciência de que aquilo era real e realmente estava acontecendo, fiquei muito feliz, não só pelo meu trabalho ter chegado lá, por ter o reconhecimento da Cardi B, mas também por ser fio condutor para o funk chegar no palco do Grammy,” relembra. Apesar da conquista para a música brasileira, o remix de “WAP” foi alvo de críticas e comparações com outros gêneros musicais que o Brasil exportou para o exterior nas últimas décadas.
Para o DJ, já passou da hora desse “preconceito” com o funk ficar no passado. Ele explica que, apesar do debate ser importante, o objetivo agora é produzir conteúdo que desmistifique e valorize o gênero: “Espero conseguir contribuir para quebrar essas barreiras e ajudar quem precisar ser ajudado, dar visibilidade para quem quer que seja do funk. Acho que é um ritmo muito brasileiro, que assina a nossa brasilidade e que tem mais potencial para ser internacionalizado.”
Enquanto para alguns, o funk é um “problema,” para os outros é a solução perfeita, principalmente em período de pandemia. Sampaio explica que havia um certo receio em como o público receberia canções que, muitas vezes, são a trilha sonora de festas, baladas e outras aglomerações as quais ficaram de lado nos últimos anos. No entanto, o DJ aproveitou o momento para tentar “algo novo.”
“Uma das estratégias foi entender o mercado e o que eu poderia fazer de diferente,” revela. Nesse período, Sampaio lançou hits como “Larissa,” que combina trap, rap e funk, e “Fala Mal de Mim,” parceria com Daniel Caon e Wesley Safadão. Apesar de serem novos ritmos, ele reforça como não teve medo de experimentar de tudo e sempre dar um jeito de “ter a minha cara.”
E foi experimentando que, ao longo da carreira, Sampaio deixou de utilizar apenas a voz de outros artistas para transformar o próprio timbre em instrumento. Com ajuda do auto-tune, o DJ passou a interpretar as canções e o que começou como um teste, tornou-se algo essencial para as faixas. E para quem – assim como ele quando era adolescente – sonha em trabalhar com música, Sampaio deixa um conselho: “Se arrisquem, galera.”
Com 11 faixas, Chama Meu Nome está disponível nas principais plataformas de streamings de música, como Spotify, Deezer, Apple Music e YouTube.
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