Com mixagem de James Guthrie, que trabalhou no disco original do Pink Floyd, Animals (2018 Remix) também acompanha nova capa e documentário
Dimitrius Vlahos Publicado em 16/09/2022, às 09h22
Animals (1977), disco histórico do Pink Floyd ganhou novas facetas com relançamento em 2022. A obra, conceitual e musicalmente inovadora, passou por remix - adequando o som às novas tecnologias - e chega ao streaming e lojas nesta sexta, 16. A capa também foi reimaginada, com uma fotografia atual, assinada por Aubrey 'Po' Powell, responsável por ambas as artes. O atraso de quatro anos para a entrega aconteceu pelo já conhecido drama entre os integrantes e gerou certa mística do público em cima do projeto. Mas afinal, Animals realmente precisava de uma nova versão?
A resposta curta é não. O disco de 1977 mais do que cumpriu seu papel. Alçou o grupo britânico a um novo nível e, como David Gilmour descreveu, mostra as letras mais agressivas e diretas do vocalista e baixista Roger Waters (até aquele momento). No entanto, é um material bem trabalhado e, apesar de deixar algumas oportunidades escaparem, deve agradar grande parte dos fãs.
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Assim como o disco de 1977, Animals (2018 Remix) conta com cinco faixas. Para a nova versão, o material original de estúdio foi revistado por James Guthrie, responsável pela produção e masterização de diversos álbuns do Pink Floyd, incluindo Animals. O engenheiro de som e produtor não apenas trouxe o trabalho do quarteto para a tecnologia 5.1 Surround, mas aplicou também seus anos de experiência em uma nova forma de enxergar - ou melhor dizendo, ouvir - as canções.
Com os sons mais bem posicionados, a bateria e os slaps do baixo soam perfeitos e mais destacados em “Pigs (Three Different Ones),” enquanto as declarações de amor de Waters a sua então esposa, Carolyne Christie, estão mais brilhantes em “Pigs on the Wing.”
Sonoramente, as mudanças não são drásticas, como não precisavam ou deveriam ser. Guthrie fez um bom trabalho e não peca por excessos nas alterações de posicionamento dos instrumentos ou ao destacar riffs e efeitos. Fã ou não, vale a pena conferir.
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Animals não esconde suas inspirações em George Orwell, autor de A Fazenda dos Animais. A obra retrata animais antropomórficos, com críticas ao sistema capitalista e a diversos comportamentos humanos.
Além do título do disco e de algumas canções, Waters e companhia levaram a inspiração a outro patamar durante os shows, conforme revelado pelo documentário de Po Powell que acompanha o lançamento de Animals (2018 Remix). Algie - nome do porco inflável na capa - esteve com a banda pela turnê junto de outras figuras infláveis da chamada “família nuclear” - composta por pai, mãe, dois filhos e meio (um dos infláveis era cortado na metade), além de uma geladeira e TV, indicando a vida baseada no consumo. Nos anos 1970, as apresentações do Pink Floyd marcaram a vanguarda de shows teatrais e com grandes cenários - algo comum para artistas pop como Coldplay atualmente.
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A Usina Termelétrica de Battersea é o cenário da icônica capa de Animals. Um símbolo do crescimento desenfreado de Londres, perfeitamente adequado para a mensagem do álbum, combinado à presença ilustre do porco inflável Algie. No documentário, Aubrey Powell explica a criação das duas versões da capa.
Após mais de 40 anos, o cenário passou por algumas transformações. Prédios foram construídos, e foi impossível recriar a imagem pelo mesmo ângulo. Próximo ao rio Tamisa, enquadrando a usina junto a linhas de trem, desta vez com cores mais sombrias e menos alaranjadas, Powell refez a fotografia. Na nova versão, o porco foi inserido digitalmente.
Misturada ao conceito de Animals, a imagem é ressignificada para os tempos atuais, englobando uma realidade, de fato, ainda mais sombria que o período de lançamento do projeto. A nova roupagem é uma adição bem-vinda ao Remix, ainda que a capa original seja um clássico e se mantenha como favorita do público.
Nos comentários no Instagram do Pink Floyd - ainda ativo - não é difícil encontrar reclamações sobre o projeto. Para o público casual, Animals (2018 Remix) não vale o (caro) investimento. O box, que inclui as faixas originais e as remixadas, não traz nenhuma composição inédita, demos descartadas ou versões ao vivo de uma das turnês mais interessantes da banda. Em uma discografia tão cheia de coletâneas e versões de aniversário, o Remix de 2018 deve perder relevância, tendo como destino apenas as prateleiras de colecionadores mais empenhados. Sua versão digital, no entanto, surge como boa alternativa nos streamings de alta-fidelidade.
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