Cantora entende que público pode estar mudando comportamento, mas destaca: há artistas populares na internet que não mobilizam fãs para shows
Igor Miranda Publicado em 17/10/2023, às 08h30
A noção de sucesso no meio musical passou por mudanças nos últimos anos. A internet possibilitou o desenvolvimento de nichos ainda mais específicos e há artistas que conquistaram êxito comercial mesmo sem passar pelas mídias tradicionais ou com apresentações ao vivo recorrentes. Em casos assim, o trabalho é mais focado nas plataformas de streaming e redes sociais.
Na visão de Pitty, isso fez com que até mesmo o jabá — expressão em referência a valores que emissoras de TV ou rádio recebem de gravadoras para tocar músicas de determinados artistas — “mudasse de lugar”, com artistas “comprando um lugar em uma playlist” em alguma plataforma digital. O assunto foi abordado em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
A cantora, inicialmente, falava sobre outro tema: como seu público havia mudado. Segundo ela, há fãs que a acompanham desde o início, mas também há admiradores mais jovens que “chegaram” há pouco tempo.
“Sempre quis isso. Sempre falei para a diversidade. (A música) ‘Máscara’ é sobre isso. Quando eu toco em praça pública, fora das grandes cidades, vejo praças com 40, 50 mil pessoas. Na rua! Vejo crianças, vejo gente da minha idade, mais velha, mais nova. Muitas mulheres, público LGBTQIA+, roqueiros com camisa preta. Não sei se poderia almejar outra coisa. Uma mulher nordestina, artista de rock... Para mim, isso é sucesso.”
Danilo Casaletti, jornalista responsável pela entrevista, perguntou então: “Para você, isso é mais importante do que aparecer em um top 10 de artistas mais tocados atualmente?”. De início, Pitty disse que não iria “fazer juízo de valor” — “cada um que faça o seu” —, mas propôs um debate ao mercado da música de forma geral.
“Uma coisa é você chegar em uma praça e tocar para 50 mil pessoas. Outra, é comprar um lugar em uma playlist. Não se fala sobre isso, mas a gente sabe que o jabá foi mudando de lugar, né? Existem práticas e estratégias de marketing que fazem esses números acontecerem.”
Ainda em sua declaração, Pitty evitou tirar qualquer conclusão a respeito de artistas que têm mais público no ambiente virtual do que em espaços físicos. Porém, não deixou de demonstrar felicidade ao refletir sobre seu próprio caso.
“Eu mesma já vi que alguns desses artistas não conseguem botar nem duas mil pessoas em uma casa de show. O que será isso? Será que as pessoas estão ouvindo mais música em casa? Esse pode ser um comportamento geracional? Pode! Mas, para mim, é muito bom saber que tenho público para me assistir.”
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